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Comércio online cresce

Vera Möller-Holtkamp (as)4 de julho de 2007

A internet é o canal de vendas que mais cresce na Alemanha, mas nem todos saem ganhando com essa situação. E há ainda o risco de cair num golpe eletrônico.

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Site de leilões Ebay foi centro de um escândalo na AlemanhaFoto: picture-alliance / dpa

Os números do mercado de internet na Alemanha crescem no ritmo acelerado do slogan da versão local do Ebay: "Eins, zwei, drei meins", ou "Um, dois, três, meu!" em português. O site de leilões já soma mais de 20 milhões de usuários no país. A tendência é de crescimento.

Ao todo, consumidores alemães gastaram no ano passado mais de 15,3 bilhões de euros em produtos e serviços oferecidos pela internet, uma alta de 18% em relação ao ano anterior. Os números são de uma pesquisa da empresa de estudos de mercado GfK.

Os maiores crescimentos foram registrados nas vendas de produtos e serviços de alto valor agregado, como eletrodomésticos, eletrônicos e viagens. Na Alemanha, quase um terço de todas as passagens e ingressos para eventos foram emitidos no mundo virtual. E os usuários são de grupos cada vez mais variados.

Há poucos anos, eles eram principalmente jovens com um bom emprego e uma boa formação – ou seja, a geração que cresceu com a internet. Mas, nos últimos meses, analistas de mercado detectaram uma maior participação de outra faixa etária: a das pessoas com mais de 50 anos, chamados na Alemanha de silversurfers.

Marcas de referência

Rentner mit Laptop
Pessoas acima de 50 anos navegam cada vez maisFoto: Bilderbox

Mas as pessoas não compram em qualquer lugar virtual: a internet criou suas próprias marcas de referência. No oceano de opções da web, Amazon e Ebay se cristalizaram como os principais nomes. Mas também tradicionais lojas do mundo real estão lucrando forte: Neckermann, Otto Versand, Quelle e Tchibo dominam o mercado online de não-alimentos (non-food) na Alemanha, com uma participação de dois terços.

Entre as principais vantagens da internet está a facilidade na escolha da oferta mais em conta. Com alguns cliques, o consumidor pode comparar preços e fazer sua escolha: os produtos são entregues na porta de casa. E não é necessário consultar todos os sites de venda para fazer sua pesquisa de preços. Sites especializados se dedicam a essa tarefa.

"Um único cliente não está em condições de fazer uma comparação confiável", afirma Tobias Ossig, fundador do site Preis.de, uma das 15 plataformas em alemão especializadas na comparação sistemática e profissional de preços no mundo online. "As pessoas se informam conosco antes de comprar. Com isso, elas conseguem preços melhores do que em sites aparentemente baratos", avalia.

Golpe online

Mas o mercado na internet também tem seus golpes, como mostrou o recente escândalo envolvendo o Ebay. Algumas pessoas ofereceram no site artigos a preços baixos com a intenção de obter avaliações positivas dos compradores. Para os demais usuários do Ebay, um sinal de que os negócios fluiram bem. Depois veio a oferta de artigos caros, como computadores, celulares e câmeras digitais, com a exigência de depósito de parte do valor da mercadoria. O resultado é previsível: os clientes que depositaram o dinheiro não receberam o produto.

São casos isolados, mas eles mostram como a internet se presta para enganar as pessoas. O contador Gunnar Kauffmann, assessor do Ebay para questões fiscais, se mostra surpreso que o sistema conhecido no Brasil como Mercado Pago não seja usado com mais freqüência.

Por esse sistema, o dinheiro é depositado numa conta intermediária. O vendedor é informado sobre o depósito do dinheiro e só então envia a mercadoria. Quando a mercadoria chega ao comprador, o vendedor recebe o dinheiro. O serviço tem um custo extra, mas não oferece riscos, garante Kauffmann.

Pirataria de música

Internet-Buchhändler Amazon
Centro de distribuição da Amazon na AlemanhaFoto: dpa

Mas esses prejuízos não são nada perto das perdas registradas pela indústria fonográfica – e isso apesar das vendas crescentes de música online. Em 2006, o faturamento do segmento caiu 2,4%, para 1,7 bilhão de euros, na comparação com o ano anterior. Ao mesmo tempo, os negócios com download cresceram 40% e movimentaram 42 milhões de euros. Ainda assim, a associação das gravadoras estima que, para cada música vendida na internet, 14 são pirateadas.

Como conseqüência, a indústria está adotando atitudes cada vez mais rígidas: desde o começo do ano, mais de 25 mil multas foram aplicadas contra usuários que copiaram ou disponibilizaram música de maneira ilegal na rede mundial de computadores. Cerca de 90 investigadores foram contratados pelas gravadoras para localizar pessoas que estejam oferecendo arquivos com músicas de forma ilegal.

Quem sai perdendo

O crescimento do mundo online também é negativo para a mídia impressa e a televisão, que sobrevivem graças à venda de anúncios e vêem as verbas publicitárias serem desviadas para a internet. Isso acontece porque principalmente os jovens gastam cada vez mais tempo diante do computador do que vendo televisão ou lendo jornais.

Segundo dados da Associação Nacional da Economia Digital, o volume de publicidade online na Alemanha cresceu 84% em 2006, chegando a 2 bilhões de euros. Para as outras mídias, o crescimento ficou em torno de 5%.

Para o filatelista Torsten Hornung, o comércio na internet é comparável a um enorme navio de cruzeiro. "Eu me ajeitei na área com sol, mas é claro que também há cantos escuros e menos bonitos."

Hornung, que comercializa selos e moedas, comandava em 1995 uma loja – real – em Wiesbaden. O negócio, que tem nele o representante da terceira geração da família, dava prejuízo. Desde que ingressou na internet, as vendas florescem.

O futuro de lojas tradicionais

Conhecimentos do meio, garantia de qualidade e produtos únicos são a receita do sucesso de Hornung. O seu exemplo mostra como uma tradicional empresa familiar pode ser bem-sucedida na transição para a idade da internet: em vez de uma pequena loja local, o comércio global da web.

"Em pontos comerciais de primeira linha, como a Kurfürstendamm em Berlim e a Königsallee em Düsseldorf, não há mais filatelistas", comenta Hornung. Ainda assim, o setor movimenta 1 bilhão de euros por ano na Alemanha.

Os que não se interessam por selos não devem ter percebido a migração para o meio online. Mas o que aconteceria se as lojas de eletrônicos, as agências de viagem e os jornais também passassem completamente para a internet? No ritmo acelerado das mudanças, fica pouco tempo para pensar nas conseqüências que isso traria para a vida nas cidades.