1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Análise: Por que a Rússia está se retirando da Síria?

Emma Burrows, de Moscou15 de março de 2016

Rússia pode manter na Síria uma posição que lhe permita retornar ao conflito a qualquer momento. Mas a retirada também pode ter motivos econômicos, avalia a correspondente da DW em Moscou, Emma Burrows.

https://p.dw.com/p/1IDhY
Aeronave russa durante uma operação na SíriaFoto: picture-alliance/dpa/Russian Defence Ministry's Press and Information Department/TASSpicture-alliance/dpa/Russian Defence Ministry's Press and Information Department/TASS

O anúncio de que a Rússia está iniciando a retirada de seus militares da Síria foi tão repentino como a declaração, em setembro, de que ela começaria a executar ataques aéreos.

Desde então, a Rússia melhorou significativamente a posição de seu aliado, o presidente sírio Bashar al-Assad, que há seis meses parecia que perderia a guerra. A Rússia afirma que seus ataques ajudaram os soldados do regime sírio a recuperar 400 cidades e mais de 10 mil quilômetros quadrados de território.

O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou seu ministro da Defesa a iniciar a retirada dos soldados da Síria, mas a Rússia ainda vai manter militares em duas bases. Não está claro, porém, o que exatamente esse anúncio significa.

Os ataques aéreos russos viraram o jogo no conflito, a favor de Assad, e ajudaram a colocar o regime sírio numa posição mais forte na mesa de negociação das conversações de paz em Genebra. Isso faz com que a Rússia também tenha maior influência sobre o resultado delas.

Putin disse que a Rússia vai manter suas bases aéreas e naval em Tartus e Lataquia, e vai defendê-las "por terra, mar e ar".

Não se sabe exatamente qual equipamento militar a Rússia levou para a Síria, o que torna difícil dizer quem, ou o quê, está sendo retirado de lá. Sabe-se que a Rússia estacionou o sofisticado sistema antiaéreo S-400 na Síria, o que, na prática, dá a ela controle sobre os céus da Síria, com possível alcance até partes do Iraque, do Líbano, da Jordânia, de Israel, Chipre e da Turquia. A Rússia poderia deixar esse tipo de sistema por lá, reservando, assim, uma posição que lhe permita voltar a se envolver no conflito, se achar necessário.

A Rússia afirma que alcançou seus objetivos na Síria, levando as partes conflitantes à mesa de negociações e ampliando o papel russo no cenário mundial. Porém, a decisão de iniciar a retirada pode também ter razões econômicas.

A queda nos preços do petróleo atingiu a economia russa em cheio, e o governo teve de fazer amplos cortes orçamentários. Ele não pode se dar o luxo de continuar colocando dinheiro numa guerra cara.

Assim, a retirada pode ser um sinal ao presidente sírio de que a disposição russa de se envolver no conflito não é ilimitada, e que o seu foco passou a ser encontrar uma solução política para o conflito.