1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Como era espiar por cima do Muro de Berlim?

Dagmar Breitenbach av
11 de agosto de 2017

Mostra "Beyond the Wall" permite ter ideia do que se via ao olhar por cima da barreira que dividia lado ocidental do oriental. Artista transportou para painéis de três metros de altura imagens registradas nos anos 1980.

https://p.dw.com/p/2i5ti
Instalação Beyond the Wall, em Berlim
Instalação "Beyond the Wall" fica em cartaz até 9 de novembroFoto: Reuters/H.Hanschke

Com sua instalação ao ar livre Beyond the Wall (Além do Muro) o videoartista e cineasta teuto-americano Stefan Roloff quis dar uma ideia de como era espiar por cima do Muro de Berlim na década de 1980, através da assim chamada "terra de ninguém" e pela Alemanha Oriental comunista adentro.

Diante do mais longo trecho preservado do Muro, num total de 229 metros, ele dispôs gigantescos stills cinematográficos. As imagens, que incluem silhuetas de alemães-orientais que testemunharam a ditadura socialista, foram reproduzidos a partir de vídeos que Roloff registrou na época.

Apesar de já estar visível para os passantes, a exposição será inaugurada oficialmente neste domingo (13/08), permanecendo até 9 de novembro. Essas datas não foram escolhidas ao acaso, mas marcam o início das obras do Muro, em 13 de agosto de 1961, e sua histórica queda, em 9 de novembro de 1989.

Artista Stefan Roloff
O artista Stefan Roloff filmou cenas da antiga Alemanha Oriental nos anos 1980Foto: Reuters/H.Hanschke

Visão de uma máquina de morte

Em 1984, Roloff filmou a partir de Berlim Ocidental alemães-orientais na fronteira. Anos mais tarde, depois da queda do Muro, ele conversou com 79 testemunhas da época, para obter uma visão mais profunda da vida atrás da Cortina de Ferro.

"Eu sempre lembrava desses vídeos. Tem coisas que a gente nunca esquece, e a situação era muito intensa", comenta o cineasta, de 64 anos. Assistindo-os novamente, afirma: "Você lembra como era, até como estava o tempo, como você se sentia."

Roloff, também responsável por alguns dos grafites originais do lado oeste do Muro de Berlim, diz ter ficado feliz pela oportunidade de exibir imagens de "como este lugar realmente era, que horrível máquina de morte, as cercas elétricas, os holofotes, os pastores-alemães e guardas armados, tudo o que ficava confinado nessa faixa entre os dois muros".

Hoje em dia as pessoas não têm noção de como era a metrópole dividida, comenta Roloff, criticando o fato de uma porção tão grande do Muro ter sido demolida. Assim, alguns que hoje veem os trechos remanescentes comentam que nem parece tão ruim assim, diz.

Foi necessário um ano e meio para desenvolver a técnica de ampliação adequada a "Beyond The Wall"
Foi necessário um ano e meio para desenvolver a técnica de ampliação adequada para a instalaçãoFoto: Reuters/H.Hanschke

Nas costas da East Side Gallery

Preparar as imagens para a instalação não foi tarefa fácil, lembra Roloff, que também é pintor: "O desafio era ampliar stills de um vídeo feito nos anos 1980 até três metros de altura."

Ele e seu gráfico levaram um ano e meio para desenvolver uma técnica que confere às imagens uma aparência de pintura. "Você não vai ver pixels, todas as linhas são 100% nítidas, mas parece uma pintura. Quando você se afasta, aí parece uma imagem fotorrealista."

A instalação Beyond the Wall está montada na assim chamada West Side Gallery. Trata-se da parte posterior – não decorada e de frente para o rio Spree – da famosa East Side Gallery, a maior galeria de arte a céu aberto do mundo.

Em 1990, esse trecho de 1.316 metros de extensão do Muro de Berlim foi disponibilizado a diferentes street artists internacionais – inclusive do Brasil –, resultando numa mostra que atrai milhões de visitantes a cada ano.