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Celular com Windows

Detlev Karg /am2 de março de 2003

A Microsoft entra no páreo: o programa Windows também servirá futuramente como sistema operacional de telefones celulares na Alemanha.

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Windows no micro e também no celularFoto: AP

Já havia indícios anteriores, mas a confirmação veio em meados de fevereiro, durante a feira 3 GSM, em Cannes: a operadora alemã T-Mobile e a Microsoft anunciaram o lançamento conjunto de um novo tipo de telefone celular, que chegará ao mercado alemão em meados do corrente ano.

O Smartphone SPV da Microsoft tem o programa Windows como sistema operacional e deverá ser apresentado oficialmente aos consumidores alemães durante a próxima CeBIT 2003 – a maior feira mundial de computadores e produtos eletrônicos, que será realizada em Hanôver, de 12 a 19 de março.

Dois aliados naturais

A T-Mobile, subsidiária da Deutsche Telekom, e a maior empresa produtora de softwares do mundo, com sede em Redmond (EUA), tinham acertado há um ano a cooperação para o desenvolvimento de telefones celulares e novos aplicativos a serem utilizados na rede de telefonia móvel. Isto veio ao encontro de uma antiga aspiração da Microsoft: a de estender o uso do sistema operacional Windows também ao setor dos celulares.

Também para a operadora alemã, uma das maiores da Europa, o acordo veio em boa hora. Como as suas concorrentes, também a T-Mobile depende quase inteiramente dos fabricantes de telefones celulares. E eles nem sempre produzem o que é desejado pelas operadoras de rede. Ainda assim, ficam com a imagem positiva e exigem preços exorbitantes pelos seus aparelhos. Isto deve acabar dentro em breve. A Nokia e as demais marcas não serão mais as donas do mercado de celulares, teria afirmado Kai-Uwe Ricke, o presidente da Deutsche Telekom.

Fim da hegemonia das fábricas

A idéia é de que o nome da operadora passe a ser futuramente mais importante para o marketing do que a marca do aparelho celular. Um modelo do celular com sistema operacional Windows já é oferecido na França e na Grã-Bretanha pela operadora francesa Orange – outra parceira da Microsoft.

A comercialização do aparelho pela Orange foi iniciada no final de 2002. Mas até agora, a empresa francesa só logrou vender menos de 100 mil aparelhos. A T-Mobile espera obter um retorno maior da sua cooperação com a Microsoft. Ela espera sobretudo uma maior aceitação do produto pelos clientes.

A grande vantagem do celular operado com o Windows será a padronização dos comandos e das possibilidades de configuração. Todo aparelho futuro, não importa de que marca, será manuseado com os mesmos comandos: não haverá necessidade de decorar novos manuais de instrução, cada vez que se troca de aparelho. Da mesma forma como o uso do Windows é sempre igual, independente do micro que o cliente utiliza.

Vantagens para o usuário

Internet im Taschenformat
Um smartphone com acesso à internetFoto: AP

O que pode terminar criando um novo monopólio para a Microsoft traz também vantagens para o usuário. Não apenas o já citado conforto da padronização no uso. Uma das maiores vantagens deverá ser a simplificação do acesso à internet. Pois, até agora, todas as promessas dos fabricantes de telefones celulares nesse sentido revelaram-se como vãs. A primeira tentativa de acesso celular à rede de computadores, através do protocolo WAP, já fracassou quase inteiramente: uma plataforma irrisória, lenta e sem atrativos de multimídia. A alternativa posterior através do sistema GPRS – bem mais rápido – tampouco chegou a convencer os consumidores, acostumados ao conforto do acesso à internet através do micro.

Depois disto, as operadoras lançaram-se à aventura de banda larga do novo sistema UMTS e arremataram licenças de concessão por preços exorbitantes, o que provocou um enorme endividamento no setor. Até o momento, a rede de UMTS só existe no papel: o início de operação está previsto para este ano. Juntamente com o Windows, isto poderá significar uma verdadeira revolução no setor da telefonia celular.

Nada de novo em dez anos

Analisando de forma rigorosa o mercado, constata-se que foi relativamente pequeno o progresso técnico nos últimos dez anos. A evolução concentrou-se quase exclusivamente na miniaturização dos aparelhos. Suas funções permaneceram praticamente as mesmas. Além disto, todo usuário que trocou de marca de telefone teve de irritar-se, aprendendo a manusear o novo aparelho.

Bill Gates
O visionário Bill Gates, fundador da MicrosoftFoto: AP

Com o celular "movido" a Windows, isto pertencerá ao passado. A rapidez do sistema UMTS permitirá, além disso, um acesso de banda larga equivalente ao dos computadores ligados às redes de telefonia fixa. Será possível então um intenso uso profissional ou privado da internet, onde quer que se esteja: um dos prognósticos do visionário Bill Gates, que sempre prometeu o acesso à informação desejada "anytime, anywhere, on any device".

Os produtores de hardware

A nova evolução do mercado obrigou os cinco grandes fabricantes de telefones celulares do mundo – Nokia, Motorola, Siemens, Sony-Ericsson e Samsung – a buscar uma estratégia alternativa. Eles criaram uma joint-venture, a Symbian, que desenvolveu um sistema operacional comum para os celulares. O produto não logrou até agora, porém, conquistar a popularidade de um Windows.

A situação parece bastante similar à da época de surgimento dos browsers para acesso à internet. Inicialmente, a Microsoft descuidou-se do assunto, mas acabou logrando impor o seu Internet Explorer em todo o mundo. O mesmo pode ocorrer agora no setor dos celulares. Na disputa com a Symbian, a Microsoft poderá demonstrar o maior fôlego, com a reserva financeira de uma das empresas mais ricas do mundo, estimada em 45 bilhões de dólares.

As reações dos fabricantes de celulares à ofensiva da Microsoft não se fizeram esperar. Segundo Lothar Pauly, do setor Information and Communication Mobile (ICM) da Siemens: "Há uma clara tendência da indústria de telefonia móvel a favor da plataforma da Symbian. Não queremos presenciar novamente uma predominância da Microsoft, como no setor dos microcomputadores".

Mas seu colega americano da Motorola, Tom Lynch, já tem uma visão diferente. Segundo ele, os fabricantes de celulares acabarão fazendo acordo de cooperação com a Microsoft.