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Argentina faz buscas na Marinha e em empresa alemã

21 de dezembro de 2017

Autoridades miram sede da Marinha, estaleiro e uma das duas firmas alemãs acusadas de envolvimento em caso de submarino desaparecido. Investigadores tentam determinar se protocolos de segurança foram seguidos.

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Adquirido em 1985, o ARA San Juan era um dos três submarinos argentinos. Dos outros dois, apenas um está operacionalFoto: picture alliance/Armada Argentina/telam/dpa/J. S. Lobos

A polícia argentina realizou operações de apreensão e busca na central da Marinha da Argentina e nos escritórios de um estaleiro estatal. Segundo fontes judiciais, as operações fazem parte da investigação sobre alegadas irregularidades nos reparos do submarino ARA San Juan, que desapareceu em novembro com 44 tripulantes a bordo.

Investigadores estão tentando determinar se os protocolos de segurança e de material foram corretamente seguidos quando o submarino foi submetido à manutenção e reparos entre 2007 e 2014. O comandante do submarino relatou um problema nas baterias pouco antes de desaparecer nas águas do Atlântico Sul.

Leia também: O que torna tão difícil achar um submarino?

O juiz Sergio Torres ordenou as buscas na sede da Marinha e no estaleiro estatal Tandanor para apreender quaisquer documentos que possam mostrar irregularidades em trabalhos no submarino, que foi construído na Alemanha em 1983 e adquirido pelo governo argentino dois anos depois.

Nas últimas semanas, emergiram notícias e alegações de corrupção envolvendo duas companhias alemãs, Ferrostaal e EnerSys-Hawker, e problemas em consertos elétricos no submarino. Autoridades argentinas também realizaram buscas nos escritórios de Buenos Aires da Ferrostaal.

A parlamentar Elisa Carrió, da coalizão governista do presidente Mauricio Macri, afirmou que houve irregularidades e, possivelmente, "comportamento ilegal" no processo de adjudicação de contratos de reparos de navios e submarinos entre 2005 e 2015.

Carrió apresentou uma queixa legal contra dois ex-ministros da Defesa que atuaram nos governos dos ex-presidentes Néstor Kirchner e Christina Kirchner. Segundo ela, as irregularidades favoreceram as empresas alemãs Ferrostaal e EnerSys-Hawker.

No começo deste mês, a emissora pública alemã Bayerischer Rundfunk divulgou que as duas empresas alemãs pagaram subornos para conseguir os contratos e que ofereceram peças de qualidade inferior.

Além disso, a juíza Marta Yáñez está supervisionando outro inquérito sobre "possíveis irregularidades", este visando atender às questões dos familiares dos tripulantes.

Numa terceira frente de investigação, a Câmara dos Deputados votou nesta quarta-feira para criar uma comissão encarregada de emitir um relatório final dentro de um ano, "com amplos poderes para solicitar documentação, coletar declarações de funcionários públicos, ordenar estudos e análises de especialistas", comunicaram fontes legislativas. A iniciativa aguarda o crivo do Senado.

O ARA San Juan reportou sua posição pela última vez na manhã de 15 de novembro na área do Golfo de San Jorge, a 432 quilômetros da costa argentina. Poucas horas antes, o comandante do submarino havia comunicado uma entrada de água que molhou as baterias, o que provocou um curto-circuito e um princípio de incêndio. O problema teria sido corrigido, e o San Juan seguiu seu curso rumo à sua base, em Mar del Plata.

Depois do desaparecimento do submarino e com as investigações sobre supostas irregularidades, o governo argentino demitiu ou suspendeu três chefes da Marinha argentina. O ARA San Juan era um dos três submarinos do país. Apenas um dos outros dois está operacional.

PV/afp/dpa

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