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Copa em perigo?

11 de janeiro de 2010

Angola, onde ocorreu ataque a tiros contra seleção de Togo, não é a África do Sul, argumentam em uníssono a Fifa e os organizadores da Copa. Porém, apreensão permanece na opinião pública e entre jogadores de futebol.

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Torcedores fazem vigília por feridos do atentado em frente ao hospital de CabindaFoto: AP

A cinco meses da primeira Copa do Mundo de futebol na África, um atentado terrorista contra a seleção de Togo em Angola inflamou a discussão sobre a segurança do Mundial 2010.

Na sexta-feira (08/01), o ônibus em que a seleção nacional de Togo viajava para participar da Copa Africana de Nações, em Angola, foi baleado na entrada do enclave de Cabinda. No ataque, morreram três membros da delegação: o motorista do ônibus, o assessor de imprensa e um auxiliar-técnico da seleção. Oito pessoas ficaram feridas, entre as quais o goleiro Kodjovi Obilale, operado com sucesso em um hospital em Johannesburgo.

Togo Mannschaftsbus nach Anschlag eskortiert
Polícia escolta seleção da Costa do Marfim em CabindaFoto: AP

O atentado foi reivindicado pelas Forças de Libertação do Estado de Cabinda, grupo fundado em 2003 como dissidência do principal movimento separatista angolano, a Frente de Libertação do Estado de Cabinda. Os separatistas ameaçaram com novas ofensivas durante o torneio.

A província de Cabinda é rica em petróleo e está no centro de um conflito com o governo de Angola desde a independência da antiga colônia portuguesa em 1975.

Significado do ato de terror é "superestimado"

Apesar do ato de terror, a Fifa e os organizadores da Copa Africana de Nações insistiram em abrir a competição no sábado. "Esperamos que o futebol seja mais forte que qualquer atentado", declarou o presidente da Fifa, Joseph Blatter, à emissora alemã de televisão ZDF.

O ocorrido levou a opinião pública a questionar a viabilidade de realizar a Copa do Mundo em meados do ano na África do Sul. No entanto, os organizadores do grande evento esportivo mundial se indignaram com a desconfiança.

O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, declarou no domingo que o ataque "chocante e inaceitável" contra a seleção de Togo não deveria ser "superestimado". A federação de futebol do país criticou a cobertura jornalística internacional do atentado em Angola, qualificando-a de "irresponsável".

"Trata-se de uma generalização muito perigosa quando se começa a afirmar que o que aconteceu em Angola também ocorrerá na África do Sul", reclamou o presidente da federação local, Kirsten Nematandani, nesta segunda-feira.

Essa também é a visão do diretor de comunicação do comitê organizador do Mundial na África do Sul, Rich Mkhondo: "O ato de terror não tem nada a ver com a situação na África do Sul. É como se fôssemos comparar um incidente na Tchetchênia com a situação no Reino Unido", opinou ele.

Fußball - Franz Beckenbauer in Prag
Franz BeckenbauerFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

O alemão Franz Beckenbauer, membro executivo da Fifa, também reiterou seu voto de confiança à África do Sul. "Tenho certeza de que lá não acontecerá nada como em Angola", declarou ele à imprensa alemã.

Afinal, Angola "ainda é marcada por 27 anos de guerra civil e conflitos internos". "Talvez tenha sido precipitado organizar a Copa Africana de Nações em Angola", consente Beckenbauer, lembrando contudo que a África do Sul é a nação com o maior desenvolvimento econômico do continente.

Dúvidas quanto à segurança das famílias dos jogadores

Contudo, apesar de todas as garantias verbais de segurança, os sul-africanos e a Fifa não conseguiram dispersar a preocupação com a segurança da Copa 2010. "Um torneio caótico e perigoso desperta novas dúvidas sobre a organização da Copa do Mundo", escreveu o jornal austríaco Die Presse. O diário espanhol El Mundo comentou que "os 31 participantes da Copa, ou seja, todos com exceção da África do Sul, estão assustados e alarmados.

O presidente da Liga Alemã de Futebol, Reinhard Rauball, exigiu que o atentado em Angola leve os organizadores da Copa a tomarem uma atitude. "Não podemos simplesmente confiar na frase 'a África do Sul é diferente de Angola'. Precisamos pensar como obter o controle das questões de segurança", exigiu. Quando os jogadores começam a ponderar se suas famílias deveriam mesmo acompanhá-los à África do Sul, então "o padrão já deixou de corresponder ao nosso", declarou Rauball.

Polizei Togo Fußball Anschlag
Polícia angolana patrulha aeroporto de Cabinda no domingoFoto: AP

Nesse meio-tempo, a polícia angolana deteve no enclave de Cabinda duas pessoas suspeitas de participação no atentado de sexta-feira.

Após o ato de terror, a seleção de Togo voltou no domingo à noite para casa, onde foram ordenados três dias de luto oficial. O ministro dos Esportes de Togo, Christophe Tchao, perguntou aos organizadores do torneio africano se não seria possível a seleção de seu país participar dos jogos após o luto.

No entanto, a Confederação Africana de Futebol comunicou que Togo será desclassificado do torneio se não comparecer ao jogo contra Gana na noite desta segunda-feira em Cabinda.

SL/sid/dpa/lusa/rtdt
Revisão: Roselaine Wandscheer

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