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Ataque ao Pentágono

10 de setembro de 2011

Ataque terrorista contra o Departamento de Defesa dos EUA deixou 184 mortos e traumatizou centenas de parentes de vítimas, sobreviventes e pessoas que trabalharam no resgate.

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Memorial do Pentágono: homenagem aos 184 mortosFoto: DW

Quando Elaine Donovan tentou ligar para o marido William naquela manhã de segunda-feira, o telefone dele não dava sinal. "Imediatamente tive uma sensação ruim", lembra. "Logo pensei: isso não é bom".

Aos 37 anos de idade, o então piloto da Marinha norte-americana estava trabalhando havia um ano no Pentágono – local atingido pelo Boing 757 naquele 11 de setembro de 2001 e que logo foi tomado pelas chamas. Após uma semana de muita apreensão, veio a confirmação: o corpo sem vida do marido fora encontrado em meio aos escombros. "Enquanto não se tem certeza, você mantém as esperanças", diz.

O Pentágono foi um dos alvos dos terroristas, que naquele 11 de setembro já haviam atingido as torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York. A construção, localizada em Arlington, no estado da Virgínia – fronteira com Washington – abriga o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Às 9h37 daquele dia, o avião da American Airlines atingiu em cheio a parte oeste do edifício. Nenhum dos tripulantes sobreviveu. Em solo, também houve várias vítimas. Ao todo, 184 pessoas morreram no ato terrorista contra o Pentágono – entre eles, o comandante William Donovan.

Erguer um memorial

Elaine Donovan
Donovan proibiu os filhos de acessarem notícias do atentadoFoto: DW

O 11 de setembro mudou radicalmente a vida de Elaine Donovan. Por um ano, ela não teve forças para visitar o lugar onde o pai de seus três filhos morreu – ela disse não ter visto sentido nisso. Ela começou a se sentir mais forte quando, dois meses após os atentados, passou a se encontrar com outros parentes de vítimas. O objetivo comum era lutar para erguer um memorial. Ela conta que, no início, as reuniões não eram fáceis. "Nos primeiros encontros, nós entrávamos e saíamos chorando", conta.

O projeto, no entanto, fez com que Donovan ocupasse a cabeça e lhe deu forças. Hoje, ela tem orgulho do Memorial do Pentágono, inaugurado exatamente sete anos após o ataque terrorista. Cada detalhe do local tem um significado. Construído do lado atingido pelo avião, o monumento consiste em 184 bancos suspensos – um para cada vítima fatal do atentado – sob os quais se encontra um espelho d'água. Os bancos foram organizados de acordo com o ano de nascimento e nomes dos mortos, gravados de um lado ou outro dos assentos.

Cada detalhe tem um significado, afirma Elaine Donovan. "Quando, ao ler o nome, você enxerga o Pentágono, é porque a vítima estava no prédio. Já se você estiver na posição em que vê o céu, é porque se trata de alguém que estava no avião", explica.

O Memorial do Pentágono foi inaugurado no dia 11 de setembro de 2008. Embora tenha trabalhado intensamente em sua realização, ela raramente visita o local. Durante anos, Elaine proibiu os filhos – que à época tinham 8, 10 e 11 anos – de ter acesso a notícias sobre o assunto. "As imagens do atentado são extremamente dolorosas", justifica a viúva.

Todo dia, porém, ela pensa na morte do marido. Falar sobre o assunto ainda é difícil. Mas ela garante que está bem. "Eu não me deixei entregar, e meus filhos também não", garante, assumindo que não esperava uma superação. "Houve momentos em que achei que não iríamos conseguir", conta.

Cenas impressionantes

Michael Regan
Regan viu cenas chocantes durante resgate a vítimasFoto: DW

O tenente Michael Regan foi um dos primeiros a ver as vítimas do atentado no Pentágono. Em 11 de setembro de 2011, ele fazia parte do Grupo de Operações Especiais dos bombeiros do estado da Virgínia. Três horas após o Boeing ter se chocado contra o Departamento de Defesa norte-americano, o grupo chegava ao local da catástrofe com seus equipamentos mais pesados e entrava no prédio em chamas.

Regan conta que presenciou muitas cenas chocantes. "Quando entramos por aqui, logo encontramos a primeira vítima com queimaduras graves", lembra, ao apontar para uma porta, recolocada no mesmo lugar de 10 anos antes. O bombeiro evita se emocionar ao relatar o episódio. "Ele poderia ter conseguido escapar, ele estava a apenas três metros de distância da entrada".

Ele e seus colegas também já viram imagens terríveis de tragédias na Turquia, em Taiwan, nas Filipinas, no Haiti e recentemente no terremoto do Japão. Ele trabalha na formação de equipes de busca e salvamento cuja missão é encontrar sobreviventes e resgatá-los.

Treinado para também atuar em catástrofes, o maior medo do bombeiro é saber que uma vítima perdeu a vida por ele não ter conseguido chegar a tempo para salvá-la. Naquele dia, ao entrar nos escombros ainda cobertos pela fumaça, porém, ele não pôde pensar em mais nada. Ele entrou no prédio destruído com 50 cartões para marcar as vítimas encontradas. Em 20 minutos, no entanto, todos já haviam sido usados.

Regan afirma, ainda, que acha importante manter viva na memória as lembranças daquele dia tão marcante em sua vida. "Acho que devemos ensinar nossas crianças na escola exatamente o que aconteceu e o porquê. Não devemos maquiar o fato", defende o bombeiro. "Gente terrível fez coisas terríveis naquele 11 de setembro".

Ato semelhante pode acontecer a qualquer momento novamente, diz Regan, referindo-se ao atentado a bomba em julho passado na Noruega, no qual 77 pessoas morreram. Para ele, isso mostra que ainda existem pessoas capazes de tais atos de violência.

Cheryl Ryefield
De seu carro, Ryefield viu o avião chocar-se contra o prédioFoto: DW

Mudança positiva

Há quem consiga enxergar toda essa catástrofe com olhos diferentes. Cheryl Ryefield, funcionária do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, estava a caminho do trabalho em seu carro quando, pouco antes de chegar ao estacionamento, viu-se obrigada a parar no trânsito. Naquele momento, as torres do World Trade Center já haviam sido atingidas. De repente, ela olhou para o céu e viu um avião voando baixo em direção ao Pentágono. A aeronave atingiu o prédio e explodiu, diante de seus olhos apavorados.

"Comecei a gritar 'pare' do carro. Queria que ele parasse, e todos à minha volta faziam o mesmo", conta Ryefield. "Era como se eu estivesse em um filme. Parecia que não era real, mas era".

O fogo destruiu sua sala e apenas uma semana depois ela teve novamente um local de trabalho. Hoje, ela atua no Departamento de Relações Públicas e frequentemente lida com pessoas traumatizadas – o que vem servindo como autoajuda. "Aprendi que devemos deixar as coisas ruins para trás e nos concentrarmos nas coisas positivas", afirma.

Autora: Christina Bergmann (ms)
Revisão: Marcio Damasceno