1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Brasil apoia resolução da ONU contra invasão da Ucrânia

26 de fevereiro de 2022

Bolsonaro vinha sendo pressionado por não se posicionar sobre o conflito, após ter declarado solidariedade à Rússia em visita à Putin. Rússia, porém, veta texto que condenava intervenção militar em solo ucraniano.

https://p.dw.com/p/47dOt
Maioria dos membros do Conselho de Segurança da ONU vota a favor da resolução contra invasão da Ucrânia
Maioria dos membros do Conselho de Segurança da ONU vota a favor da resolução contra invasão da Ucrânia Foto: John Minchillo/AP/dpa/picture alliance

A missão brasileira no Conselho de Segurança da ONU votou nesta sexta-feira (25/02) a favor de uma resolução da entidade condenando a invasão da Ucrânia pela Rússia, apesar de o governo brasileiro ter hesitado em tomar uma posição desde o início do conflito.

O Brasil, que ocupa um dos assentos temporários no Conselho, das foi uma das 11 nações a apoiar a resolução, que acabou sendo vetada pela Rússia. O resultado, porém, foi considerado uma vitória das nações que se opõem à guerra na Ucrânia, por revelar o isolamento russo no cenário internacional.

O presidente Jair Bolsonaro, que há poucos dias visitou o líder russo Vladimir Putin em Moscou e declarou solidariedade à Rússia, vinha sendo pressionado para tomar uma posição. O Departamento de Estado americano fez severas críticas a Bolsonaro, e disse que sua postura minava os esforços diplomáticos pela paz na Ucrânia.

Nesta quinta-feira, Bolsonaro desautorizou o vice-presidente, Hamilton Mourão, que condenou publicamente a intervenção militar de Moscou. Em entrevista a jornalistas, Mourão disse que o Brasil não estava neutro sobre o tema e se opunha à invasão da Ucrânia pela Rússia. "O Brasil não concorda com a invasão do território ucraniano", afirmou.

 

No mesmo dia, em uma transmissão ao vivo em redes sociais, Bolsonaro declarou que ele é a única autoridade indicada para se manifestar sobre o tema, e que faria uma reunião para analisar a situação.

"Quem fala dessa questão chama-se Jair Messias Bolsonaro. Mais ninguém fala. Quem está falando, está dando peruada naquilo que não lhe compete", afirmou o presidente. "O artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso, e eu vi a imagem, falou mesmo, está falando algo que não deve. Não é de competência dela, é de competência nossa."

Na votação desta sexta-feira, o embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho, afirmou que o Conselho de Segurança "deve reagir de forma rápida ao uso da força contra a integridade territorial de um Estado-membro. Uma linha foi cruzada e esse Conselho não pode ficar em silêncio".

Bolsonaro declarou solidariedade à Rússia durante visita a Vladimir Putin em Moscou
Bolsonaro declarou solidariedade à Rússia durante visita a Vladimir Putin em MoscouFoto: Mikhail Klimentyev/Russian Presidential Press Office/TASS/imago images

"O uso da força contra a integridade territorial de um Estado-membro não é aceitável no mundo hoje", ressaltou o embaixador. Suas declarações sinalizam uma mudança de postura em relação a sua intervenção na reunião anterior do Conselho, na última quarta-feira, quando ele evitou mencionar diretamente a Rússia, sem responsabilizar de forma alguma o governo Putin.

Por ser um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, a Rússia tinha o poder de vetar resolução proposta pelos EUA e Albânia, que deplorava nos termos mais fortes a agressão contra a Ucrânia. O documento exigia a retirada imediata das tropas russas do território ucraniano e condenava o reconhecimento por parte de Putin das "repúblicas" separatistas no leste ucraniano.

Além do Brasil, EUA e Albânia, os demais países que apoiaram a resolução foram França, Gabão, Gana, Irlanda, México, Noruega, Reino Unido e Quênia. A China, os Emirados Árabes Unidos e a Índia se abstiveram na votação. O documento segue para apreciação na Assembleia-Geral da ONU, composta por 193 países.

rc (Reuters, ots)