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Big Brother em Gibraltar

Steffen Leidel / mh5 de novembro de 2002

A polícia espanhola controla o Estreito de Gibraltar com o auxílio de câmeras infravermelhas de alta resolução e equipamentos de radar.

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Imigrantes ilegais no Estreito de GibraltarFoto: AP

A central de comando do novo sistema de supervisão, em Algeciras, no sul da Espanha, abriga sobretudo televisores: um monitor panorâmico no centro da sala, com oito monitores de cada lado. O monitor maior mostra o Estreito de Gibraltar, completamente digitalizado.

Os contornos do sul da Espanha e do norte do Marrocos aparecem em amarelo, os povoados são marcados em verde. Sobre a superfície negra do mar, movimentam-se pontos claros. "Esses são todos os objetos que estão passando agora pelo estreito", diz o tenente Alonso, chefe da central. Basta um clique com o mouse, para ver o objeto suspeito em close.

Não há como escapar

O Sive foi apresentado pela primeira vez ao público no verão europeu. Uma parte das câmeras infravermelhas de alta resolução e dos sistemas de radar está instalada em torres ao longo do litoral, outros equipamentos se encontram em barcos de patrulha e helicópteros. Dizem que nem uma bola de futebol flutuando sobre a superfície numa noite nebulosa escapa das câmeras.

Mas até o momento, o Sive vigia somente o ponto mais estreito de Gibraltar, que mede 14 quilômetros. Até 2005 o sistema deverá controlar toda a costa espanhola meridional. À noite, principalmente, as pessoas tentam atravessar o estreito amontoadas em pequenos barcos. Os imigrantes vêm quase sempre do Marrocos, Serra Leoa e Nigéria. Mais de 4 mil pessoas morreram afogadas nos últimos cinco anos, sem contar os casos não registrados, estimados em mais do que o dobro.

Sucesso duvidoso

O Sive, porém, não serve somente para prender imigrantes ilegais. "Nós queremos principalmente salvar vidas", afirma Alonso repetidamente. "Agora podemos evitar acidentes graves interferindo a tempo." Todavia é duvidoso se isso corresponde à realidade. Apesar do Sive, ocorreram acidentes trágicos neste verão.

Críticos acham o sistema, que custou mais de 140 milhões de euros, absurdo. "Isso não vai deter o fluxo de imigrantes", diz indignado Francisco Olmos Checa, professor universitário e especialista em migração. Segundo ele, o Sive apenas levou os refugiados a buscar novos caminhos, mais perigosos.

Controle do tráfico de drogas

O tenente Alonso não aceita a crítica ao sistema, que em parte foi financiado pela União Européia. "O Sive simplesmente nos permite ver tudo e interferir a tempo." Não são só os imigrantes ilegais que interessam aos fiscais, diz Alonso, acentuando que o sistema também ajuda a controlar o tráfico de drogas. Segunda levantamentos da polícia, 60% da maconha comercializada na Europa vem através do Estreito de Gibraltar.