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Ataque sírio atingiu depósito de rebeldes, diz Rússia

5 de abril de 2017

Dezenas de mortes por gás tóxico na Síria seriam resultado de um bombardeio do regime contra um "armazém terrorista" com armas químicas, afirma Moscou. Grupos da oposição prometem vingança.

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Crianças com máscara de oxigênio na Síria
Segundo ONG, ao menos 20 crianças morreram em decorrência de um ataque químicoFoto: picture-alliance/abaca/S. Zaidan

Um ataque aéreo sírio atingiu um "armazém terrorista" contendo "substâncias tóxicas", disse Moscou nesta quarta-feira (05/04), um dia depois de um bombardeio no noroeste da Síria, denunciado como químico por testemunhas e ONGs, ter matado dezenas de civis. O Reino Unido também apontou para o regime de Bashar al-Assad como autor do ataque.

"De acordo com os dados do controle russo do espaço aéreo, aeronaves sírias atingiram um grande armazém terrorista perto de Khan Cheikhoun", afirmou o Ministério da Defesa da Rússia em comunicado. O local abrigava um "depósito para produção de bombas, com substâncias tóxicas", segundo o ministério.

Leia mais: Ataque químico na Síria gera onda de condenações

"O arsenal de armas químicas" era destinado a combatentes no Iraque, prosseguiu Moscou, acrescentando que a informação era "completamente confiável e objetiva". O uso de tais armas "por terroristas tem sido repetidamente provado por organizações internacionais, bem como por autoridades" no Iraque. A declaração do Ministério da Defesa russo não especificou se o regime de Assad sabia que no local havia armas químicas.

O ministro do Exterior do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou que todas as evidências apontam para o regime de Assad. "Todas as evidências que vi sugerem que foi o regime de Assad [...] usando armas ilegais contra seu próprio povo", disse Johnson, ao chegar à uma conferência de ajuda à Síria em Bruxelas.

Ataque químico deixa dezenas de mortos na Síria

"Isso confirma que este é um regime bárbaro, o que tornou impossível para nós imaginarmos que eles tenham autoridade sobre a Síria depois deste conflito", concluiu Johnson.

A conferência em Bruxelas, organizado pelo União Europeia e pela ONU, é o prosseguimento de um encontro em Londres no ano passado, no qual foram arrecadados 11 bilhões de dólares para programas de ajuda humanitária na Síria.

Ao menos 72 civis, incluindo 20 crianças, morreram no suposto ataque químico de terça-feira na cidade síria de Khan Cheikhoun, na província de Idlib, no noroeste da Síria. O grupo de monitoramento Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) comunicou que o bombardeio deixou dezenas de feridos com problemas respiratórios e sintomas de asfixia, incluindo vômitos, desmaios e espuma na boca.

Também nesta quarta-feira, o ministro da Saúde da Turquia, Recep Akdag, disse ter indícios de que se tratou de um ataque químico, sem dar detalhes. Cerca de 30 pessoas foram levadas a hospitais turcos para serem tratadas após o incidente.

Reações da oposição e internacionais

A oposição síria culpou as forças do presidente Assad, afirmando que o ataque lançou dúvidas sobre o futuro das negociações de paz. O Exército da Síria negou qualquer envolvimento e culpou "grupos terroristas" pelo uso de "substâncias químicas e tóxicas". Grupos rebeldes liderados pela Frente Fateh al-Sham, ex-afiliada da Al Qaeda, prometeram vingança pelo ataque.

O incidente provocou rápida condenação internacional, com os Estados Unidos, a França e o Reino Unido apresentando um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU exigindo uma investigação completa.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, alertou que o país pode tomar medidas unilaterais caso as Nações Unidas falhem na resposta ao suposto ataque.

"Quando as Nações Unidas falham constantemente no seu dever de agir coletivamente, há tempos em que somos obrigados a tomar uma atitude", disse Haley, durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança sobre o ataque na Síria,

Nesta quarta-feira, o secretário-geral do ONU, António Guterres, afirmou que o suposto ataque químico mostra que continua havendo crimes de guerra na Síria. Ele afirmou que a ONU pretende determinar quem foi responsável pela investida e disse estar confiante de que o Conselho de Segurança atuará nesse sentido.

PV/afp/rtr