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Criminalidade nos Bálcãs

10 de novembro de 2009

Trabalho em conjunto entre UE e países da região traz sucessos na repressão às máfias. Organizações criminosas nasceram das estruturas criadas nos anos 90, antes e durante as guerras nos Bálcãs.

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Anos de guerra ajudaram na proliferação do crimeFoto: AP

Representantes de governos e especialistas debatem em Paris nos dias 12 e 13 de novembro sobre métodos para combater a criminalidade para além das fronteiras. Uma preocupação especial é a região dos Bálcãs.

Na área da antiga Iugoslávia, antes e durante as guerras dos anos 1990, os serviços estatais de espionagem treinaram criminosos comuns, os transformando em assassinos saqueadores. Quando as batalhas cessaram, as quadrilhas continuaram existindo. Tráfico de drogas e de armas, contrabando de mercadorias e tráfico humano, extorsões e prostituição se expandiram da Sérvia até a Croácia, passando por Kosovo, Montenegro, Bósnia-Herzegóvina e Macedônia.

Métodos mafiosos brutais passaram a se tornar normalidade em diversos países do sul da Europa. Em algumas nações, o problema ainda persiste. Em outras, o Estado de direito contra-atacou.

Bálcãs na rota do tráfico

Cerca de 80 toneladas de heroína chegam, por ano, à Europa pelos Bálcãs, vindas dos países produtores de ópio na Ásia Central, através dos centros de produção no Oriente Médio, segundo um estudo feito pelas Nações Unidas.

"Certamente a rota dos Bálcãs desempenha um papel importante no tráfico de drogas. Grande quantidade de heroína continua chegando ao mercado da Europa Ocidental através dos Bálcãs, vinda da Turquia e do Afeganistão, países de produção e cultivo", afirma o comissário Oliver Erdmann, da divisão de repressão a entorpecentes da polícia de Hamburgo.

Drogenkonsum im Iran
Do Oriente Médio, droga chega à UE pelos BálcãsFoto: picture-alliance / dpa

Há dois anos, ele vem prestando assessoria a seus colegas em Sarajevo no âmbito da missão policial da União Europeia. Erdmann está satisfeito. Só neste ano, foram realizadas na capital da Bósnia-Herzegóvina diversas apreensões espetaculares executadas pelas unidades especiais fortemente armadas da Sipa, uma espécie de polícia de investigações bósnia, nas quais foram presas pelo menos duas dezenas de membros de gangues criminosas altamente perigosas.

Ao mesmo tempo, foram presos chefes de máfias regionais, junto com seus colaboradores nas vizinhas Sérvia e Croácia. "Nos últimos tempos, a cooperação internacional melhorou. Há muitos processos em que os Estados vizinhos estão envolvidos e também temos a participação de países da Europa Ocidental. Tivemos um processo que teve a participação de Alemanha, Itália e Eslovênia", afirma.

Primeiros frutos

Essa cooperação, promovida pela União Europeia (UE), é realizada de forma mais efetiva há apenas alguns anos e já dá os primeiros frutos. "A qualificação técnica da polícia é bastante satisfatória. Percebemos um processo lento e um desejo positivo do lado político. Só não podemos pensar que estamos resolvendo o problema da criminalidade. O pensamento geral é que nós o estamos administrando", observa o alemão Tobias Flessenkemper, que presta assessoria à missão policial da UE na Bósnia.

No momento, a cooperação policial e judiciária se estende, na maioria dos casos, à região que envolve Sérvia, Croácia e Bósnia-Herzegóvina. Há pouco tempo, organizadores e o assassino contratado do homicídio de Ivo Pukanic foram formalmente acusados ao mesmo tempo em Belgrado e Zagreb. Pukanic, um editor próximo à máfia, foi supostamente vítima de um poderoso chefe do tráfico de drogas na Holanda, nascido na Sérvia.

Estruturas sociais

O acusado pelo assassinato está em prisão preventiva em Belgrado. Ele teria recebido para o atentado 1,5 milhão de euros das mãos de contratantes desconhecidos. Parte do dinheiro deveria ser empregada no assassinato da ministra da Justiça sérvia, como retaliação por ela ter encaminhado uma lei antimafia. O atentado pôde ser impedido, para alívio do tribunal especial sérvio para criminalidade organizada.

"A investigação está sendo realizada agora na área financeira, não somente para apreender o total ganho pelo criminoso para realizar o crime, como também para checar todo o patrimônio do acusado. Toda a renda será analisada e, se houver uma discrepância entre os ganhos e o patrimônio, será determinado o confisco. A promotoria crê que o patrimônio seja originado do crime", afirma a juíza Maja Kovacevic-Tomic, de Belgrado.

Desde cerca de um ano há notícias de mortos e feridos em pequenas guerras de quadrilhas, paralelamente a notícias de sucessos interregionais da polícia nos Bálcãs. O crime organizado deve estar enfrentando dificuldades por causa da cooperação internacional, avalia a juíza.

"O crime organizado se infiltrou em todas as estruturas da sociedade e por isso é muito difícil investigá-lo. E é também encoberto por parte do Estado, da Justiça e da polícia. A chave para o sucesso são as testemunhas, alguém daquele meio que esteja disposto a falar", diz Kovacevic-Tomic.

Autor: Filip Slavkovic

Revisão: Roselaine Wandscheer