Bancos alemães combatem lavagem de dinheiro do terror
27 de agosto de 2002Após o 11 de setembro de 2001, o Dresdner Bank descobriu que entre os seus clientes encontrava-se Mohammed Atta, um dos pilotos suicidas dos atentados contra o World Trade Center de Nova York.
A partir daí, o banco começou a procurar, sistematicamente, terroristas entre os seus clientes, revelou Karl-Heinz Symann, diretor do Corporate Security do Dresdner Bank. O departamento possui 30 funcionários, encarregados de impedir que criminosos abram contas no banco e, se for o caso, detectar essas contas.
Ao lado do terrorismo, o principal alvo é a lavagem de dinheiro. A nova lei para combater essa prática nas instituições de crédito (KWG) obrigou os bancos, a partir de junho de 2002, a adotar sistemas de segurança e investigar contas suspeitas.
Mas quando é que uma transação bancária pode ser qualificada como suspeita? O problema não é simples, admite Jürgen Kayser, diretor da seção de investigações financeiras do Departamento de Criminalística do estado da Renânia do Norte-Vestfália, o mais populoso da Alemanha. Na sua opinião, é importante aperfeiçoar o gerenciamento de dados e a troca de experiências.
Sistemas de computadores não acham tudo
A maioria dos bancos utiliza softwares especializados ou desenvolvem seus próprios programas para detectar contas suspeitas. Por exemplo, um programa que busca sistematicamente contas onde são feitos muitos depósitos e poucos saques. Tais contas têm grande probabilidade de servirem à lavagem de dinheiro.
Entretanto, encontrar contas de possíveis terroristas é bem mais difícil. A nacionalidade do cliente é um dos muitos parâmetros. Pessoas que se mudaram com freqüência ou recebem depósitos internacionais são também fisgadas pelos computadores. Os clientes suspeitos precisam ser então investigados "à mão" e para isso é necessário a experiência dos funcionários do serviço de atendimento. Eles conhecem os clientes e suas motivações.
Terroristas
Há uma diferença básica entre lavagem de dinheiro e terrorismo, segundo Ron Noble, secretário-geral da Interpol. O dinheiro dos terroristas é quase sempre ganho legalmente e depositado em pequenas quantias, que não levantam suspeita. Os bancos, nesses casos, não têm de se preocupar com a origem do dinheiro, como em casos de lavagem de dinheiro, e sim com o seu destino.
Por exemplo, as doações que foram feitas à associação Al Aqsa, em Aachen (oeste da Alemanha), a qual é acusada de sustentar famílias de terroristas que cometeram atentados suicidas em Israel. A Al Aqsa foi proíbida pelo Ministério do Interior poucas semanas atrás.
Cresce número de suspeitos
Em 2001, o Departamento de Criminalística do estado da Renânia do Norte-Vestfália investigou 1.500 denúncias contas suspeitas. No primeiro semestre de 2002 foram 1.010 contas. 85% das denúncias vêm de bancos, o resto de cassinos e companhias de seguros. "Cerca de um terço das denúncias levam a processos criminais e 5% delas a grandes processos", concluiu Karl-Heinz Kayser.