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Estudos brasileiros

12 de fevereiro de 2010

Inaugurado em Berlim núcleo acadêmico que tentará suprir déficit de pesquisas sobre o Brasil na Alemanha. Centro é tido como o maior do gênero na Alemanha e na Europa.

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A Universidade Livre de Berlim abriga o novo núcleoFoto: picture-alliance/dpa

Existe um déficit de estudos sobre o Brasil na área de ciências humanas na Alemanha e pouca cooperação acadêmica entre os dois países, levando-se em consideração a importância que o Brasil tem para os alemães e europeus. Essa é a conclusão de um estudo publicado no ano passado pelo Instituto Ibero-Americano de Berlim. Para reverter esse quadro, foi inaugurado neste mês na capital alemã o Centro de Pesquisas Brasileiras.

"Podemos dizer que esse centro é único na Europa", afirma o sociólogo brasileiro Sérgio Costa, diretor do Centro de Pesquisas Brasileiras. "Há em Oxford um centro relativamente grande e em Paris também. Mas em ambos os casos, esses núcleos tiveram o tamanho bastante reduzido nos últimos anos", lembra.

Centro abrange sete disciplinas

Vinculado à Universidade Livre de Berlim, o Centro de Pesquisas Brasileiras abrange as disciplinas história, economia, sociologia, ciência politica, literatura, antropologia e geografia. O núcleo reúne não só profissionais do Instituto Latino-Americano, mas também de outros departamentos da universidade berlinense. "Somos seis professores catedráticos, oito pesquisadores assistentes e quase 25 doutorandos. Com essas dimensões não existe um centro na Europa que trabalhe especificamente sobre o Brasil", ressalta Costa.

Um dos principais objetivos da nova entidade é apoiar o desenvolvimento de pesquisas sobre temas brasileiros na Alemanha, cuja quantidade é relativamente pequena, principalmente quando se compara com outras nações latino-americanas, afirma Costa. "No campo das ciências sociais e da cultura, a quantidade de estudos existentes na Alemanha não corresponde à importância do Brasil no contexto mundial", diz o sociólogo. "Então, esse centro preenche uma lacuna comprovadamente existente no país", ressalta.

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Estudo mostra déficit de trabalhos sobre o Brasil

A afirmação é baseada em dados concretos, revelados em uma pesquisa feita pelo Instituto Ibero-Americano de Berlim, uma das mais importantes instituições culturais do país. Envolvendo 14 disciplinas da área de ciências humanas e econômicas nas quais são desenvolvidas pesquisas sobre países latino-americanos, o estudo detectou que o Brasil está pouco representado entre os trabalhos de investigação científica sobre o continente realizados nas instituições acadêmicas alemãs.

Publicada no ano passado, a investigação concluiu que – no campo dos estudos sobre América Latina nas áreas das ciências econômicas, sociais e humanas – "é muito pouco desenvolvida a "cooperação institucional da Alemanha com o Brasil, país considerado pela União Europeia desde julho de 2007 um parceiro estratégico". Além disso, nessas áreas de estudo, "o Brasil não tem merecido atenção que faça jus ao seu tamanho e importância", ressalta o trabalho, realizado pelos pesquisadores alemães Barbara Göbel, Peter Birle e Johannes Specht.

A sondagem indica que, com 84 estudos, o Brasil ocupa o terceiro lugar entre os temas latino-americanos escolhidos pelos acadêmicos na Alemanha, atrás do México (134) e da Argentina (94). A pesquisa incluiu as investigações científicas na área de ciências sociais e econômicas em andamento na Alemanha no ano de 2007. O Chile está em quarto lugar, com 48 trabalhos.

Projetos financiados pelo governo alemão

Em pleno funcionamento, o Centro de Estudos Brasileiros já dispõe de um conjunto de investigações em curso, garante Sérgio Costa. "São temas variados, em disciplinas variadas. Temos cerca de 25 projetos de doutorado desenvolvidos no centro. Tratam dos temas mais diversos, desde uma comparação dos ideais do amor romântico na Alemanha e no Brasil até a história da globalização do futebol a partir do século 19", enumera.

"Além disso, há projetos de pesquisa maiores, com um número maior de pesquisadores. Eu destacaria dois deles, financiados pelo Ministério alemão da Educação e Pesquisa: um sobre desigualdades sociais e outro sobre biocombustíveis, que também compara o Brasil com outras regiões do mundo", lembra.

O incentivo à formação de jovens pesquisadores sobre temas brasileiros está também entre as principais metas do Centro de Estudos Brasileiros. "E nesse aspecto entra a questão da língua", observa Sérgio Costa.

"Na Alemanha, o ensino de espanhol é muito difundido, enquanto o ensino de português é muito menos acessível e menos divulgado. Nesse sentido, a formação de novos pesquisadores visa a despertar o interesse para o ensino de português, desde a graduação ou o mestrado", ressalta.

Autor: Marcio Damasceno
Revisão: Simone Lopes