1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Comércio justo em franca expansão na Alemanha

28 de abril de 2012

Concedido inicialmente ao café produzido pelos critérios de comércio justo, selo "fair trade" já é encontrado em grande leque de produtos, incluindo móveis. Na Alemanha, o setor encontra-se em acelerado crescimento.

https://p.dw.com/p/14knP
Foto: DW

Dieter Overath, diretor da TransFair na Alemanha, conta orgulhoso: "O faturamento dos produtos vendidos e comprados segundo critérios de comércio justo na Alemanha é hoje oito vezes maior que em 2002". O setor registrou um faturamento de 400 milhões de euros em 2011, um crescimento de 18% em relação ao ano anterior. E Overath está certo de que essa tendência irá continuar. "Acho que neste ano chegaremos ao meio bilhão de euros", diz.

Muita confiança por parte do consumidor

Há diversas razões para o grande crescimento do setor. Primeiro, uma presença maior de mercadorias fair trade nos supermercados do país. Nos últimos anos, além de café, chocolate e banana, as rosas comercializadas sob os critérios fair trade encontraram grande aceitação pelos consumidores, atingindo, somente cinco anos após sua introdução no país, uma parcela de quase 7% do mercado.

Fairtrade-Rosen
Rosas 'fair trade': presentes em muitos supermercados do paísFoto: DW

O consumidor alemão paga com prazer um pouco mais quando tem a sensação de estar ajudando em prol de uma boa causa. E o selo de comércio justo não é apenas conhecido por 70% da população, mas também tido como muito confiável pelo consumidor.

De café a móveis

Há 20 anos que a TransFair concede o selo de comércio justo na Alemanha. De início, o selo tinha o nome TransFair – como o da organização que o designa. Somente mais tarde é que passou a se chamar fair trade, concedido a mercadorias produzidas e comercializadas sob determinados critérios.

O primeiro produto a receber o selo foi o café, apreciado e consumido em larga escala no país. Além disso, também porque os agricultores do setor cafeeiro sofrem especialmente sob as leis do mercado livre, ou seja: quando a colheita é boa e a oferta é alta, o preço cai; quando a colheita não é boa, os produtores de café quase não ganham nada.

Os critérios do comércio justo determinam garantias de compra do produto a longo prazo e estabelecem preços mínimos, que possibilitam a independência dos agricultores nos países em desenvolvimento e os tornam mais robustos frente às oscilações de preço do mercado global. Isso também evita que agricultores ou cultivadores de flores acabem tendo que vender seus produtos a preço de banana para intermediários.

Transfair Flash-Galerie
Agricultores no Peru: vantagens com o comércio justoFoto: Transfair

Critérios sociais e ecológicos

Produtores e comerciantes que querem receber o selo de fair trade são obrigados a se ater a determinados padrões sociais, como por exemplo não tolerar o trabalho infantil e garantir os direitos dos trabalhadores. Critérios ecológicos, como uma redução no uso de pesticidas ou o incentivo a plantações orgânicas, também são importantes. O respeito a esses padrões não é controlado pela TransFair, que concede o selo, mas terceirizado a uma organização que emite certificados.

Além de alimentos e flores, a TransFair expandiu suas atividades para o setor de móveis, já tendo conseguido estabelecer relações com parceiros significativos: uma grande empresa de venda à distância e uma empresa de móveis do sul da Alemanha pretendem incluir os móveis fair trade em suas ofertas. Eles serão fabricados no México, com madeira oriunda da Bolívia, Chile e Honduras. A organização alemã de fair trade coopera com o famoso selo FSC para a exploração sustentável das florestas.

Tendência atual

A TransFair aumentou também sua presença nas grandes cidades e nos pequenos municípios. Em 2011, diversas prefeituras aderiram ao comércio justo, através de medidas como a compra de café fair trade para os departamentos públicos municipais ou de bolas fair trade para associações desportivas e escolas públicas e até mesmo do uso de paralelepípedos fair trade nas reformas de praças públicas.

Dieter Overath Geschäftsführer und Heinz Fuchs Vorstandsvorsitzender von TransFair e.V.
Dieter Overath e Heinz Fuchs: executivos da TransFairFoto: DW

No último 11 de abril, a pequena ilha Langeoog, localizada no Mar do Norte, foi declarada a primeira "ilha fair trade" do país. Para muitas regiões alemãs, a premiação recebida pela administração local é uma forma de atrair turistas, pois o selo de comércio justo está tão em moda quanto o dos orgânicos.

Autora: Rachel Gessat (sv)
Revisão: Marcio Damasceno