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Apesar de queda do PIB, Mantega diz que Brasil mantém rota de crescimento

Marcio Damasceno3 de dezembro de 2013

Ministro admite que retração de 0,5% da economia é resultado fraco, mas garante que haverá retomada no próximo trimestre. Governo aposta em investimentos para alcançar meta de expansão de 4% ao ano.

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Foto: picture alliance/ALEXANDRE MOREIRA

"A economia brasileira continua numa trajetória de crescimento", afirmou nesta terça-feira (03/12) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele reconheceu que o desempenho da economia no terceiro trimestre do ano foi "fraco", mas observou que os indicadores apontam para uma melhora nos próximos três meses. Segundo o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todas as riquezas produzidas no país − de julho a setembro de 2013 caiu 0,5% em relação aos três meses anteriores.

O resultado negativo foi o pior desde o primeiro trimestre de 2009, quando houve retração de 1,6% no PIB. A economia brasileira apresentou no terceiro trimestre, em comparação com o anterior, uma performance inferior aos resultados do mesmo período de países europeus em crise, como Portugal (0,2%) e Itália (-0,1%).

Em comparação com igual período de 2012, houve crescimento de 2,2%, resultado que ficou abaixo do que Mantega havia previsto um dia antes. Durante um evento na segunda-feira, o ministro havia afirmado que o crescimento do PIB no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2012 seria de 2,5%. O PIB alcançou R$ 1,21 trilhão em valores correntes, segundo o IBGE.

Queda "facilita" resultado futuro

O ministro afirmou que os números positivos dos três meses anteriores prejudicaram, por ter havido "uma concentração de crescimento no segundo trimestre” (quando o PIB teve alta de 1,8%). “Com esse número, ficou mais difícil o país ter um crescimento em relação ao segundo trimestre”, argumentou Mantega. "Em compensação, ficou mais fácil termos um quarto trimestre com crescimento positivo".

Mantega admitiu que as sucessivas elevações na taxa Selic influenciaram o desempenho econômico. "A elevação da Selic teve algum impacto no crescimento deste ano, porque o juro real está mais alto para investidores e consumidores. Mas estamos dentro de padrões razoáveis de taxa de juros em relação aos padrões brasileiros", observou.

Brasilien Landwirtschaft Soja Anbau in Cerrado
Plantação de soja: prejuízos agrícolas prejudicaram números do terceiro trimestreFoto: Yasuyoshi Chiba/AFP/Getty Images

Em abril, o Banco Central iniciou um ciclo de aperto monetário que já levou a taxa básica de juros de 7,25% para os atuais 10%, visando a combater a inflação e frear o consumo através do encarecimento do crédito

Agricultura comprometeu

O ministro atribuiu parte do resultado negativo a problemas sazonais da agricultura. "Tivemos pressão inflacionária neste ano, que foi causada principalmente por commodities agrícolas, no setor de alimentos. Foram problemas sazonais, de chuvas, que não deverão se repetir no próximo ano", assinalou Mantega. Na comparação trimestral, o segmento teve retração de 3,5%, após ter apresentado crescimento de 3,9% no segundo trimestre.

Para o próximo trimestre, Mantega espera uma melhora. "Os indicadores da economia brasileira no quarto trimestre apontam para um crescimento maior que no terceiro", garantiu o ministro, acrescentando que tanto o consumo, como resultados da indústria e os números da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos, deverão ser melhores nos próximos três meses. "O crescimento do Brasil para 2013 deve ficar dentro das expectativas dos principais analistas", complementou.

Meta é 4% de crescimento

Para o próximo ano, o governo aposta no aumento de investimentos estrangeiros, sobretudo através dos leilões de concessões, para conseguir uma melhoria nos resultados. O objetivo é alcançar um crescimento de 4%. "O governo esta pondo em prática um grande programa de concessões, de mais de 200 bilhões de dólares, que deverá dar um estímulo forte à economia a partir de 2014", ressaltou Mantega.

"Estamos trabalhando na economia brasileira para aumentar nosso crescimento para uma taxa próxima a 4%. Esse é o potencial de crescimento da economia brasileira", destacou. "Para isso, temos que, por um lado, aumentar fortemente o investimento na economia doméstica." Além disso, Mantega diz ser importante uma recuperação da economia internacional no próximo ano.