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Candidato social-democrata: Merkel faz atentado à democracia

25 de junho de 2017

Martin Schulz denuncia indefinição do governo democrata-cristão e esforços para desencorajar a participação nas urnas nas eleições gerais. Ex-premiê Gerhard Schröder também ataca Merkel, falando a delegados do SPD.

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Concorrente de Merkel ao governo Martin Schulz (c.) fala em congresso partidário do SPD
Concorrente de Merkel ao governo Martin Schulz (c.) fala em congresso partidário do SPDFoto: picture alliance/dpa/J. Güttler

No congresso do Partido Social-Democrata alemão (SPD) deste domingo (25/06), em Dortmund, o candidato à chefia de governo Martin Schulz atacou duramente a chanceler federal Angela Merkel. Na ocasião, a legenda apresentou seu programa para as próximas eleições gerais, agendadas para 24 de setembro.

Segundo o social-democrata, a também presidente da União Democrata Cristã (CDU) evitaria discutir conteúdos, "acalentando" assim os eleitores. Tanto a Chancelaria Federal quanto a central democrata-cristã se esquivariam sistematicamente do debate sobre o futuro da Alemanha.

Leia a cobertura completa sobre a eleição na Alemanha em 2017

A CDU até mesmo incentivaria, consciente e intencionalmente, que menos cidadãos vão às urnas, afirmou Schulz, já que uma menor participação eleitoral prejudica os demais partidos. "Talvez é o que se chama, nos meios de Berlim, de desmobilização assimétrica. Eu chamo isso de um atentado contra a democracia."

Nos últimos anos, com essa tática Merkel teria conseguido se esquivar de se manifestar ou de se comprometer, porém "não mais no ano 2017", frisou o ex-presidente do Parlamento Europeu. Seu desafio é "configurar a virada, e ao mesmo tempo providenciar para que haja justiça". A "missão" do SPD seria "assegurar a dignidade humana em tempos de rupturas violentas, orientar o progresso, mas sempre colocando os seres humanos no centro".

Entre os desafios que vê pela frente, Martin Schulz citou "a questão de como transformar as inovações tecnológicas e econômicas em progresso social" e "como mantermos coesa a nossa sociedade numa época de mudanças meteóricas". Além disso, disse visar o fortalecimento da Europa democrática e "como podemos assegurar a paz, num mundo em que a paz está ameaçada".

Candidato do SPD ao governo Martin Schulz (dir.) abraça ex-chanceler federal Gerhard Schröder no congresso em Dortmund
Schulz (dir.) abraça ex-chanceler federal Gerhard Schröder em DortmundFoto: picture alliance/dpa/J. Güttler

Schröder: não se intimidar com enquetes

Antes, o ex-chanceler federal Gerhard Schröder (1998-2005) falara aos delegados reunidos na cidade de Dortmund, no oeste alemão. Diante do mau desempenho do SPD nas pesquisas de intenção de voto, ele incentivou seus correligionários a enfrentarem com coragem as próximas eleições legislativas. Faltam 13 semanas para o pleito, e "esse é um tempo longo para dar uma reviravolta no clima eleitoral e conquistar votos para os social-democratas".

Schröder recordou sua luta nas eleições gerais de 2005, quando, apenas poucas semanas antes do escrutínio, as enquetes davam aos social-democratas mais de 20 pontos percentuais de desvantagem em relação à CDU. No fim, contudo, os votos "por pouco" não bastaram para uma vitória eleitoral, com o SPD apenas um ponto atrás dos democrata-cristãos.

"Mas nós lutamos", enfatizou Schröder. "O que foi possível na época, queridas companheiras e companheiros, é também possível hoje." A eleição não está, nem de longe, decidida: "Nem jornalistas, nem pesquisadores de opinião são quem decide as eleições. São, ainda, as eleitoras e eleitores."

Merkel, a guerra do Iraque e Trump

Em abril de 2003, então líder oposicionista Angela Merkel criticava "não" de Schröder à guerra no Iraque
Em abril de 2003, então líder oposicionista Angela Merkel criticava "não" de Schröder à guerra no IraqueFoto: AP

O ex-premiê foi muito aplaudido por sua crítica ferrenha ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele lembrou a própria decisão de negar ao então chefe de Estado americano, George W. Bush, a participação alemã na guerra do Iraque, em meados de 2002.

Por outro lado, Gerhard Schröder se disse surpreso com as "apresentações nas tendas de cerveja bávaras", referindo-se aos conservadores da CDU/CSU e à declaração recente de Merkel de que a Alemanha e a Europa não podem mais confiar nos EUA.

"Afinal, eram sempre eles que queriam seguir os americanos em todas as guerras, também na do Iraque", completou Schröder. Na qualidade de líder da oposição conservadora, Angela Merkel se pronunciou a favor de que a Alemanha integrasse a intervenção militar dos EUA naquele país árabe, iniciada em março de 2003.

AV/afp,dpa