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Cinco técnicas que revolucionaram a fotografia

Ivana Ebel3 de novembro de 2012

É impossível estimar o volume de imagens produzidas diariamente ou quantas fotos vão parar todos os dias na internet. Câmeras digitais tornam a captura de imagens um processo rápido e barato. Mas nem sempre foi assim.

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Fotografia
FotografiaFoto: Fotolia/Virste

A criação da fotografia é o resultado da soma de diferentes invenções que culminaram com o primeiro registro permanente de uma imagem em uma superfície sensível à luz, feito creditado a Nicéphore Niépce, em 1836. No início, eram necessárias várias horas de trabalho para capturar uma única imagem, e o modelo fotografado precisava se manter imóvel por até uma hora.

1. Daguerreótipo - A daguerreotipia foi a primeira técnica comercial de fotografia e não possui negativos. A imagem era gravada diretamente em placas de prata finamente polidas, emulsionadas inicialmente com vapor de iodo, que forma o iodeto de prata, sensível à luz. A técnica foi criada pelo trabalho conjunto de Niépce e Louis-Jacques-Mandé Daguerre no início do século 19. Depois de preparadas, essas placas eram colocadas em uma câmera escura e, depois de expostas à luz para capturar a foto, passavam por um processo de revelação com vapores de mercúrio e de fixação com água e sal. A técnica foi aperfeiçoada, e outros químicos e suportes foram usados ao longos dos anos. O resultado, porém, era frágil e, para proteger a imagem de qualquer arranhão, os daguerreótipos precisavam ser acomodados entre placas de vidro. Eles costumavam ser entregues aos clientes acondicionados em caixas ricamente decoradas: uma espécie de relíquia familiar. Ainda hoje, fotógrafos apaixonados se dedicam à captura de imagens em daguerreótipos. Interessados se reúnem para trocar experiências e organizar exposições em grupos, como a The Daguerreian Society.

2. Calótipo ou Talbótipo - A melhora das lentes usadas nas câmeras de daguerreotipia permitiu tempos de exposição mais curtos e a proliferação dos retratos. A talbotipia foi um desses avanços tecnológicos, desenvolvida na década de 1830 por Fox Talbot, como registra o Museu de História da Ciência de Oxford. A técnica apresentou importantes inovações em relação à daguerreotipia: a utilização de papel como base, o uso de ácido gálico para acelerar a reação do nitrato de prata à luz e a produção de um negativo fotográfico, que era posteriormente revelado em papel. A calotipia não substituiu os daguerreotipos, uma vez que suas imagens eram menos nítidas e mais parecidas com desenhos feitos a nanquim. Isso porque as fibras do papel usado como negativo acabavam criando interferências na imagem positivada.

3. Filme preto e branco - Os filmes em preto e branco, que tomaram conta do mercado fotográfico a partir do fim do século 19 até a década de 1970, quando as fotos ganharam cores, usam sais de prata em emulsões gelatinosas. Trata-se do processo da prata coloidal, ainda hoje usado em papéis fotográficos, criado em 1871. Apenas três anos depois da invenção, a técnica já era explorada comercialmente. No lugar de placas molhadas, a nova tecnologia permitia o preparo antecipado de chapas e filmes que, depois de secos, seriam usados para a gravação de imagens, como está explicado no livro A Guide to Fiber-Base Gelatin Silver Print Condition and Deterioration, de Gawain Weaver. O processo foi refinado e desempenhou um papel fundamental na história da fotografia em preto e branco por quase cem anos. A Eastman Kodak introduziu os primeiros filmes de rolo no mercado em 1885 e conferiu um novo status à fotografia com uma filosofia simples: “você aperta o botão e nós fazemos o resto”.

4. Filme colorido - A primeira fotografia colorida é creditada ao matemático e físico escocês James Clerk Maxwell, em 1861. No entanto, em 1855 ele fez contribuições teóricas importantes, propondo que a captura de imagens em preto e branco através de filtros coloridos e sua reprodução sobreposta utilizando os mesmos filtros garantiria a reconstrução de uma imagem com cores. Esse princípio das três camadas foi base para melhorias subsequentes, até o desenvolvimento dos primeiros filmes comerciais coloridos pela Kodak. O famoso Kodachrome liderou o mercado entre 1935 e parou de ser fabricado apenas em 2009. Embora os primeiros experimentos com fotos coloridas tenham sido registrados no final do século 19, até a década de 1970 a fotografia a cores ainda era cara e restrita a poucos profissionais especializados. A captura de imagens coloridas em ambientes fechados também requeria lentes da melhor qualidade, diferente da já popular fotografia em preto e branco. Foi a queda nos preços dos filmes, lentes e da revelação que incentivou a popularização das fotos coloridas.

5. Foto digital - Foram as câmeras digitais que praticamente tiraram os filmes coloridos do mercado. O que muda com essa tecnologia é a forma de armazenamento das imagens. Em vez de sensibilizarem superfícies quimicamente tratadas, as imagens são percebidas por um sensor ativo de pixels. Neste circuito integrado, cada pixel contém um detector de luz que amplifica os sinais luminosos e permite sua gravação em arquivos digitais. A Kodak foi novamente a pioneira quando apresentou em 1975 o primeiro protótipo de uma câmera digital. Entre 1990 e 1991 as primeiras câmeras digitais produzidas comercialmente chegaram ao mercado, mas eram capazes apenas de armazenar imagens em preto e branco. Ao longo da década de 1990, as câmeras ganharam mais qualidade de captura, se tornaram mais compactas e, por volta de 1997, apareceram integradas aos telefones celulares. Naquele ano, o empreendedor Philippe R. Kahn publicou pelo celular uma foto do nascimento de sua filha, inaugurando o que, poucos anos mais tarde, se tornaria uma das práticas mais comuns nas redes sociais. Desde então, tirar fotos e compartilhar na internet se tornou uma ação quase cotidiana. Bem diferente das poses e preparos que exigiam os primeiros daguerreótipos.