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Beckenbauer ataca direção da DFB

gh16 de fevereiro de 2005

Presidente do Comitê Organizador da Copa 2006 diz que comando duplo da Confederação Alemã de Futebol não funciona e escândalos desviam a atenção dos preparativos para o Mundial.

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Beckenbauer está irritado com a cúpula do futebol alemãoFoto: AP

"A Alemanha não precisa correr contra o tempo para fazer da Copa do Mundo de 2006 um evento perfeito. Tudo já está no seu devido lugar: ingressos à venda, estádios praticamente prontos e o setor de turismo fazendo ações em todo o mundo." Esta imagem da perfeição alemã, veiculada na imprensa brasileira, está sendo arranhada pelo escândalo das apostas e por intrigas na direção da Confederação Alemã de Futebol (DFB).

O abalo causado pelas denúncias de corrupção no futebol alemão é tal que levou o presidente do Comitê Organizador da Copa, Franz Beckenbauer, a desabafar. "A introdução da presidência partilhada da DFB, com Gerhard Mayer-Vorfelder e Theo Zwanziger, provavelmente foi um erro. O comando duplo foi instalado com boa intenção, mas não pode funcionar, pois desperdiça energia demais em brigas secundárias", disse o kaiser em Berlim.

"Primeiro, foi criado um comando duplo que não funciona. Agora, passamos o tempo todo ocupados com o escândalo das apostas. Espero que não expluda mais outra bomba, pois daí poderemos fechar o boteco", desabafou Beckenbauer durante a entrega dos prêmios aos vencedores do concurso de curtas "Shoots Goals! Shoots Movies", realizado pela Fifa no âmbito da Berlinale – o Festival Internacional de Cinema em Berlim.

Os ataques de Beckenbauer dirigiram-se, sobretudo, contra Mayer-Vorfelder, há tempo criticado pela imprensa por cartolagem na direção do futebol alemão. "Mas até a Copa de de 2006, a DFB terá de suportá-lo. Ele foi eleito e temos de conviver com esta situação", disse Beckenbauer. Segundo informações do jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ), na última reunião de diretoria da confederação, já houve uma tentativa de derrubar Mayer-Vorfelder através de uma moção de desconfiança.

Cartolas unidos

Enquanto isso, Theo Zwanziger tenta impedir uma escalada do conflito na direção da DFB. Ele disse ao FAZ que concorda com o comando duplo até a Copa, mas quer uma clara divisão de tarefas com Mayer-Vorfelder. "Sem querer derrubá-lo, espero que ele deixe o comando operativo sob responsabilidade de um grêmio rapidamente acessível, presidido por mim", disse.

Um sinal de que Mayer-Vorfelder está perdendo poder é que ele foi excluído da presidência executiva, formada por quatro dirigentes: Zwanziger, mais o tesoureiro Heinrich Schmidhuber, o presidente da Liga Alemã de Futebol, Werner Hackmann, e o secretário-geral da DFB, Horst Schmidt. Este grêmio foi encarregado de esclarecer o mais rápido possível o escândalo dos jogos manipulados por juízes subornados pela máfia das apostas.

Apagando incêndios

As turbulências na direção da DFB, acusada de passividade no escândalo das apostas, preocupam o Comitê Organizador da Copa de 2006. "O clima, no momento, não é nada bom", disse Beckenbauer, que desde o início rejeitou o comando duplo da DFB.

Em tom irônico, Beckenbauer disse estar "muito satisfeito em ter gente tão boa" no Comitê Organizador. "Há meses estamos ocupados em apagar um incêndio após o outro. Primeiro, foi a procura de um novo treinador para a seleção, daí veio o polêmico comando duplo e agora o escândalo das apostas, que desviam a atenção do principal: os preparativos para o Mundial de 2006", afirmou.

Apesar das críticas, Heinrich Schmidt acredita que o comando duplo da DFB será mantido até o Mundial. "Mayer-Vorfelder e Zwanziger estão longe de fazer um jogo de cão e gato", disse.