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Candidato europeu Lamy eleito para a OMC

(rw)26 de maio de 2005

Francês Pascal Lamy eleito para a direção-geral da Organização Mundial do Comércio. Ex-comissário de Comércio da UE substitui Supachai Panitchpakdi em 1º de setembro. Seu principal desafio é desemperrar rodada de Doha.

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Enquanto comissário da UE, Lamy disse que OMC era 'da Idade Média'Foto: AP

Tecnocrata neoliberal para uns e administrador honesto para outros, ninguém duvida da competência de Pascal Lamy, eleito por unanimidade pelos 148 países-membros nesta quinta-feira (26/05) em Genebra para o cargo de secretário-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). O francês de 58 anos substituirá o tailandês Supachai Panitchpakdi, iniciando em 1º de setembro seu mandato de quatro anos.

Já antes de ser nomeado para o posto na OMC, Lamy havia definido como prioridade encerrar o mais rapidamente possível as negociações pela maior abertura do mercado mundial. Em 2001, na cidade de Doha, no Emirado do Catar, havia sido aberta pela OMC uma rodada de negociações que continua emperrada até hoje. Cada bloco, sejam as nações industrializadas ou as emergentes, não consegue concessões mútuas, seja na imposição de taxações alfandegárias sobre bens industrializados, o corte de subvenções agrícolas ou melhores condições de acesso ao mercado de prestação de serviços.

Astúcia diplomática

Os países em desenvolvimento, que compõem a maioria dos membros da organização, acusam que as subvenções aos agricultores europeus são o maior obstáculo nas negociações. O ex-chefe da OMC Peter Sutherland está confiante que Lamy está no cargo certo: "Ele é uma pessoa muito forte, que traz muita astúcia diplomática".

Uma característica importante para um secretário-geral da OMC, que na realidade não tem poderes formais. Ao atual líder da organização, Supachai Panitchpakdi, falta o talento de moderador. Embora seja benquisto, nem sempre consegue se impor, dizem seus críticos.

"Lamy é o homem certo para exigir mais concessões dos países industrializados nas atuais negociações", disse Rolf Langhammer, do Instituto da Economia Mundial, de Kiel, norte da Alemanha. Como ex-comissário da UE, Lamy conhece as posições dos europeus, dos norte-americanos e de outras nações industrializadas, completa. Ao criticar a OMC ainda nos tempos em que era comissário, chegou a chamar a organização de "medieval", por sua necessidade de reformas.

Que Hongkong não seja Cancún

Para dezembro próximo, três meses após sua posse, está marcado um encontro em nível ministerial da OMC em Hongkong, onde se pretende evitar outro fracasso como o de Cancún em 2003. Aqui se espera que o europeu Lamy faça mais pressão pelo fim das subvenções agrárias na União Européia. Por outro lado, enquanto se intensifica a crise têxtil entre o bloco europeu e a China, cresce a polêmica entre a Europa e os Estados Unidos em torno das subvenções bilionárias à indústria da aviação.

"Acredito que ele tenha condições de encarar como líder neutro os desafios da OMC", opinou o encarregado de comércio norte-americano Rob Portman. Também representantes de outros países, como embaixador brasileiro na OMC Luiz Felipe de Seixas Correa, elogiam o francês: "Lamy é uma ótima escolha. Ele conseguirá impor as prioridades certas em seus quatro anos de mandato", disse.

Perfis do chefe e sua organização

Pascal Lamy é respeitado pela sua inteligência e persistência. São qualidades que comprovou não só como obstinado maratonista, mas também no cargo de comissário de Comércio da União Européia (UE) entre 1999 e 2004. O socialista Lamy cursou Economia e Política em universidades de elite. No início da década de 80, foi chamado para a assessoria de Jacques Delors no Ministério da Economia e das Finanças.

Foi Delors que levou Lamy a Bruxelas em 1985, para a chefia de seu gabinete na presidência da Comissão Executiva da União Européia, onde permaneceu nos três mandatos de Delors, até 1994. Depois disso, no cargo de diretor-geral, Lamy foi responsável no saneamento do banco Crédit Lyonnais.

A Organização Mundial do Comércio foi criada em 1995 como único órgão no mundo responsável pela regulamentação do comércio internacional e a resolução de conflitos entre parceiros comerciais. Ela sucedeu ao Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Sua sede fica em Genebra, na Suíça, tem 630 funcionários e seu orçamento em 2005 é de 110 milhões de euros.