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Borussia e Amoroso vão se separar

av31 de março de 2004

Após uma série de brigas e reconciliações, o time de Dortmund decide se desligar do atacante brasileiro. Amoroso está no Brasil desde outubro de 2003 e diz ter perdido a confiança no Borussia.

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Amoroso de molho desde outubroFoto: Pressebild

“Márcio está indo embora do Borussia para poder continuar jogando”. Assim o fisioterapeuta do campeão Amoroso, Nivaldo Baldo, definiu a vitória sobre os dirigentes do clube de Dortmund, em entrevista exclusiva à DW-WORLD. Agora só falta a assinatura do artilheiro para que se complete a rescisão de seu contrato, e ele estará livre para jogar num dos muitos clubes europeus interessados nele.

Não sem prejuízos: o termo de rescisão inclui cláusulas que limitam a circulação do craque brasileiro. Como a proibição de jogar por qualquer time alemão até 2005, sob pena de pagar uma multa de cinco milhões de euros.

E, no entanto, sublinha Baldo, a breve passagem de Amoroso foi uma verdadeira bênção para o Borussia Dortmund (BVB). “Ele deu ao clube o título de campeão, foi o artilheiro da Bundesliga em 2002, vendeu 120 mil camisas além de CDs de música sem ganhar um tostão.”

Nos últimos tempos, o craque – que se encontra no Brasil desde outubro de 2003 –, vinha arcando com um prejuízo enorme, devido ao corte de 75% de seu salário, lembra Nivaldo Baldo.

O fisioterapeuta acentua que a ruptura não é nem com a cidade de Dortmund nem com seus torcedores, que Amoroso adora. Ele atribui toda a culpa ao técnico Matthias Sammer, que “enterrou o Borussia” e colocou em perigo a carreira do brasileiro. E agora procura utilizá-lo como bode expiatório, para ocultar suas próprias falhas, desabafou Baldo à DW-WORLD.

Atribuir a rescisão ao não comparecimento de Amoroso ao clube em 18 de março seria uma mera manobra de despistamento por parte de Sammer. Na verdade, o time está “quebrado”, não podendo nem mesmo pagar direito o salário do craque.

Apesar da eventuais desvantagens, o fisioterapeuta e seu paciente estão felizes com o desfecho da situação. Era a única maneira de salvar a carreira do craque que, novamente livre, vai “continuar dando o melhor de si”.

A versão do Borussia

Na terça-feira (30), o empresário do clube, Michael Meier, declarou em comunicado à imprensa: “O Borussia Dortmund sempre cumpriu plenamente suas obrigações perante Márcio Amoroso. Não houve um pedido de demissão por parte dele. O jogador pediu simplesmente sua liberação internacional.”

Ele propôs ao artilheiro brasileiro um acordo para suspensão de contrato e parte do princípio de que as formalidades logo estarão esclarecidas.

Perda de confiança

Três meses após a cirurgia de joelho realizada nos Estados Unidos, Amoroso era esperado no clube em 18 de março. Ao invés disso, o jogador de 29 anos comunicou que continuaria o programa de reabilitação física no Brasil, não devendo retornar à ativa antes de 1º de julho, já que seu joelho ainda estaria “instável”.

Em entrevistas, Amoroso reclamou: “Minha lesão não foi diagnosticada direito em Dortmund. Aqui no Brasil, os médicos descobriram uma outra lesão nos ligamentos do joelho. Fiquei assustado. Não tenho mais confiança para voltar ao clube.”

Investimento sem retorno

Já havia sinais de que o Borussia estava perdendo a paciência com o o jogador mais caro da Bundesliga. Meses antes, em circunstâncias semelhantes, o BVB já acusara Amoroso de quebra de contrato, impondo-lhe uma multa.

Porém as partes se reconciliaram antes do fim do ano. O craque e o presidente do clube, Gerd Niebaum, apresentaram-se de braços dados à imprensa, e o brasileiro declarou: “Minha meta e meu sonho é voltar a vestir as cores do Borussia Dortmund e fazer gols para a torcida do BVB, que tanto amo.”

E Niebaum esperava “com o início da temporada, reintegrar Amoroso no time”. O BVB parecia realmente disposto a tudo para ter seu craque de volta, e recuperar ao menos parte da soma recorde de 25 milhões de euros, que lhe custara o passe do brasileiro.

Com a suspensão do contrato, caem essas esperanças. Amoroso poderá passar a um outro clube, sem multa rescisória. O único consolo para o Borussia será a economia de um salário milionário, estimado em 4,5 milhões de euros por ano.