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Mais qualidade

Steffen Leidel (rr)5 de julho de 2008

O tradicional fabricante alemão de bichos de pelúcia Steiff anunciou que se retirará do mercado chinês e relocará produção à Alemanha. Mas este não é um caso isolado. Especialistas avaliam prós e contras da tendência.

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Bichos de pelúcia voltarão a ser montados na cidade suábia de GiengenFoto: picture-alliance/dpa

A debandada de empresas alemãs para o exterior, a fim de escapar dos altos custos trabalhistas e da onerosa carga fiscal, é um dos temas prediletos de talk shows da tevê alemã, nos quais políticos e especialistas repetem incansavelmente que o mercado do futuro é a China e que a Ásia é o continente mais atraente para investidores com visão.

Quando a tradicional empresa suábia de bichos de pelúcia Steiff recentemente anunciou que suspenderia sua produção na China até 2009, o interesse público foi grande. No dia seguinte, a Associação dos Engenheiros Alemães (VdI) divulgou uma nota à imprensa, informando que este não se trata de um caso isolado.

Familienunternehmen Friedhelm Steiff
Friedhelm Steiff é sobrinho-neto da fundadora Margarete SteiffFoto: AP

De acordo com um estudo encomendado pela VdI, empreendido pelo Instituto Fraunhofer, praticamente uma em cada cinco empresas que transferiram sua produção para o exterior retorna ao país após alguns anos.

E, por mais que uma em cada onze empresas ainda transfira parte de sua produção para o exterior, a tendência é regressiva. "Os números mostram que o selo Made in Germany continua sendo sinônimo de qualidade", disse Bruno O. Braun, presidente da VdI.

Exterior continua tentador

Mas nem todos confirmam tal tendência. O economista-chefe da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK), Volker Treier, por exemplo, não a reconhece e considera "altos demais" os números divulgados pela VdI. Segundo ele, empresas que retornam sempre houve, e a parcela dos que voltaram se manteve relativamente estável nos últimos anos.

Treier se baseia numa pesquisa anual empreendida pela DIHK entre 8 mil empresas industriais. "A tendência de investir no exterior – o que aliás não pode ser equiparado à transferência da produção – permanece. E a China continua atraente para um terço das empresas consultadas", afirma Treier. Para ele, afirmar que "cada vez mais empresas deixam a China", como fizeram recentemente diversas publicações alemãs, é errado.

Segundo a DIHK, entre 2003 e 2007, as empresas participantes sinalizaram que havia diminuído a necessidade de transferir a produção para o exterior. No entanto, devido à alta do euro neste ano, voltou a ser interessante para empresas que comercializam produtos na zona do dólar construir unidades de fabricação neste mercado.

Decisões a curto prazo

Para a VdI, o fato de muitas empresas desistirem de suas operações no exterior muitas vezes se deve à "falta de visão" ao se tomar decisões. "O tempo de adaptação no novo ponto, o estabelecimento de uma rede de abastecimento e os custos de monitoração e controle muitas vezes não são levados em conta", avalia a associação.

Treier acrescenta que também a escolha do pessoal freqüentemente representa um problema. "Há muitas surpresas desagradáveis", alerta. No caso da China, a falta de segurança na produção é outro motivo mencionado por empresas que desistem deste mercado.

Em seu parecer, a firma Steiff declarou que deficiências na qualidade e longos percursos de transporte foram os critérios que a fizeram deixar o país. Em entrevista à imprensa, o diretor Martin Frechen argumentou que a China é "simplesmente imprevisível para produtos premium".

Além disso, o boom econômico teria causado uma enorme flutuação de pessoal, o que leva os funcionários de uma empresa a mudarem de emprego por uma diferença de 20 dólares ao ano, enquanto que a Steiff levaria até 12 meses para treinar um empregado em sua função.

Petróleo é barreira ao comércio

No futuro, também os crescentes custos de energia poderiam levar empresas a retornar à Alemanha. Na economia globalizada, fabricantes – de automóveis a computadores – simplesmente encomendam os componentes necessários para sua produção onde for mais barato. Em seguida, as peças são enviadas de navio, avião ou caminhão à unidade de montagem.

Até agora, os custos de transporte não tiveram influência. Mas, com o aumento do preço do petróleo, isso poderia se tornar um grande obstáculo ao comércio. Segundo Treier, já é possível observar tal fenômeno em vários casos, embora ainda não se possa registrar uma tendência geral.