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Campanha eleitoral com Saddam

(sv)30 de agosto de 2002

Um eventual ataque dos Estados Unidos ao Iraque passou a dominar a campanha eleitoral na Alemanha. Democrata-cristãos, que haviam declarado apoio a Washington, passaram a dizer não à guerra em busca de mais eleitores.

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Concorrentes Gerhard Schröder (direita) e Edmund Stoiber rejeitam ataque ao IraqueFoto: AP

Analistas políticos vêem na corrida às urnas, na Alemanha, uma coloração bélica. Tanto a posição do governo social-democrata e verde, que explicita um veemente não a eventuais ataques norte-americanos ao Iraque, quanto a postura "vira casaca" da oposição democrata-cristã, indicam que Saddam Hussein e Goerge W. Bush podem definir indiretamente os rumos do país.

Durante o debate televisivo, na noite do último domingo (25), o chanceler federal e candidato social-democrata, Gerhard Schröder, já havia afirmado aos milhares de espectadores que "o país, sob o meu governo, não participará de uma guerra contra o Iraque". Já o o seu concorrente democrata-cristão, Edmund Stoiber, ainda mencionava seu apoio aos EUA.

180 graus -

Na última quarta-feira (28), Stoiber, em uma virada de 180 graus, passou a defender o envio de tropas ao Iraque "somente sob um mandato da ONU". Em resposta à súbita mudança de posição do candidato da oposição de centro-direita, o ministro das Relações Exteriores, Joschka Fischer, afirmou ironicamente que "Stoiber segue a política do atual governo, só que com dois dias de atraso".

Cientistas políticos detectam no afã dos partidos a intenção de abocanhar mais votos. "Eu acredito que o tema Iraque poderá influenciar o resultado das eleições", afirma Hans-Dieter Klingemann, diretor do Centro de Ciências de Berlim. A discussão "poderá mover eleitores pacifistas e motivar grupos anti-americanos a votar no Partido Social Democrático (SPD) e não no neocomusnista PDS ou Verdes", completa Klingemann.

Votos de volta -

Também Dietmar Herz, cientista político da Universidade de Erfurt, acredita que o debate sobre a questão pode render votos para as facções governistas social-democrata e verde. Para Herz, muitos dos eleitores alemães, que defendem posições radicais anti-bélicas, ficaram decepcionados com o apoio do governo aos ataques ao Afeganistão".

Os recentes pronunciamentos de Schröder contra um possível ataque norte-americano ao Iraque poderá trazer esses eleitores de volta. No entanto, segundo Herz, "mais importante do que mobilizar um contingente, relativamente pequeno, de esquerda, é a disponibilidade de ação de Schröder e a estabilidade das opiniões do governo". Isso, para o "eleitor comum", é o que conta.

Maior discussão -

Independente da campanha eleitoral, o conflito envolvendo uma possível guerra no Iraque teria estado presente na sociedade alemã, "embora provavelmente não teria sido tão discutido pela mídia, mas pelo Parlamento", o pódio correto para o debate, segundo Klingemann. Analistas acreditam que, fora de uma campanha eleitoral, as reações do próprio Schröder teriam sido diferentes.

O consenso entre democrata-cristãos e social-democratas deve, segundo observadores políticos, perpetuar após o 22 de setembro, data das eleições. "Na política externa alemã não vai mudar nada, não importando se Schröder ou Stoiber vença nas urnas", resume Klingemann.