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China gera nova polêmica na Alemanha

ef28 de abril de 2004

Reações oficiais a um fim das conversações sobre a venda de uma fábrica de plutônio para a China, anunciado por Pequim, indicam que a alegria dos ecologistas e o alívio de políticos verdes em Berlim podem durar pouco.

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Depósito de elementos combustíveis na fábrica de HanauFoto: AP

A Siemens em Munique anunciou que não teria motivo para retirar a oferta de exportação da sua fábrica de plutônio para a China, um dia depois que o Ministério das Relações Exteriores em Pequim anunciou um congelamento das negociações com o governo alemão sobre o negócio altamente polêmico na Alemanha. O gabinete em Berlim esclareceu, por sua vez, que não descarta totalmente o negócio com os chineses e confirmou que continua examinando uma permissão para a Siemens vender a fábrica de Hanau.

Tanto o governo alemão como a empresa garantiram que o plutônio que ela produziria não seria apropriado para fabricar bomba atômica na China, como muitos temem na Alemanha.

Políticos do Partido Verde reagiram com grande alívio e ativistas da organização ecologista Greenpeace festejaram a notícia da suspensão das negociações, divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores chinês, nesta terça-feira (27). Menos de 24 horas depois, o presidente da Siemens, Heinrich von Pierer, disse que sua empresa não teria motivo para retirar a oferta. "Nós continuamos examinando as coisas", afirmou em Munique.

Negócio da China

- A venda da tecnologia de elementos combustíveis seria altamente interessante para a China, disse von Pierer, porque o país mais populoso do mundo planeja construir muitas usinas nucleares nos próximos anos. Ao anunciar o fim das negociações teuto-chinesas, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores em Pequim disse que o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, não trataria mais da questão durante sua visita à Alemanha, que iniciará no domingo (2).

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Fábrica de elementos combustíveis da Siemens em HanauFoto: AP

A disposição anunciada pelo chanceler federal alemão, Gerhard Schröder, de negociar a venda da fábrica para a potência nuclear chinesa desencadeou grande polêmica na sua coalizão de governo, em dezembro de 2003. Principalmente políticos do Partido Verde, mas também do Partido Social Democrata de Schröder, ofereceram grande resistência ao negócio, por temores de que a usina servisse para fins militares na China. A usina nunca chegou a produzir plutônio porque exatamente o atual ministro das Relações Exteriores e expressão máxima do Partido Verde, Joschka Fischer, impediu a sua entrada em funcionamento quando era secretário do Meio Ambiente do Estado de Hessen.

Solução definitiva

- Agora, a resistência verde, tanto no Parlamento em Berlim quanto a organização ecologista Greenpeace, exultou com a desistência do negócio anunciada em Pequim. Todos eles querem uma solução definitiva e para isto exigiram um sucateamento da usina. Assim como outros políticos verdes que haviam ameaçado com uma crise na coalizão, o vice-líder da bancada no Parlamento, deputado Hans-Christian Ströbele, reagiu com grande alívio à notícia de Pequim. "A coalizão está salva", disse ele.

Indústria critica

– A indústria alemã, por sua vez, criticou a coalizão social-democrata e verde e jogou a culpa da aparente desistência do negócio pela parte chinesa numa suposta ambivalência de Berlim. "De um lado, o chanceler federal Schröder lança a iniciativa Parceiro para Inovação e, de outro, o governo arrasta a opção de vender a usina", criticou o diretor da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Ludolf von Wartenberg. A propósito, ele exigiu que o governo responda "se a Alemanha quer ou não ganhar dinheiro com alta tecnologia".

O representante da ala conservadora dos social-democratas, Klaas Hüber, também advertiu contra limitações para as exportações da indústria. "Temos que cuidar para que empresas alemãs não levem desvantagem na disputa pelos mercados da Ásia por causa de restrições políticas", exigiu.