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Crise da GM

12 de abril de 2009

Na Alemanha cresce a pressão para que os conservadores da coalizão de governo consintam uma participação estatal na Opel, independentemente de surgir algum investidor interessado na montadora ameaçada de fechamento.

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Conservadores são contra participação estatal na montadoraFoto: AP

"Merkel não vai conseguir impedir por muito tempo um participação estatal na Opel, pois essa é a única possibilidade de salvar a empresa", declarou o presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Franz Müntefering. Em declaração à imprensa alemã, ele advertiu do alto risco de desemprego no caso de um eventual fechamento.

Apesar de reconhecer a importância de se achar um investidor para a Opel, Müntefering prevê que o Estado tenha que oferecer ajuda durante um certo tempo. A chefe de governo alemã, Angela Merkel, abriu perspectivas de garantias estatais para um investidor privado, mas continua rejeitando uma participação estatal na montadora. "Considero insensato a chanceler federal e outros insistirem no 'não'. Não devemos excluir de antemão nada que possa ser necessário", criticou Müntefering.

O candidato social-democrata ao governo federal nas eleições parlamentares de setembro próximo, Frank-Walter Steinmeier, reiterou sua intenção de ajudar a Opel com uma participação estatal, em último caso. Em declaração à revista Wirtschaftswoche, o atual ministro das Relações Exteriores ressalvou que o Estado não é o melhor empresário. No entanto, seria importante observar o significado de uma montadora como a Opel – não apenas para o mercado de trabalho, mas para regiões inteiras.

Steinmeier Opel
Frank-Walter SteinmeierFoto: picture-alliance/ dpa

Steinmeier adverte que só será possível encontrar um investidor se a Opel conseguir se estabilizar a médio prazo. Por isso, o governo não deveria se apressar em descartar um instrumento que poderá ser útil posteriormente, declarou ele.

"Estaríamos ameaçados de conflitos sociais"

Os sindicatos alemães também favorecem o apoio estatal à subsidiária da General Motors ameaçada de fechamento. Para o vice-presidente do sindicato dos metalúrgicos IG Metall, Detlef Wetzel, a Opel dispõe de uma concepção clara e séria para o futuro, não havendo motivos para se excluir um apoio estatal.

O presidente da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB), Michael Sommer, acredita que a Opel só poderá ser salva por uma participação do Estado. "O que importa não são as marcas de automóvel, mas sim os muitos empregos que poderão se perder na Alemanha e na Europa", assinalou ele. Sua sugestão é de que a Opel se torne pioneira de uma indústria automobilística ecológica na Europa.

Sommer defende maior empenho do Estado para salvar os empregos ameaçados pela crise. Na sua avaliação, os assalariados não teriam a menor compreensão se o governo se limitasse a liberar "centenas de bilhões de euros para o salvamento do setor financeiro, em forma de ajuda direta ou concessão de garantias, mas nada ou muito pouco para manter os empregos. Caso haja demissões em massa na Alemanha, estaríamos ameaçados de conflitos sociais", advertiu Sommer.

Em caso de insolvência da GM

Os conservadores da União Democrata Cristã (CDU), que formam a coalizão de governo no país, continuam, no entanto, recusando uma participação estatal na Opel. O democrata-cristão Thomas de Maizière, chefe da casa civil, insistiu na importância de se encontrarem investidores para a Opel. "O Estado está ajudando na busca, mas não pretende participar diretamente", declarou ele ao Sächsische Zeitung, acrescentando que o governo estaria procurando interessados "em todos os pontos-cardeais, não apenas na China". De Maizière preferiu não mencionar nomes, "para não prejudicar as negociações".

O governador de Sachsen-Anhalt, Wolfgang Böhmer (CDU) também é contra uma participação estatal na Opel, argumentando que isso poderia significar uma insolvência às custas do Estado. O presidente da União Social Cristã (CSU), Horst Seehofer, também é cético em relação a uma iniciativa estatal nesse sentido; para ele, a política deveria ser uma guardiã dos contribuintes. Somente diante de uma concepção que garantisse o futuro da empresa é que seria justificável investir os recursos arrecadados para salvar empregos, argumentou Seehofer.

Na Alemanha, cerca de 25 mil pessoas são empregadas pela Opel, subsidiária da General Motors. Segundo especulações, a matriz norte-americana estaria se preparando para uma possível insolvência. O diário nova-iorquino Wall Street Journal relatou, em sua edição de sexta-feira (10/04), que a comissão convocada pelo governo em Washington para assessorar a GM considera a insolvência a melhor opção para a montadora.

SM/ap/dpa/afpd/rtrd

Revisão: Soraia Vilela