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Cai número de migrantes que chegam à Itália

28 de agosto de 2017

Roma justifica declínio, que alcançou 90% em agosto, com medidas adotadas pelo governo italiano, mas especialistas citam milícia da Líbia como causa. Líderes europeus e africanos discutem migração ilegal em Paris.

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Refugiados são resgatados no Mediterrâneo pela organização de ajuda humanitária Sea-Eye, em maio de 2017
Refugiados são resgatados no Mediterrâneo pela organização de ajuda humanitária Sea-Eye, em maio deste anoFoto: picture alliance/dpa/NurPhoto/C. Marquardt

O Mar Mediterrâneo está calmo nestes dias de verão europeu, praticamente sem ondulações entre a costa da Líbia e a Itália. O clima é estável. Normalmente, esta época seria propícia para travessias, e embarcações lotadas de migrantes chegariam diariamente ao litoral italiano. Mas a Itália tem registrado quedas drásticas na quantidade de refugiados que desembarcam em seu território.

Em comparação com o ano anterior, o número de chegadas no mês de agosto diminuiu quase 90%. Até 25 de agosto (data da última divulgação oficial), a Itália recebeu 2.932 refugiados – em agosto de 2016 foram 21.294.

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Segundo o governo italiano, houve queda também na estatística semestral. De janeiro até meados de agosto, o Ministério do Interior registrou 97.293 migrantes que saíram da Líbia – 4,2% menos que no mesmo período de 2016. "Ainda estamos no túnel, e é um longo túnel, mas vejo luz no fim dele", disse o ministro do Interior da Itália, Marco Minniti.

O ministro justificou a queda com a estratégia dupla do governo de fortalecer a Guarda Costeira italiana na luta contra a imigração ilegal e, ao mesmo tempo, adotar uma abordagem mais rígida contra organizações de ajuda humanitária. Estas são acusadas por Roma de ajudar indiretamente os contrabandistas ao resgatarem migrantes no Mediterrâneo e transportá-los até a Itália.

Migração é tema de cúpula em Paris

Como os fluxos migratórios da África à Europa podem ser contidos? Esta é a questão central de uma chamada minicúpula em Paris. A convite do presidente francês, Emannuel Macron, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, os chefes de governo de Roma e Madri, Paolo Gentiloni e Mariano Rajoy, assim como a comissária da EU, Federica Mogherini, se reunirão com líderes políticos de Líbia, Níger e Chade, nesta segunda-feira (28/08), no Palácio do Eliseu.

"Será uma oportunidade de sublinhar o apoio da Europa ao Chade, ao Níger e à Líbia no controle e na gestão dos fluxos migratórios", anunciou o gabinete de Macron. Num podcast governamental, Merkel afirmou que o objetivo é "reduzir a imigração ilegal passo a passo".

De acordo com dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), entre o início de janeiro e metade de agosto, quase 121 mil migrantes chegaram à Europa atravessando o Mar Mediterrâneo. O número caiu em mais da metade em comparação com o mesmo período do ano passado: 272 mil pessoas. O principal motivo para o declínio foi o fechamento da chamada rota dos Bálcãs, pela qual refugiados que chegavam à Grécia seguiam viagem até o norte da Europa.

As mortes também diminuíram. Entre início de janeiro e meados de agosto de 2017, o OIM registrou 2.410 mortes na travessia perigosa do Mar Mediterrâneo – no mesmo período de 2016 foram 3.216 mortes.

Milícia domina principal saída na Líbia

Enquanto a Guarda Costeira da Líbia e a agência para proteção de fronteiras da União Europeia (UE), Frontex, estão vendendo a queda nas estatísticas principalmente como um sucesso das autoridades marítimas, especialistas creem que os motivos estão na própria costa da Líbia: uma nova milícia teria mudado de lado.

"Atualmente, não sabemos quais são os motivos do declínio", disse Christine Petré, porta-voz da OIM para a Líbia. "Deve ter a ver com o fato que menos refugiados estão saindo da costa da Líbia."

A pequena Sabratha, a cerca de 70 quilômetros a oeste da capital Trípoli, é um dos principais pontos de saída para refugiados na Líbia. "Há algum tempo existe um novo grupo armado na cidade, que aparentemente vem impedindo a operação de contrabandistas", afirma Mattia Toaldo, especialista em Líbia no Conselho Europeu para as Relações Exteriores (ECFR).

Há evidências de que um poderoso chefe de milícia e contrabando trocou de lado. "Talvez ele espere ganhar mais influência ao se certificar de que não há refugiados partindo", diz Toaldo.

Algo parecido ocorreu no ano passado na cidade vizinha Suwara, quando uma espécie de milícia urbana assumiu o controle da área e libertou, até certo ponto, a cidade de contrabandistas de refugiados.

PV/epd/rtr/afp/dpa