Berlinenses fazem protesto diário contra monumento
8 de agosto de 2017A controversa construção do Memorial da Unidade Alemã, projetado no centro histórico de Berlim para homenagear os protestos pacíficos na antiga República Democrática Alemã (RDA) e a Reunificação, não é mais apenas alvo de debates – agora também está atraindo protestos diários.
Um grupo decidiu se reunir todos os dias às 7h da manhã por ao menos 7 minutos para fazer ouvir sua voz contra o monumento.
Apelidada de "Gangorra da Unidade" (Einheitswippe), a obra tem inauguração prevista para novembro de 2019, para coincidir com o aniversário de 30 anos da queda do muro de Berlim. O projeto lembra uma enorme gangorra de metal sobre a qual visitantes poderão caminhar.
Aludindo à alegria e gratidão pela Reunificação e pela vitória da liberdade, o memorial será erguido em frente ao Palácio de Berlim. No futuro, o palácio abrigará o Fórum Humboldt: um centro cultural e museu com foco nas culturas mundiais, antropologia e etnologia.
Para a Associação do Centro Histórico de Berlim, porém, o local é inadequado. O grupo diz que o monumento que glorifica a Alemanha não combina com a instituição vizinha, que promove a troca cultural e compreensão internacional.
"O Fórum Humboldt deveria se tornar um lugar das culturas mundiais. Com o plano de colocar um monumento a uma alegria intrinsecamente alemã em frente à entrada, ele acabará ficando completamente ridículo”, disse a diretora da associação, Annette Ahme, à agência alemã dpa.
Críticos já vinham reclamando que a peça destoa da região escolhida para abrigá-la: o Palácio de Berlim, de estilo barroco, está sendo reconstruído próximo à Ilha dos Museus, repleta de construções clássicas. A dita "gangorra”, além disso, será posicionada sobre o pedestal de um antigo monumento nacional dedicado ao primeiro imperador da Alemanha, o rei Guilherme 1º da Prússia.
Para a Associação do Centro Histórico de Berlim, há lugares mais apropriados para um monumento à unidade nacional, como a área do Parlamento e da Chancelaria. O plano é manter os protestos até a eleição legislativa na Alemanha, em 24 de setembro.
O governo alemão surpreendeu ao autorizar a construção do monumento mais cedo neste ano, depois que o financiamento do projeto havia sido suspenso, em abril de 2016, devido à escalada nos custos da obra, que subiram de estimados 10 milhões para 15 milhões de euros.
PJ/dpa