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Lixo radioativo

25 de novembro de 2011

Material levado para depósito provisório na Alemanha esteve 24 horas parado na fronteira. Polícias francesa e alemã montaram operações para segurança da carga. Há manifestantes presos e feridos.

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Lixo atômico cruza a fronteira franco-alemã
Lixo atômico cruza a fronteira franco-alemãFoto: picture-alliance/dpa

O trem francês transportando 150 toneladas de lixo nuclear entrou na Alemanha nesta sexta-feira (25/11), seguindo para Gorleben, na Baixa Saxônia, onde será guardado num depósito provisório. O carregamento ficara parado durante 24 horas na fronteira franco-alemã, devido aos bloqueios e choques dos ativistas com a polícia.

As forças de segurança empregaram jatos de água e sprays de pimenta contra os manifestantes, alguns dos quais ficaram feridos, assim como oito policiais. Entre 800 e mil ativistas bloquearam uma autoestrada federal entre Dannenberg e Lüneburg. Alguns mascarados atiraram pedras, paus, fogos de artifício, garrafas, bombas de tinta e ovos na polícia; cinco pessoas foram presas.

Centro de reprocessamento nuclear La Hague
Centro de reprocessamento nuclear La HagueFoto: picture alliance/HB Verlag

Cerca de 19 mil policiais estão mobilizados na proteção do carregamento. "Não vamos, sob qualquer hipótese, permitir a consolidação de uma situação que resulte em bloqueios, onde quer que seja", disse o porta-voz da polícia de Lüneburg, Torsten Oestmann.

Por sua vez, os manifestantes reclamaram dos excessos da polícia, referindo-se a um "dia negro". "Violência policial não é um meio legítimo para reprimir um protesto de cidadãos contra a entrada da carga radioativa ilegal em Wendland", divulgaram ativistas, referindo-se à região na Baixa Saxônia onde se localiza o depósito de lixo atômico.

Uma semana de protestos

Segundo os organizadores dos protestos, aproximadamente 20 mil pessoas são esperadas nas manifestações em Gorleben, até o final desta sexta-feira. O trem porta 11 contêineres do tipo Castor, com material de alta radioatividade.

Protestos contra a carga nuclear
Protestos contra a carga nuclearFoto: dapd

O chamado "transporte Castor" começou na última quarta-feira, quando a carga deixou a estação de reprocessamento de combustível nuclear da multinacional francesa Areva, em La Hague, Normandia. Na ocasião, a polícia francesa também entrou em choque com centenas de manifestantes que bloqueavam trilhos na região de Valognes.

Os manifestantes defendem que, em caso de acidente, o transporte de resíduos nucleares pode colocar em risco a população e o meio ambiente. Ativistas franceses e alemães têm sistematicamente tentado bloquear os carregamentos por vias ferroviárias, entrando em confronto com as polícias locais.

Em novembro do ano passado, um "transporte Castor" levou 91 horas para chegar a seu destino final, um dia além do planejado, devido a manifestações de ativistas franceses e alemães.

Fim do contrato

Este foi o último dos 12 carregamentos enviados pela Areva para Gorleben, nos últimos anos. O contrato entre a Areva e os produtores alemães de energia nuclear não tem previsão para ser renovado, pois a Alemanha votou contra o transporte de resíduos nucleares.

A chanceler federal alemã, Angela Merkel, decretou a desativação de oito das usinas de energia nuclear do país após o acidente da usina de Fukushima, Japão, em março de 2011. Mais tarde, anunciou que todo o sistema de energia nuclear alemão será desativado até 2022.

Ativistas acusam excessos na repressão policial
Ativistas acusam excessos na repressão policialFoto: picture-alliance/dpa

Enquanto isso, a França resta como o bastião do modelo atômico, com três quartos da sua energia sendo proveniente deste tipo de fonte. O presidente Nicolas Sarkozy disse que seria "loucura" reduzir a confiança de seu país na energia nuclear.

Conforme pesquisa da emissora de TV alemã ZDF, divulgada nesta sexta-feira, em Mainz, a maioria das pessoas na Alemanha apoia as manifestações contra o transporte de resíduos nucleares: 60% dos 1.200 entrevistados se declararam a favor delas, 37% contra. Por outro lado, apenas 27% admitiram o bloqueio de estradas e plataformas ferroviárias como parte dos protestos, enquanto 69% são contra.

MP/afp/rtr/dpa/ape/dap
Revisão: Augusto Valente