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Biotecnologia nada contra a maré

rw26 de agosto de 2003

Considerada até pouco tempo uma saída para a crise, a área da biotecnologia começa a resignar na Alemanha. Associação alemã das empresas do setor acusa "grupos" de espalhar pânico entre políticos e opinião pública.

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Biotecnologia sofre resistência na AlemanhaFoto: AP

Pequenas, mas inovadoras, as indústrias de biotecnologia vivenciaram um verdadeiro boom nos últimos anos na Alemanha. A depressão na bolsa de valores e a polêmica em relação à nova tecnologia, entretanto, vêm atrapalhando seu desenvolvimento. Nem mesmo os mais otimistas continuam acreditando na possibilidade de uma equiparação da indústria alemã de biotecnologia à concorrência norte-americana.

O número de empresas germânicas do setor diminuiu em 1% no ano passado, para 360, mas deve continuar se reduzindo de forma drástica nos próximos tempos, conforme prognósticos da Associação Alemã das Indústrias de Biotecnologia. As mais atingidas deverão ser as firmas de pequeno porte, com menos funcionários. Em 2002, o número de postos de trabalho diminuiu em 7%, para 13.400.

A onda de abertura de novas empresas já passou, devido também à falta de capital de risco, declara Peter Stadler, presidente da associação. "Em comparação com o ano anterior, quando foram investidos 525 milhões de euros, no ano passado a indústria alemã da área dispôs de apenas 207 milhões. Ou seja, 40% a menos. Nos Estados Unidos, por exemplo, foram aplicados 2,1 bilhões de dólares", explica Stadler.

Influência política – Stadler reclama que a insegurança no setor deve-se também à política de Berlim, principalmente do Ministério de Defesa do Consumidor, chefiado pela verde Renate Künast. Atualmente, o mercado farmacêutico alemão dispõe de cerca de 100 medicamentos fabricados com organismos geneticamente modificados. Destes, feitos com 72 substâncias, apenas 14 são produzidos na Alemanha. Atualmente, 15 novas substâncias estão em fase de desenvolvimento no país. Só a título de comparação: na Suíça são 79 e na Grã-Bretanha, 97.

"A questão crucial é o governo viabilizar diretrizes de patenteamento. Sem uma proteção deste tipo, é difícil atrair a iniciativa privada e competir no mercado internacional. Não pode ser que uma diretriz que levou 10 a 15 anos para ser elaborada ainda não tenha sido transformada em direito internacional na Alemanha, só porque há alguns grupos que conseguem meter medo nos políticos e na população", argumenta Stadler.

Contra-senso - Harald Stollberger, responsável pelo emprego de biotecnologia na produção vegetal e animal, reclama da indecisão do governo: ao mesmo tempo em que o setor tem o incentivo dos ministérios da Pesquisa e da Economia, o de Defesa do Consumidor impede seus avanços. As conseqüências desta política são temidas por Stollberger:

"Justamente as grandes empresas norte-americanas de biotecnologia e de defensivos agrícolas estão voltando as costas não só para a Alemanha, como para a Europa. Isso que os produtos fabricados com base na tecnologia genética há muito já são realidade. No mercado alemão de alimentos, por exemplo, 60 a 70% dos produtos – principalmente pães e queijos – envolvem algum processo da biotecnologia em sua fabricação".