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Direitos humanos

Nick Amies (ca)4 de agosto de 2008

Atletas podem e devem ter atitude política? Em meio a um crescente debate sobre direitos humanos às vésperas da abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, DW-WORLD.DE conversou com a Federação Alemã de Esportes Olímpicos.

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Inauguração da Vila Olímpica em PequimFoto: picture-alliance/ dpa

No último final de semana, o presidente do Parlamento Europeu, Hans-Gert Pöttering, convocou atletas rumo a Pequim a protestar contra as violações dos direitos humanos no Tibete. "Cada atleta pode dar um sinal a seu próprio modo. Nenhuma autoridade poderá impedi-lo", acresceu Pöttering, salientando que o amor pelo esporte e pelos Jogos Olímpicos não é desculpa para "embaçar nossa visão" dos direitos humanos.

Köhler verabschiedet deutsche Olympiamannschaft
Presidente alemão Köhler com atletas olímpicos: esporte e políticaFoto: picture-alliance/dpa

Com o slogan "Somos todos chineses", nove atletas olímpicos alemães posaram de uniforme para uma revista de Munique, segurando no rosto máscaras com fotos de dissidentes chineses.

Devido a sua atitude perante a situação na China e às regras impostas por alguns deles aos atletas que vão a Pequim, muitos dos Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) têm sido criticados por grupos ativistas de direitos humanos.

Em meio à intensificação do debate sobre liberdade de imprensa e abusos aos direitos humanos no contexto dos Jogos Olímpicos de Pequim, DW-WORLD.DE conversou com Michael Schirp, chefe do departamento de imprensa da Federação Alemã de Esportes Olímpicos (DOSB).

DW-WORLD.DE: A Anistia Internacional (AI) conclamou o DOSB a esclarecer suas regras para protestos políticos por parte de atletas. O DOSB tomou alguma atitude a esse respeito ou acredita que as regras estão claras?

Michael Schirp: O DOSB afirma que as regras foram esclarecidas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Na Alemanha, o DOSB explicou as regras tanto em público como no site interno da equipe olímpica alemã.

Geralmente, os atletas estão livres para falar o que pensam, seja dentro ou fora das localidades olímpicas. Eles podem expressar suas opiniões em coletivas de imprensa ou mesmo nas zonas mistas [áreas destinadas a facilitar o contato entre os atletas e a mídia], na "Casa da Alemanha" ou em qualquer outro lugar.

De acordo com o estatuto do COI, somente um tema é proibido: mostrar símbolos, bandeiras, braceletes, broches, faixas com conteúdo político, racial, étnico ou religioso, e propaganda, se usados nas áreas onde é necessário credenciamento, como nas instalações olímpicas.

À exceção disto, a Anistia Internacional e o DOSB trabalham juntos na questão de direitos humanos desde maio de 2007.

A Anistia Internacional criticou o DOSB por dizer que o uso de munhequeiras (como as faixas da AI com os dizeres "Ouro pelos direitos humanos" ou as dos atletas alemães com "Esportes pelos direitos humanos") é proibido por conter declarações políticas. Ainda existe esta regra? Qual é a definição do DOSB de declaração política?

Praesentation der offiziellen Bekleidung der deutschen Mannschaft fuer die Spiele der XXIX Olympiade in Peking am 30.04.2008 in Duesseldorf
Uniforme da equipe alemã para PequimFoto: picture-alliance / dpa

Eu chamaria atenção para minha primeira resposta. Isto não se limita aos Jogos Olímpicos, mas vale para qualquer grande evento esportivo. Se todos os conflitos políticos, religiosos ou étnicos no mundo fossem levados a eventos esportivos, o peso de tais declarações acabaria sendo marginalizado. O mais importante, no entanto, é manter tais conflitos fora do evento propriamente dito.

O esporte deve criar pontes e não erguer muros. Os Jogos Olímpicos são a única ocasião onde 205 CONs e os países que representam se encontram para uma competição pacífica.

Quais são as diretrizes do DOSB quanto às punições para atletas que fizerem declarações políticas ou participarem de protestos em Pequim?

Não temos nenhuma. Temos certeza de que os atletas estão conscientes de sua responsabilidade e possuem uma opinião formada sobre os direitos humanos na China. Eles encontrarão maneiras de expressá-las, se desejarem, ou não, o que também deve ser respeitado como sua livre vontade.

Depois das batidas chinesas no Tibete, nem o COI nem o DOSB comentaram a situação dos direitos humanos na China. A crise no Tibete forçou os comitês olímpicos a aceitar o fato de que a China teria problemas com direitos humanos?

Para ser curto e grosso, isto é um erro. Antes do Tibete, a mídia não estava interessada em organizações esportivas que lidassem com o assunto. Foi em maio de 2007, quase um ano antes dos incidentes no Tibete, que o DOSB publicou uma declaração sobre os direitos humanos na China. Na época, foi algo único.

Afirmamos claramente que consideramos a situação insatisfatória. Mas somos uma organização esportiva e não podemos solucionar os problemas que a ONU e outros órgãos não puderam solucionar em 50 anos. Esporte é comunicação, não isolamento. Nós repetimos isso durante a Páscoa de 2008 e insistimos para que as partes envolvidas no Tibete parassem com a violência e o derramamento de sangue. Isso foi tudo publicado.

A Anistia Internacional disse que teve reuniões com o DOSB para discutir os direitos humanos. Qual foi o resultado destes encontros com a AI?

Isto foi só o começo. A cooperação com a Anistia Internacional, com o Human Rights Watch e com os encarregados de direitos humanos do governo alemão continua. Todos os três se encontraram com os chefes de equipe, a fim de transmitir suas informações à equipe olímpica. O site interno da equipe reúne todas essas informações. Além disso, todo atleta alemão que for a Pequim leva consigo material destas organizações de direitos humanos e da ONU.

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