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Reações

(rw)27 de setembro de 2006

Representantes dos principais partidos e jornais criticam o cancelamento de ópera de Mozart em Berlim devido ao temor de que provocaria o mundo islâmico. Para Angela Merkel, cancelamento foi um erro.

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Ensaio de 'Idomeneo'Foto: picture-alliance/ dpa

A chefe de governo da Alemanha, Angela Merkel, advertiu nesta quarta-feira (27/09) contra a autocensura devido ao medo da violência islâmica e exigiu um debate franco sobre a liberdade de opinião e de imprensa. Para Merkel, o cancelamento "foi um erro".

Die Intendantin der Deutschen Oper Berlin Kirsten Harms
Diretora da Deutsche Oper de Berlim, Kirsten HarmsFoto: picture-alliance/ ZB

Também os representantes de outros partidos alemães criticaram duramente o cancelamento da ópera de Mozart Idomeneo. Algumas cenas da peça, cuja estréia seria em novembro, poderiam incomodar os muçulmanos, argumentou a diretora da Deutsche Oper (Ópera Alemã) em Berlim, Kirstin Harms. A polícia havia advertido sobre "riscos incalculáveis para artistas e público".

Enquanto o Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha aplaudiu a suspensão, a mídia critica a decisão. Leia algumas opiniões da imprensa:

Der Tagesspiegel: "Estranho como os mundos se aproximam. Nas ditaduras, os autores e diretores buscam formas mais abertas em pequenos passos enquanto no nosso país o bem máximo da liberdade artística e de opinião não parece ser mais tão indiscutível".

Die Zeit online: "A diretora da ópera de Berlim é uma mulher inteligente e, como demonstra sua carreira, em regra uma mulher corajosa. Seria barato criticá-la pela atitude tomada, pressionada pela sua responsabilidade e com certeza de coração pesado. A indignada manchete do tablóide Bild cobriu toda a página. Se uma bombinha tivesse explodido, mesmo que a cem metros do palco – sem falar numa catástrofe maior: Não haveria quem não caísse sobre ela: a hipocrisia da profissão de jornalista não conhece fronteira. Mesmo assim o cancelamento foi completamente errado."

Berliner Zeitung: Harald Jähner, editor de Cultura do jornal berlinense, ironiza: "...encenam-se masturbações e ejaculações nos palcos. E se nada de mais provocativo lhes ocorre, instalam uma cruz ao lado da orgia para que ao menos o vigário local seja forçado por seus fiéis a escrever uma carta de protesto. Isto leva os intelectuais, por seu lado, a se unirem contra a ameaça à liberdade da arte. A quantidade de coragem da nossa dessensibilizada opinião pública foi demonstrada agora em Berlim: ela não tem nenhuma coragem".

Frankfurter Rundschau: "As fortes reações às citações do papa em Regensburg devem ter influenciado Kirsten Harms. Não se pode falar de reação precipitada ou de atitude impensada, mas sim da falta de assessoria e aconselhamento."

New York Times: o jornal norte-americano manifesta a preocupação de que o cancelamento de Idomeneo possa tornar-se um marco. O diário cita o diretor Nikolaus Lehnhoff, que teria dito nunca ter visto nada semelhante ao cancelamento. Ele já teria visto muitas apresentações politicamente escandalosas em Berlim e que a reação ao pronunciamento do papa sensibilizou a área artística.

Los Angeles Times: "Mozart sobreviveu a grandes músicos e encenações abstratas − mas os libretos para suas óperas nunca despertaram nos islâmicos a idéia de ameaçar uma sensível direção de teatro".