Fim das touradas
25 de setembro de 2011A Catalunha se despede das touradas neste domingo (25/09). Três dos maiores toureiros vão participar da última apresentação na Arena Monumental de Barcelona, em cumprimento à proibição de uma das práticas mais tradicionais da Espanha na região. Todos os 20 mil ingressos foram vendidos – alguns chegaram a custar mais de 500 euros.
Aprovada em julho de 2010 pelo Parlamento catalão, a lei que extingue as touradas na região – onde vivem 7,4 milhões de habitantes – passará a valer a partir de 1º de janeiro do ano que vem. A lei acabará afetando apenas a arena de Barcelona, pois as de cidades como Gerona, Figueras e Lloret Del Mar foram demolidas há anos.
O toureiro Juan Mora, 38 anos, vai abrir a apresentação, seguido pelo maior matador da Espanha, Jose Tomas. O duelo entre o animal e os toureiros consiste em provocar o animal com uma capa vermelha, depois cravar estacas em seu dorso e, por fim, matá-lo com um golpe certeiro de espada.
"Tenho uma sensação muito triste dentro de mim por matar o último touro de uma arena como Barcelona", afirmou durante a semana o toureiro catalão Serafín Marin, que também participa da apresentação de despedida.
Proibição controversa
Os organismos de defesa dos animais, porém, festejaram a proibição das touradas na Catalunha após décadas denunciando uma tradição que qualificam como tortura e maus-tratos. "Este é um grande passo para a sociedade espanhola", afirmam as entidades, ressaltando que continuarão pressionando até que a prática seja banida em toda a Espanha.
Ativistas pró-touradas, no entanto, afirmam que a aprovação do veto à prática no Parlamento catalão tem caráter mais político do que necessariamente de defesa dos direitos dos animais.
Enquanto a popularidade das corridas de toros permanece grande em várias partes da Espanha, na Catalunha o interesse pela prática vem caindo desde a morte do ditador Francisco Franco, em 1975. Durante seu regime fascista, a região viveu forte repressão por causa de suas diferenças culturais e linguísticas em relação ao resto do país. O crescimento do nacionalismo catalão ocorreu paralelamente à repulsão a vários aspectos da tradição espanhola.
Dezenas de municípios já haviam aprovado declarações condenando as touradas quando o Parlamento catalão, dando sequência a uma proposta legislativa popular, decidiu pelo banimento.
"Banir as touradas na Catalunha é nada mais do que um ataque à liberdade", criticou Carlos Nunez, presidente da Mesa del Toro, federação que reúne entidades espanholas em defesa das touradas. As organizações pró-touradas agora buscam 500 mil assinaturas necessárias para darem entrada com uma proposta no Parlamento espanhol que eleve a prática ao status de herança cultural, garantindo sua continuidade.
Os dois lados prometem que a queda de braços está apenas começando. Para a ativista Soraya Gastón, defensora da proibição, as críticas à lei têm motivações políticas. "Obviamente muitos partidos tentaram politizar a discussão, mas não devemos esquecer que esta proposta de origem popular brotou puramente pela defesa dos direitos dos animais e visa acabar com a crueldade contra eles", explicou.
MS/afp/ap/dpa
Revisão: Alexandre Schossler