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Começou a grande ofensiva contra o Iraque

20 de março de 2003

Segundo a agência de notícias AP, as tropas americanas e britânicas puseram-se em marcha, na noite de hoje, invadindo o sul do Iraque.

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Fogo e fumaça nos céus de Bagdá, na noite desta quinta-feiraFoto: AP

Na noite de hoje, o centro de Bagdá foi abalado por enormes explosões causadas pela segunda onda de bombardeio com mísseis americanos. Também no sul do Iraque, inúmeros morteiros foram disparados contra alvos militares iraquianos, antes que os soldados americanos e britânicos se pusessem em marcha para a invasão do território inimigo.

Antes disto, o Iraque tinha atacado as tropas americanas no Kuwait com vários mísseis, sem causar aparentemente grandes danos. A resposta americana veio com o disparo de mais de cem morteiros pela 3ª Divisão de Infantaria, assim como através do contra-ataque com mísseis de ogivas múltiplas.

Saddam foi o primeiro alvo

Na manhã desta quinta-feira, os EUA tinham bombardeado exclusivamente alvos em Bagdá, nos quais supunham a presença de Saddam Hussein. O ministro iraquiano da Informação, Sajid el Sahhaf, afirmou posteriormente que Saddam escapou ileso aos ataques.

A televisão iraquiana transmitiu pouco depois um pronunciamento do ditador. Como o discurso de Saddam não fazia qualquer referência detalhada ao bombardeio, surgiram especulações de que teria sido gravado anteriormente, o que levantou suspeitas de que o ataque americano possa ter logrado seu objetivo.

Primeira resposta iraquiana

Enquanto as Forças Armadas americanas dispararam dezenas de mísseis em direção a Bagdá, o Iraque contra-atacou com apenas dois contra o Kuwait. Menos de uma hora e meia após o fim do prazo fixado no ultimato do presidente George W. Bush, as Forças Armadas americanas deram início à guerra no Iraque. As sirenes em Bagdá começaram a soar às 5h35 locais.

A primeira onda de mísseis visou alvos na periferia de Bagdá. As ruas da capital iraquiana estavam vazias. O segundo ataque provocou no sudeste da cidade uma enorme bola de fogo, com fumaça negra. Novos bombardeios seguiram-se. Segundo fontes militares americanas, os disparos partiram de quatro navios e dois submarinos.

Turquia abriu agora o espaço aéreo

2. Abstimmung im türkischen Parlament über Stationierung von US-Truppen
O Parlamento turco abriu o espaço aéreo aos Estados UnidosFoto: AP

Nas três primeiras saraivadas, 40 mísseis Tomahawk sobrevoaram a Arábia Saudita em direção ao Iraque, uma vez que o espaço aéreo da Turquia ainda não estava liberado. O parlamento turco discutiu e aprovou nesta quinta-feira um segundo projeto de moção do governo neste sentido.

Segundo a emissora de tevê russa ORT, o Ministério da Informação do Iraque teria anunciado dez mortos como vítimas das primeiras bombas. Bagdá afirma que os mísseis atingiram a emissora estatal de tevê via satélite, uma repartição da alfândega e algumas lojas.

O jornal Washington Post noticiou que a CIA teria informações de onde Saddam Hussein passou a noite e que mísseis foram disparados para o endereço. O Pentágono confirmou o ataque. A tentativa de provocar um vazio de poder no Iraque contou ainda com o envio de aviões invisíveis F-117, que despejaram quatro bombas capazes de perfurar paredes de abrigos subterrâneos. A missão parece ter fracassado, pois pouco depois Saddam Hussein apareceu em pronunciamento na tevê iraquiana. Mesmo assim não há certeza de tratar-se de uma transmissão ao vivo.

Kuwait

– O Pentágono esclareceu que as ações iniciais visaram sobretudo preparar o campo de batalha. O governo britânico igualmente afirmou que a "campanha principal" ainda não começou. Embora, segundo a tevê árabe Al Jazeera, as sirenes de alarme também tenham soado em Mossul, no norte do Iraque, não há notícias de que qualquer míssil tenha sido dirigido para alvos fora de Bagdá.

Britische Soldaten der RAF warten mit ABC-Masken in einem Schutzraum in Kuwait
Soldados britânicos no Kuwait: equipados contra eventuais ataques com gásFoto: AP

A agência Reuters noticia entretanto ter havido o disparo de pelo menos 50 tiros a partir do Kuwait contra posições no Iraque. No único contra-ataque iraquiano pela manhã, dois mísseis tiveram o Kuwait como alvo, mas um deles teria sido destruído ainda no ar por um projétil Patriot. Cerca de 200 mil soldados americanos e britânicos estão estacionados no pequeno país ao sul do Iraque à espera de ordens para invadi-lo. De acordo com a CNN, uma primeira unidade especial já atravessou a fronteira em operação de reconhecimento, para preparar o terreno para a marcha do Exército.

Reações

– Em Berlim, o governo alemão reagiu com "grande preocupação e consternação" ao início da guerra. Segundo o porta-voz Béla Anda, o chanceler federal Gerhard Schröder espera "que todas as partes envolvidas nos combates façam de tudo para evitar vítimas entre a população civil" e renunciem ao uso de armas de extermínio. Já o governo francês declarou desejar "o fim mais rápido possível" da guerra. O comunicado oficial evita criticar os EUA e seus aliados. Em Pequim, o governo chinês exigiu o fim imediato das hostilidades e a retomada dos esforços mundiais por uma solução pacífica.

Afeganistão

– Em paralelo ao ataque no Iraque, os Estados Unidos deram início a uma nova ofensiva contra extremistas islâmicos no sul do Afeganistão. Procurado pelos EUA, o líder talibã Mulá Omar conclamou os iraquianos a uma guerra santa contra a maior potência do planeta. Cerca de mil soldados americanos participam da missão nas montanhas fronteiriças ao Paquistão. É a maior mobilização militar no Afeganistão desde a Operação Anaconda, há um ano. Observadores acreditam que seu objetivo é intimidar eventuais atentados como reação à guerra no Iraque.