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Corte da dívida

22 de janeiro de 2012

Para chefe do Deutsche Bank, Europa irá pagar caro pelo planejado corte de metade da dívida grega. Mas mesmo que ele se concretize, economistas duvidam que ele seja suficiente para alívio permanente das finanças do país.

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Especialistas falam em necessidade de corte de até 80% da dívida grega
Especialistas falam em necessidade de corte de até 80% da dívida gregaFoto: picture-alliance/DeFodi

Quando os ministros de Finanças dos 17 países da zona do euro se encontrarem nesta segunda e terça-feira (23 e 24/01) com os colegas dos dez países-membros da União Europeia (UE) sem a moeda comum, eles terão na agenda o mesmo grande problema que tinham na reunião do Conselho de Ministros do ano passado: a crise de endividamento na Grécia.

Atualmente, os especialistas da chamada Troika (grupo formado por Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) avaliam mais uma vez se a Grécia cumpriu suas metas para que o pagamento da próxima parcela do pacote de resgate possa ser efetuado. Mas já ficou claro que enquanto o déficit grego é muito alto, seu crescimento econômico é muito baixo.

Em entrevista, a chefe alemã de governo, Angela Merkel, afirmou acreditar que somente em 2020 a Grécia irá conseguir se recuperar, ou seja, irá conseguir por conta própria levantar dinheiro no mercado de capitais. Assim, caso Atenas não receba dinheiro da UE e do FMI até meados de março, o país estaria insolvente.

Atualmente está em negociação um corte da dívida soberana grega. Os bancos devem renunciar a 103 bilhões de euros dos empréstimos, isso representa 50% da dívida e é condição para que o país receba um segundo pacote de ajuda econômica da UE. No entanto, as negociações entre o governo em Atenas e a associação internacional de bancos IIF, que já deveriam ter terminado há muito tempo, desenrolam-se com extrema lentidão.

Memorando de entendimento

Ao renunciar à metade da dívida, os credores obtêm a garantia de que os 50% restantes serão pagos – o vencimento dos empréstimos e as taxa dos juros sobre esses títulos continuam, todavia, o ponto de discórdia. Os bancos exigem juros de até 4,6% ao ano, enquanto políticos defendem uma taxa menor que 3%. Pelo desejado prazo de empréstimos de 30 anos, isso faz uma enorme diferença.

O chefe de negociações da associação internacional de bancos, Charles Dallara, partiu de Atenas neste sábado (21/01) e as negociações prosseguiram por telefone. Mas até este domingo, não havia sido encontrada nenhuma solução. Segundo a mídia grega, um memorando de entendimento está sendo esperado para esta segunda-feira.

No entanto, mesmo que tal memorando venha a se concretizar, isso não significa que o corte da dívida seja perfeito. Tudo vai depender de quantos bancos e outros proprietários de títulos da dívida grega irão participar e renunciar ao dinheiro. Segundo informações dos próprios ministros de Finanças, eles pretendem apresentar, juntamente com o IIF, o memorando aos ministros do Eurogrupo nesta segunda-feira.

Chefe do Deutsche Bank: 'Europa vai pagar caro'
Chefe do Deutsche Bank: 'Europa vai pagar caro'Foto: dapd

"Princípio violado"

Economistas duvidam, no entanto, que o planejado corte da dívida seja suficiente para um alívio permanente das finanças estatais gregas. Mesmo que os credores privados da Grécia renunciem a 70% dos empréstimos, isso não seria eficaz para ajudar o país, afirmou a revista Spiegel, neste domingo, citando pesquisadores do Instituto da Economia Mundial em Kiel.

Caso os juros dos mercados continuem no nível atual, os especialistas afirmam que a Grécia teria de ser aliviada em 80% de todas as suas dívidas. Para o presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann, a longo prazo, o corte da dívida da Grécia irá sair caro para os europeus.

"A expectativa era que os títulos estatais fossem reembolsados em 100%. Esse princípio foi violado – contrariamente a todas as declarações proferidas anteriormente", disse Ackermann em Berlim. "Por tal vamos ter de pagar um preço alto, entre outros em forma de juros mais elevados, que investidores irão exigir de muitos governos", acresceu.

Autores: B. Riegert / F. Schulz / C. Albuquerque
Revisão: Francis França