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Conferência sobre o Afeganistão na reta final

Marion Andrea Strüssmann4 de dezembro de 2001

Tudo indica que as quatro delegações afegãs reunidas no palácio de Petersberg, em Bonn, deverão encerrar na quarta-feira as negociações apresentando o novo gabinete e o acordo sobre o governo de transição.

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Ahmad Fawzi, representante especial das Nações Unidas, conferência em Bonn.Foto: AP

A conferência sobre o futuro político do Afeganistão, que está sendo realizada no palácio de Petersberg, em Bonn, parece ter recuperado o vigor após uma bem sucedida intervenção alemã em Cabul. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Joschka Fischer, manteve contato telefônico com o atual presidente do Afeganistão, Burhanuddin Rabbani, reconhecido pela ONU, para pedir que ele não interfira nas negociações entre os representantes das quatro delegações afegãs.

Fischer esclareceu ainda que todos almejam um encerramento satisfatório desta reunião, que já se alastra por oito dias. Rabbani havia anunciado, na segunda-feira, que não reconheceria a lista de candidatos, apresentada pelas delegações, ao cargo de presidente interino no governo provisório no Afeganistão. Após o diálogo com Fischer, entretanto, ele reavaliou sua posição e disse que não faria mais qualquer oposição.

Com o caminho livre para o planejamento do novo governo, o problema agora é chegar a um consenso quanto à distribuição de cargos e incumbências. Os participantes têm agora a difícil tarefa de escolher os 29 integrantes do novo gabinete e o novo presidente afegão. A lista de sugestões engloba 150 nomes. A Organização das Nações Unidas já anunciou que pretende desempenhar o papel de mediador na questão, com o objetivo de agilizar o encerramento da reunião, previsto para amanhã, quarta-feira.

Antes da cerimônia de encerramento, que contará com a presença de Joschka Fischer, as delegações deverão apresentar um acordo final, definindo a composição e a atuação do governo de transição. A primeira versão do documento já está pronta, faltando incluir apenas os últimos detalhes e a assinatura dos representantes. Um dos acertos prevê o envio de tropas de paz internacionais ao Afeganistão, sob o comando da ONU.

Governo assume imediatamente

Assim que for definido, o gabinete provisório deverá assumir imediatamente o poder, que atualmente se encontra nas mãos da Aliança do Norte. O período previsto de transição é de dois anos, tempo estimado para a consolidação de uma nova ordem política no Afeganistão, que durante anos viveu sob a opressão do regime talibã.

O nome mais cotado para assumir a presidência continua sendo o líder da etnia pachtun, Sajed Hamid Karsai, que não participa da conferência em Bonn, mas tem a preferência da ONU e dos países ocidentais. Outro candidato bastante cotado é Abdul Sattar Sirat, chefe da delegação do chamado grupo de Roma, ligado à monarquia, que goza do apoio da Aliança do Norte.

Reconhecido pela ONU

O governo de transição do Afeganistão será reconhecido imediatamente pela Organização das Nações Unidas, segundo informaram os delegados da ONU presentes à reunião no palácio de Petersberg, perto de Bonn. Isto significa também que, tão logo o novo presidente seja anunciado, o atual presidente da Aliança do Norte, Burhanuddin Rabbani, deixará de ser reconhecido como tal pela ONU.

Novas relações com a Alemanha

A Alemanha pretende incrementar as relações bilaterais entre os dois países tão logo o novo governo afegão assuma o poder, segundo anunciou Hans Joachim Doerr, encarregado especial para assuntos do Afeganistão no Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. Ele também não descartou a possibilidade de o país abrir uma representação diplomática em Cabul.