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Cúpula de Guadalajara discute multilateralismo e coesão social

(gh)27 de maio de 2004

Primeira conferência da União Européia ampliada com a América Latina. Governo alemão busca apoio para a reforma da ONU. Schröder encontra-se com Lula.

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Presidente mexicano Vicente Fox pede fim do "unilateralismo"Foto: AP

Cinqüenta e oito chefes de Estado e de governo europeus e latino-americanos reúnem-se neste fim de semana na 3ª Conferência de Cúpula UE-América Latina e Caribe, na cidade de Guadalajara, no México. É a primeira vez que a União Européia ampliada, com 25 países-membros, participa de uma conferência internacional.

Os dois principais assuntos do encontro serão a "coesão social" e o "multilateralismo". Europeus e latino-americanos discutirão medidas para reduzir a pobreza e as desigualdades sociais na América Latina e formas de solucionar conflitos internacionais no âmbito das Nações Unidas. A UE acaba de liberar 30 milhões de euros para projetos sociais na América Latina. O uso da expressão "multilateralismo" já é um claro distanciamento dos Estados Unidos, que invadiram o Iraque sem mandato da ONU. "Temos que acabar com o unilateralismo", disse o presidente mexicano Vicente Fox.

Reforma da ONU

O chanceler alemão Gerhard Schröder, que embarcou para o México nesta quarta-feira (26/05), quer abordar também a reforma das Nações Unidas . Ele reiterou o desejo da Alemanha de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. "Conheço poucos que tenham algo contra isso", disse.

Segundo o porta-voz do governo alemão, Thomas Steg, os 58 países participantes da conferência representam um terço dos membros das Nações Unidas. "Por isso, a cúpula de Guadalajara é um fórum importante para debater o futuro da ONU", disse.

Schröder já participou das duas cúpulas anteriores, em junho de 1999, no Rio de Janeiro, na condição de presidente do Conselho Europeu, e em maio de 2002, em Madri. O objetivo dos encontros, que ocorrem alternadamente na América Latina e na Europa, é a formação de uma "parceria estratégica" e uma "liberalização do comércio" favorável aos dois continentes.

UE e Mercosul

A questão do livre comércio também está em pauta em Guadalajara. A UE e a América Latina têm seis das dez maiores economias do mundo e os europeus são o segundo principal parceiro comercial dos latino-americanos. Os dois lados têm grande interesse em reduzir as barreiras alfandegárias para a circulação de bens e serviços. "A América Latina e o Caribe constituem uma das regiões econômicas mais dinâmicas do mundo", disse Schröder, na cúpula do Rio.

Na construção da ponte comercial transatlântica, os europeus travam uma disputa com os norte-americanos que, em 1º de janeiro de 2005, querem criar a maior zona de livre comércio do mundo, do Alasca à Terra do Fogo. Paralelamente, ocorrem as negociações sobre liberalização do comércio entre UE e Mercosul, a serem concluídas até outubro de 2004. Além disso, os cinco membros do Pacto Andino (Bolívia, Equador, Colômbia, Peru e Venezuela) e os países centro-americanos querem formar uma zona de livre comércio com a União Européia.

O México, que integra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), foi o primeiro país latino-americano a assinar um acordo de parceria com a UE, em julho de 2000, seguido pelo Chile, em 2002. Por conta dessa parceria, as exportações mexicanas para a Europa aumentaram 25% nos últimos três anos. A Alemanha é um dos principais parceiros comerciais do México.

Conversações bilaterais

Como Schröder não tem mais nenhuma viagem planejada para a América Latina este ano, aproveitará a cúpula no México para uma série de conversações bilaterais. Ele agendou encontros com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Ricardo Lagos (Chile), Néstor Kirchner (Argentina), Alejandro Toledo (Peru), Oscar Berger (Guatemala) e Lúcio Gutiérez (Equador). Além de tratar das relações bilaterais, vai pedir-lhes apoio ao desejo alemão de integrar o Conselho de Segurança da ONU.

A declaração final da conferência UE-América Latina deverá ressaltar a necessidade de reforma da ONU, condenar o terrorismo, a corrupção e o tráfico de drogas. As conseqüências concretas do documento, porém, são incertas. "Na primeira conferência de cúpula, no Rio, foram definidas 55 prioridades, a maioria delas nunca saiu do papel", disse recentemente o embaixador do México na UE, Porfirio Ledo.