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Meio ambiente como força econômica

Agências (av)11 de dezembro de 2008

Ecoando as palavras do ministro alemão do Meio Ambiente, secretário-geral da ONU delineia futuro de novos empregos e crescimento "verdes". E cita o Brasil como "uma das economias mais ecológicas do mundo".

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Cartaz da conferência climáticaFoto: DW / Böhme

O ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, lembrou os participantes da conferência climática em Poznan, Polônia, que a crise financeira não pode ser pretexto para que se ignore a responsabilidade em relação ao clima global. "Os icebergs não deixarão de se derreter porque banqueiros perderam bilhões de dólares em especulações", comentou nesta quinta-feira (11/12), diante de delegados de mais de 190 países.

Em contrapartida, investimentos no meio ambiente poderiam "criar milhões de novos postos de trabalho e crescimento duradouro", declarou Gabriel. Ele ressaltou a meta da Alemanha de, até 2020, reduzir em 40% suas emissões de dióxido de carbono (CO2). Segundo o ministro, além dos benefícios ao meio ambiente, isso significará uma economia de 17 bilhões de euros em importação de energia, assim como a criação de 500 mil novos empregos.

Importância de Bruxelas

Posen Proteste Polen
Encontro em Poznan foi acompanhado por protestosFoto: Henrik Böhme

Tendo em vista os debates da atual cúpula da União Européia em Bruxelas, Gabriel desaconselhou os chefes de Estado e governo lá reunidos a colocar em questão o sistema de comércio de emissões de CO2 que está sendo elaborado. "As decisões da UE – e também de meu país – sobre o pacote climático europeu não podem ser fracas demais", insistiu.

O ministro vê na questão do financiamento o maior obstáculo aos avanços na proteção ao clima, e apenas um forte sistema de comércio de emissões poderia garantir as verbas necessárias. Gabriel é também a favor de que se atendam as exigências das nações emergentes de mais dinheiro para o chamado "fundo de adaptação" às conseqüências das mudanças climáticas.

Gabriel defendeu o programa conjuntural alemão de apoio à indústria automobilística. "Se apoiamos a indústria de automóveis, não é para os carros de ontem, mas sim para os de amanhã, com muito menor consumo de combustível e menor emissão de gases." O ministro conclamou as nações industrializadas a aceitarem os estudos científicos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e deixarem de discutir sobre detalhes.

Respiração presa

O senador democrata norte-americano John Kerry também apresentou-se em Poznan, a serviço do futuro presidente dos EUA, Barack Obama, a quem relatará diretamente sobre a conferência. Aos jornalistas presentes, Kerry classificou o aumento continuado das emissões de gases-estufa como "não apenas inaceitável, mas catastrófico em suas conseqüências".

O democrata evocou expressamente as indicações do IPCC, segundo as quais as emissões de CO2 em todo o mundo deverão ter-se reduzido à metade até 2050. Entretanto, seu país só assinará um futuro acordo climático mundial caso este inclua países como a China, ressalvou Kerry. Segundo ele, os chineses já teriam superado os estadunidenses como maiores produtores de gases-estufa, e o Japão e a Índia estariam seguindo os EUA de perto.

O senador citou a UE como parceiro insubstituível no tocante à proteção do clima global, que poderia cooperar como os EUA em diversos setores. "Creio que a Europa esperava de respiração presa pelo tempo em que pudesse iniciar uma parceria com alguém."

Brasil, China e Índia como exemplos

Deutschland Atom Endlager Asse Sigmar Gabriel
Ministro Sigmar GabrielFoto: AP

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, confirmou nesta quinta-feira na Polônia a importância dos europeus na proteção do clima: "Esperamos que a UE assuma um papel pioneiro". Ele se pronunciou ainda por um Green New Deal, "um acordo que funcione em todas as nações, tanto ricas quanto pobres".

"Investimentos que sirvam à luta contra a mudança do clima criam milhões de empregos 'verdes' e promovem crescimento 'verde'. Do que precisamos hoje é liderança. Observamos a liderança da União Européia: as soluções que os líderes europeus discutem atualmente em Bruxelas têm conseqüências significativas para todo o mundo. Observamos a liderança dos Estados Unidos."

Ban Ki-moon identificou "muitos movimentos encorajadores" por toda a parte. "A China, em seu programa conjuntural, aposta em grande parte em combustíveis renováveis, proteção ambiental e economia energética. O Brasil construiu uma das economias mais ecológicas do mundo, e no processo produziu milhões de empregos. A Índia iniciou um plano nacional contra a mudança climática. Este plano nos mostra o caminho para as fontes energéticas sustentáveis, como a solar."

"Este é o caminho do futuro. Um futuro que todos temos que trilhar", concluiu o secretário-geral da ONU em Poznan.