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Catherine Ashton

20 de novembro de 2009

Ela será a futura representante da União Europeia em todo o mundo: a atual comissária de Comércio Catherine Ashton, representante britânica na Comissão Europeia, é desconhecida até mesmo no Reino Unido.

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Ashton: de autoridade local a chefe da diplomacia europeia em apenas oito anosFoto: AP

As primeiras reações da imprensa britânica à nomeação de Catherine Ashton para o cargo de alto representante dos Negócios Estrangeiros e da Política de Segurança da União Europeia (UE) foram de perplexidade.

De chefe da autoridade da Saúde de condado inglês à representante da diplomacia da UE em apenas oito anos – essa é a carreira mais fulminante da história política recente, afirmou um comentarista da emissora de televisão britânica Channel 4.

Também no Reino Unido qualquer pessoa, se indagada sobre Catherine Ashton, responderia com a pergunta: who the hell is…, quem, afinal, é essa pessoa?

O currículo de Ashton é magro e típico de uma funcionária de partido. Ela nunca foi eleita para um cargo público. Nascida em 1956 em Upholland, estudou economia em Londres, trabalhou para diversos grupos de lobby, entre eles, para um que defendia a maior participação de mulheres em empresas.

Foi chefe da autoridade da Saúde do condado de Hertfordshire de 1998 a 2001. A partir deste ano, trabalhou nos ministérios britânicos da Educação, dos Assuntos Constitucionais e da Justiça – pelo Ministério das Relações Exteriores ela não passou.

Em 1999, recebeu o título de baronesa de Upholland para que pudesse representar o Partido Trabalhista na Câmara dos Lordes (câmara alta do Parlamento britânico, cujos integrantes não são eleitos e devem necessariamente ser nobres).

Em finais de 2008 teve a sua grande oportunidade: Peter Mandelson, a eminência parda do Partido Trabalhista britânico, foi chamado de volta a Londres para salvar o premiê Gordon Brown de ser derrubado por seus próprios correligionários.

O posto de comissário europeu de Comércio ficou vago em Bruxelas. Como preenchê-lo? Deveria ser alguém que não abrisse uma vaga no Parlamento britânico, o que obrigaria a uma eleição suplementar e estas o Partido Trabalhista estava perdendo sequencialmente naquele momento.

Como Ashton integrava a Câmara dos Lordes, não havia a necessidade de uma eleição suplementar. "Mas ser uma baronesa é de fato uma qualificação?", questionou o então correspondente da emissora britânica BBC em Bruxelas Mark Mardell.

Não foram poucos os que disseram que o currículo de Ashton não continha as qualificações necessárias para assumir o cargo. "Eu sou uma negociadora, é o que eu sei fazer", respondeu a baronesa à época.

Uma resposta melhor ela não poderia dar hoje, caso alguém a perguntasse sobre suas qualificações para assumir o cargo de alto representante da política externa europeia. Na pasta do Comércio ela ainda podia apresentar seus estudos de economia.

No caso da pasta de Relações Exteriores, perguntas sobre a experiência na área teriam necessariamente de ser respondidas com "nenhuma".

Também é verdade que Ashton não se candidatou ao cargo de alto representante dos Negócios Estrangeiros e da Política de Segurança da União Europeia. Ainda em fins de outubro, a sua ambição era continuar no cargo de comissária do Comércio.

A virada que levou à escolha de uma desconhecida e inexperiente para aquele que é, de fato, o cargo mais importante na União Europeia foi obra da habilidade política de Brown. Com a sua insistência na escolha de Tony Blair para o posto de presidente, Brown bloqueou as negociações até que os outros chefes de governo lhe cedessem o segundo cargo.

E os socialistas, por sua vez, queriam uma mulher – e assim o foi. No final das contas, Brown passou todos para trás.

Autora: Barbara Wesel (as)

Revisão: Carlos Albuquerque