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Consumidor contra-ataca

(ms)3 de novembro de 2003

O excesso de propaganda voltada ao público infantil levou a União dos Centros de Proteção ao Consumidor a lançar uma campanha contra o abuso na publicidade. A população deve aderir à iniciativa.

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Comerciais e mais comerciaisFoto: Bilderbox

A despeito da atual conjuntura econômica, o setor publicitário continua fazendo bons negócios, criando propagandas para o público adulto e infantil. As crianças, aliás, tem se revelado excelentes consumidoras e são importante foco das agências de publicidade.

Estima-se que na Alemanha a garotada com idade entre seis e dezenove anos gaste um total aproximado de 20 milhões de euros por ano. Nos dias de hoje, pelo menos 50% da decisão de compra da família tem influência direta das crianças. Não é sem motivo que este grupo é um lucrativo filão para a propaganda, que bem conhece os veículos preferidos dos jovens: revistas, cartazes, internet, mensagens de texto pelo celular e televisão.

Em média, cada criança assiste a 900 comerciais por mês, inseridos na programação infantil. "A pressão da propaganda é enorme sobre as crianças", afirmou a presidente da União dos Centros de Proteção ao Consumidor (VZBV), Edda Müller, lembrando que a publicidade explora justamente os pontos fracos da garotada, como inexperiência e ingenuidade, para alavancar a comercialização de produtos.

Eiswaffel
Garoto com sorveteFoto: AP

É desta forma, por exemplo, que a indústria alimentícia incrementa suas vendas de doces, chocolates, produtos lácteos adocicados, sorvetes, salgadinhos e outros quitutes dispensáveis. Sob o pretexto de que o produto contém vitamina ou cálcio, e portanto faz bem à saúde, os publicitários escondem que o alto teor calórico é bem maior dos que as vantagens divulgadas.

"Não é por acaso que uma a cada cinco crianças na Alemanha está além do peso normal e que a garotada na faixa entre seis e doze anos gaste a mesada comprando doces", revelou Müller. Isso sem contar com o estímulo ao uso do celular, que acaba gerando contas astronômicas, muito além do orçamento pré-estipulado. Não é raro que os baixinhos acabem contraindo dívidas.

Contra-ataque

Frente a crescente e desenfreada enxurrada de propaganda no universo infantil, a BZBV decidiu contra-atacar, lançando uma campanha nacional de esclarecimento para adultos e crianças. Para isto, foi criada uma página na internet, distribuídos cerca de 700 mil cartões postais e encartados folhetos na revista Stiftung Warentest para que os consumidores se manifestem sobre o assunto e adotem uma posição mais crítica em relação aos comerciais.

A frente contra o abuso do setor publicitário não se restringe a isso. A BZBV já anunciou que irá entrar na Justiça contra uma fabricante americana de sucrilhos que promete doar aparelhos de ginástica para as escolas quando os alunos juntarem um certo número de embalagens. Pelas contas, a BZBV garante que seria mais barato adquirir os aparelhos no mercado convencional.

Menos passividade

Knabbereien beim Fernsehen
Comendo salgadinhos à frente da TVFoto: Bilderbox

Por essas e outras é que os Centros de Proteção ao Consumidor da Alemanha decidiram agir. Com frases do tipo "Propaganda só tem um objetivo: a sua mesada" ou "Você só está olhando ou já está comprando?", a BZBV pretende conscientizar o consumidor mirim, sua família e professores.

Müller frisou que não é contra a publicidade, "mas estamos vivendo uma invasão da propaganda no meio infantil". A BZBV também defende o fim dos intervalos comerciais na programação de TV voltada à garotada e a proibição da propaganda de cigarros nos cinemas.