Conselho Econômico não exclui recessão na Alemanha
14 de novembro de 2001Alemanha terá um crescimento econômico de apenas 0,6% este ano e 1,25% em 2002, prevê o conselho de economistas que assessora o governo alemão. Ele não exclui uma recessão, à medida em que demorar a reativação da economia norte-americana. Em seu relatório anual hoje apresentado, os chamados "cinco sábios" foram bem menos otimistas do que o governo alemão, que reduzira drasticamente suas previsões, , há poucas semanas, apontando taxas de crescimento econômico 0,7% este ano e 1,25%, no próximo.
A situação continuaria sendo "catastrófica" no mercado de trabalho, com aproximadamente 4 milhões de desempregados. Isso, contudo, não justifica programas de apoio à conjuntura. O que os economistas exigiram do governo foi a realização de amplas reformas estruturais.
Previsões incertas - Ao mesmo tempo, o conselho admite a grande incerteza que cerca qualquer prognóstico econômico atualmente, diante de grandes incógnitas como os atentados terroristas e a desaceleração da conjuntura nos EUA. Caso ela prossiga, o PIB alemão poderia, no pior dos casos, ter um crescimento negativo de 0,5%, hipótese, contudo, considerada improvável.
A situação não é considerada tão grave a ponto de justificar um programa para reativar a conjuntura ou a antecipação das próximas fases da reforma fiscal, previstas para 2003 e 2005. Pelo contrário, a recomendação é que se é mantenha a política de estabilização do orçamento público, iniciada pelo ministro das Finanças, Hans Eichel. Nesse sentido, os "cinco sábios" foram contra as exigências da oposição e alguns institutos econômicos. Somente um crescimento negativo de 0,75% num trimestre justificaria medidas para que consumidores e investidores recuperassem a confiança no futuro, como por exemplo, uma diminuição temporária de 10% das alíquotas do imposto de renda.
Falhas no combate ao desemprego - A avaliação que o conselho fez da política econômica do governo Schröder é diferenciada. Por um lado, elogiou a reforma tributária, mas considera mínimo o alívio da carga fiscal, praticamente anulado pelo aumento dos preços, provocado pela alta do petróleo e da carne. Como a previsão é de que a inflação diminua consideravelmente em 2002, a reforma fiscal poderá ter um efeito retardado, com os consumidores dispondo de 1% a mais de renda para gastar.
As críticas dos "cinco sábios" voltam-se principalmente contra a política para o mercado de trabalho. Eles contam com 3,96 milhões de desempregados em 2002, com o que o índice de desemprego subiria a 9,7%. "A política fez muito pouco este ano, no que se refere à necessidade de flexibilização do mercado de trabalho", aprecia o relatório, exigindo, principalmente, o afrouxamento dos contratos coletivos de trabalho. Novamente os assessores econômicos do governo alemão recomendaram moderação nas negociações salariais. Essa tendência positiva dos últimos anos, segundo eles, deve reverter-se, a longo prazo, em mais empregos.
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