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Aílton vai jogar na seleção do Catar

Marion Andrea Strüssmann5 de março de 2004

Artilheiro do Campeonato Alemão, Aílton, do Werder Bremen, cansou de esperar por uma oportunidade de vestir a camisa da seleção canarinho. De malas prontas, ele irá para o Catar realizar o sonho de jogar em uma seleção.

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O brasileiro realiza um sonhoFoto: AP

Aílton é sem dúvida uma das estrelas do atual futebol europeu. Nos últimos 22 jogos do Campeonato Alemão, o artilheiro do Werder Bremen marcou 20 gols. Seu desempenho é notável e sua carreira vai bem, obrigado. Tudo seria perfeito, não fosse um detalhe: até hoje, o craque brasileiro nunca teve a chance de entrar em campo pela seleção Canarinho.

Aos 30 anos, seu desejo de jogar uma Copa ainda é latente, embora, realista, não acredite que o sucesso no estrangeiro tenha um impacto tão forte em solo nacional. Pelo menos forte o suficiente para conquistar a atenção do técnico Parreira.

O universo futebolístico, porém, é grande e a bola rola rapidamente de um lado para outro. O Catar, país encravado em uma península no golfo Pérsico, no Oriente Médio, está interessadíssimo em participar da próxima Copa do Mundo, em 2006, na Alemanha. Para tanto, precisa de uma seleção com atletas de primeira linha, capaz de vencer os jogos eliminatórios e garantir uma vaga na grande disputa mundial.

Com dinheiro no bolso, aliás, muito dinheiro, a solução é trazer craques de fora para integrar a seleção do Catar. Um dos convidados foi justamente Aílton. A proposta é tentadora: além de receber a cidadania catariana e uma boa quantia em dinheiro, que a imprensa alemã estima em mais de 1 milhão de euros e um salário anual de 400 mil euros, o brasileiro realizaria o sonho de jogar em uma seleção.

Melhor momento da carreira

Ailton
Aílton, Werder BremenFoto: AP

"A parte financeira é importante, mas o que pesou foi a minha vontade de participar de uma seleção", declarou Aílton em entrevista exclusiva para a DW-WORLD, confirmando que pretende viajar o quanto antes para o Catar, tão logo a papelada fique pronta, para receber a cidadania e assinar o contrato. Se tudo der certo, no dia 31 de março o artilheiro brasileiro estará defendendo a seleção do Catar no jogo contra a Jordânia pelas eliminatórias da Copa do Mundo.

Satisfeito com o novo desafio, Aílton disse que está no melhor momento de sua carreira e de sua vida. Para ele, a proposta do Catar é um reconhecimento e tanto do potencial de seu futebol.

Alegria e indignação

Alegria por um lado, indignação por outro. Quem não gostou nem um pouco desta história foram os cartolas. O técnico da seleção alemã de futebol, Rudi Völler, criticou a conduta do Catar de reunir craques de outras nacionalidades em uma mesma equipe, oferecendo dinheiro e cidadania. "Isto não está certo".

Mais enfurecido ainda está Rudi Assauer, diretor do Schalke, clube em que Aílton atuará a partir da próxima temporada. "Tudo só por dinheiro. Deste modo absurdo é formada uma seleção. Não sei como a Fifa e a Uefa não tomam providências".

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Aílton, craque do Werder Bremen

"Não entendo por que ele ficou tão brabo", retrucou Aílton, que sabe que Assauer não gostou da decisão. Ele esclareceu, entretanto, que jogar pela seleção do Catar não irá interferir em seu desempenho no clube alemão. Afinal, ele vai para os jogos e retorna rapidinho. "Além do mais, foi uma decisão minha. Não terei problemas pois o futebol por aqui é bem organizado".

Me leva junto!

Os cartolas torceram a cara mas seus colegas de profissão curtiram a idéia. Aílton contou que alguns até pediram que ele intercedesse e usasse sua influência para, quem sabe, conseguir também uma oportunidade como esta.

Mas, será que a decisão foi realmente bem pensada? Uma vez jogando pela seleção do Catar, as portas para a seleção brasileira fecham definitivamente. "Não fui eu quem desistiu da seleção brasileira, foi a seleção brasileira que desistiu de mim. Agora vou defender a seleção de um país que me deu valor", frisou Aílton. E ele já vai avisando: fará de tudo para ver o Catar brilhar na próxima Copa do Mundo.