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Filarmônica do Elba

Dirk Schneider (ca)30 de novembro de 2008

Hamburgo pretendia criar um marco arquitetônico internacional com a construção da nova Filarmônica do Elba. No entanto, com a explosão dos custos, o projeto ameaça se tornar um pesadelo para a cidade.

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Maquete virtual do projeto da Filarmônica do ElbaFoto: dpa - Report

Desde 2005, a Fundação Filarmônica do Elba angaria recursos para o financiamento de uma edificação localizada num cabo do Porto de Hamburgo. Assentada sobre a estrutura revestida de tijolo cerâmico do antigo Armazém do Imperador, de longe poderá ser vista a cobertura ondulada do prédio da Filarmônica do Elba, projetado pelos arquitetos suíços Herzog & de Meuron.

O valor inicial de construção, orçado em 186 milhões de euros, era o que se poderia chamar de um "preço político". Um cálculo baixo, com o qual se iniciou a discussão sobre a exeqüibilidade do projeto. O chamado "preço final", negociado com a construtora Hochtief, ficou estipulado em 241 milhões de euros.

Não se tem mais certeza de nada

Elbphilharmonie Präsentation, Lieben-Seutter
Diretor-geral Lieben-Seutter acreditava na manutenção de prazo de conclusãoFoto: picture-alliance/ dpa

As más notícias começaram a chegar em meados deste ano. A Filarmônica do Elba deveria ser inaugurada em 2010, mas ficara claro, naquele momento, que as obras se prolongariam por pelo menos mais um ano. "Nas últimas semanas, perdemos a certeza de conseguir manter a data de inauguração prevista para setembro de 2010", afirmou Karin von Welck, secretária de Cultura de Hamburgo, em junho último.

Na ocasião, Cristoph Lieber-Seutter, diretor-geral da Filarmônica do Elba, ainda estava otimista quanto ao cronograma da primeira temporada de apresentações. "Adiado não é cancelado. Finalmente, temos uma segurança de planejamento justamente no momento em que o projeto ameaçava degringolar", afirmou Lieber-Seutter.

Hoje, não se fala mais em "segurança de planejamento". Atrações musicais para a temporada 2011/2012 não estão mais sendo agendadas. Ficou claro que, tratando-se de um projeto tão único, nada pode ser previsto com segurança. Uma quantia de 10 milhões de euros foi destinada para imprevistos na construção – na atual situação, uma soma considerada um pouco risível.

Em setembro último, correram boatos de que os custos da construção extrapolariam pelo menos em 100 milhões de euros o orçamento previsto para ser definitivo.

A Ópera de Sidney não é nenhum consolo

Das Opernhaus in Sydney
Ópera de Sidney já não é mais consolo para críticos da filarmônicaFoto: AP

Hoje, ninguém mais duvida de que o custo total final extrapole em muito a barreira dos 300 milhões de euros. Ainda não se sabe, todavia, de onde virá o dinheiro: a prefeitura e a empreiteira Hochtief ainda brigam.

Em Hamburgo, a confiabilidade política do governo está em jogo. Devido às várias regiões carentes na cidade, que poderiam muito bem fazer uso dos recursos investido no projeto, ninguém aceita mais a comparação com a Ópera de Sidney, cuja conclusão foi adiada por oito anos e custou várias vezes o valor do orçamento inicial.

O prefeito em exercício da cidade-Estado, Ole von Beust, já teve que se justificar várias vezes pelo custo de 241 milhões de euros. Como defesa, Von Beust refere-se sempre à qualidade superior da construção, que atrairia muitas pessoas a Hamburgo.

Sinal já enviado

No momento, Von Beust se tornou mais cauteloso. Com a demissão de Hartmut Wegener, presidente da sociedade responsável pela construção da Filarmônica do Elba, o prefeito já tomou, pessoalmente, as primeiras medidas.

Mas, agora, parece não haver mais volta, pois Hamburgo já divulgou que pretende, com a Filarmônica do Elba, criar um marco na arquitetura mundial. Seria muito triste para a cidade se o projeto ficasse conhecido por ter se tornado uma ruína. Nessas alturas, não há mais escolha: a Filarmônica do Elba tem que ficar pronta, custe o que custar.