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Cidades alemãs são pouco dinâmicas

Simone de Mello20 de setembro de 2002

Ranking das cidades européias mostra que o dinamismo econômico dos centros urbanos alemães desacelerou nos últimos anos. Estudo se refere à miséria alemã.

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Estocolmo é a cidade européia mais atraente do ponto de vista econômicoFoto: Illuscope

De acordo com uma pesquisa encomendada e divulgada pela revista de economia Wirtschaftswoche, as cidades alemãs vêm perdendo a atratividade em comparação com outros centros europeus. O estudo, baseado em 240 diferentes critérios de avaliação, investigou 214 regiões da União Européia, Noruega e Suíça, a fim de definir onde a qualidade de vida a as chances de trabalho e remuneração são melhores.

"Quadro da miséria alemã"

Com exceção da Alta Baviera – em terceiro lugar, depois de Estocolmo e Utrecht –, as regiões alemãs demonstraram um desempenho inferior ao registrado há quatro anos. As regiões de Karlsruhe (25º), Stuttgart (26º) e Colônia (29º) ficam aquém de diversos centros industriais da Suíça, Holanda, Bélgica e Itália. A capital alemã, em 70º lugar, fica atrás das regiões do Vêneto, Catalunha, Alsácia, Viena e Londres.

A Wirtschaftswoche refere-se a um "quadro nítido da miséria alemã", lembrando que – entre as 40 primeiras cidades do ranking – há apenas sete alemãs, a metade do número registrado há quatro anos. A análise de fatores específicos torna o quadro ainda mais negativo. Quanto ao dinamismo e ao potencial econômicos, as regiões do sul da Inglaterra, da Escandinávia e da Holanda lideram o cenário europeu, sendo que Munique – a única cidade alemã que revela uma maior dinâmica do que quatro anos atrás – fica em 35º lugar.

Para o professor Jürgen Ossenbrügge, do Instituto de Geografia da Universidade de Hamburgo, este resultado se deve ao quadro econômico global. No entanto, quanto ao potencial de inovação econômica, um critério novo neste estudo, a Alemanha é bastante desigual nos diferentes setores. Na biotecnologia, por exemplo, a Alemanha já lidera o cenário europeu, ao lado da Grã-Bretanha. No entanto, trata-se de um desenvolvimento tardio, dada a resistência política a pesquisas neste campo até meados da década de 90.

Em outros setores, como a prestação de serviço no âmbito empresarial, a Alemanha tradicionalmente sempre esteve aquém de outros países industrializados. Quanto a empresas de consultoria, auditoria, parecer jurídico e propaganda, o grau de inovação é bem menor do que na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, comentou Ossenbrügge, em entrevista à DW-WORLD.

A capital à margem do capital

O baixo desempenho de Berlim se deve sobretudo a fatores históricos. Até a reunificação da Alemanha, em 1990, a Berlim dividida pelo Muro era uma cidade fortemente subvencionada, tanto pelo Ocidente quanto pelo governo da Alemanha socialista. "Com a reunificação, houve um processo de desindustrialização que não pôde ser compensado pela dinâmica gerada depois de Berlim ter se tornado a capital do país", explica o professor de Geografia Econômica da Universidade de Hamburgo, também especializado em América Latina.

Após o campo industrial tradicional de Berlim ter desaparecido pouco a pouco, a cidade – com uma fraca infra-estrutura industrial – se encontra num processo de transformação ainda indefinido. Apesar de setores como propaganda e novas mídias estarem florescendo em Berlim, o que falta à capital alemã são empresas de porte e conglomerados internacionais.

Munique, uma cidade de pouca atratividade econômica até a Segunda Guerra, deve seu surto de desenvolvimento à Siemens, que se instalou na região no período pós-guerra. "Através da presença da Siemens, criou-se uma estratégia interessante de industrialização, incentivada pelo governo da Baviera", comenta Ossenbrügge. Hoje, setores de tecnologia de ponta, como a biotecnologia, por exemplo, estão bem representados na região da Alta Baviera.

No ranking das cem primeiras regiões urbanas européias, as alemãs têm as seguintes posições: Alta Baviera (3), Karlsruhe (25), Stuttgart (26), Francônia Central (28), Colônia (29), Tübingen (31), Freiburg (38), Darmstadt (41), Hessen Renano e Palatinado (45), Hamburgo (53), Baixa Francônia (61), Düsseldorf (62), Braunschweig (64), Berlim (70), Suábia (84), Alto Palatinado (92), Bremen (95) e Hanôver (96).