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Idioma

Agências (ca)3 de dezembro de 2008

Contra a vontade da presidente do partido, Angela Merkel, congresso da União Democrata Cristã (CDU) aprovou moção de complemento da Lei Fundamental que torna o alemão a língua oficial do país.

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Partidos da grande coalizão concordam, em princípio, com o alemão como língua oficialFoto: picture alliance/dpa

No congresso encerrado na última terça-feira (02/12) em Stuttgart, a União Democrata Cristã (CDU) aprovou com grande maioria e contra a vontade de sua presidente, Angela Merkel, moção que visa complementar a Lei Fundamental (Constituição) com a inclusão do alemão como língua oficial do país.

O congresso aprovou a seguinte proposta: "A CDU da Alemanha se engaja pela consagração da língua alemã na Lei Fundamental. Isso deve acontecer através de um complemento ao Artigo 22 da Lei Fundamental com o texto: 'A língua da República Federal da Alemanha é o alemão'".

Em entrevista à rede de televisão RTL, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, declarou que foi contra. "Pessoalmente, não acho bom que tudo seja incluído na Lei Fundamental. Temos propostas quanto à cultura, ao esporte, à questão da família e agora quanto à língua. Devemos prestar atenção para que isso não se inflacione."

Outros setores de maior prioridade

Bundeskanzlerin Angela Merkel spricht am Montag, 1. Dez. 2008, beim CDU Parteitag in Stuttgart. (AP Photo/Matthias Schrader) --- German Chancellor Angela Merkel delivers her speech during the party co
Merkel discordou dos colegas na convenção partidáriaFoto: AP

O Partido Social Democrata (SPD), parceiro da CDU na coalizão de governo, concorda com a moção, mas considera outras propostas mais urgentes. Em Berlim, o presidente do SPD, Peter Struck, afirmou que "concordaríamos, naturalmente, com tal medida. Nada nos impede de definir que a nossa língua é o alemão". Struck declarou, no entanto, que existiriam muitos outros setores de maior prioridade, como os direitos da criança ou o "esporte como importante bem vital".

O presidente do Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), Norbert Lammert (CDU), mencionou o fato de que tal consagração da língua está presente na maioria das constituições dos países-membros da União Européia. Lammert declarou que, se a Alemanha seguir o mesmo exemplo, isso seria uma "mera obviedade" e não teria nada a ver com um patriotismo exacerbado latente.

No congresso da CDU, a proposta de moção foi feita pela representação do estado alemão do Sarre. Peter Müller, governador do estado, afirmou que o partido deve se comprometer claramente com o que "compõe um Estado". Além da bandeira, a língua também estaria inclusa.

Línguas estrangeiras de relevância global

Özdemir Berlin
Cem Oezdemir quer mais aulas de turco nas escolasFoto: AP

Críticas à proposta democrata-cristã partiram principalmente da comunidade turca, de partes do Partido Social Democrata, do Partido Liberal e dos Verdes. O deputado de origem turca Cem Özdemir, recém-eleito líder do Partido Verde, declarou ao jornal Frankfurter Rundschau que "como suábio, eu vou ter agora que falar o alemão padrão?". Por sua vez, a proposta do político do Partido Verde de incentivar cursos de turco em escolas alemães vem provocando reações.

Na última segunda-feira, Özdemir declarara ao jornal Bild que "para crianças que aqui vivem e crescem, o alemão deve ser sempre a língua mais importante". Crianças de histórico migratório, no entanto, deveriam desenvolver seu multilingüismo. "Além de inglês, francês, espanhol e russo, por que não oferecer mais aulas de turco nas escolas alemãs?", afirmou Özdemir.

Prontamente, a CDU reagiu à proposta de Özdemir. Thomas Strobl, secretário-geral dos democrata-cristãos do estado de Baden-Württemberg, explicou que a língua turca "não pertence ao rol das línguas estrangeiras de relevância global".