Anvisa proíbe uso do agrotóxico cancerígeno carbendazim
9 de agosto de 2022A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu na segunda-feira (08/08) proibir o uso do agrotóxico carbendazim no Brasil, considerado cancerígeno e danoso à reprodução humana e ao desenvolvimento de fetos e recém-nascidos.
O órgão já havia suspendido de forma cautelar, em junho, o uso do carbendazim, no âmbito de um processo de reavaliação da autorização do fungicida, inciado em dezembro de 2019 diante de novas informações científicas sobre seus riscos.
O carbendazim está entre os 20 agrotóxicos mais utilizados no Brasil, e em junho havia registro ativo no Brasil de 41 produtos formulados e 33 produtos técnicos à base da substância, fabricados por 24 empresas diferentes, segundo o Ministério da Agricultura.
A decisão de segunda-feira bane o carbendazim no país, mas a descontinuação de seu uso será gradual e deve ocorrer ao longo de até 12 meses. A produção dos agrotóxicos com carbendazim deverá ser interrompida em três meses a partir da data da decisão da Anvisa, sua comercialização será proibida em seis meses, e a exportação, em 12 meses.
O fungicida era autorizado para uso em colheitas de algodão, cana-de-açúcar, cevada, citros, feijão, maçã, milho, soja e trigo, e para a aplicação em sementes nas culturas de algodão, arroz, feijão, milho e soja.
Efeitos tóxicos
Segundo a Anvisa, o carbendazim foi proibido devido ao seu potencial de causar mutagenicidade, toxicidade para a fisiologia reprodutiva e toxicidade para o desenvolvimento embriofetal e neonatal. A agência apontou ainda ser impossível determinar os limites seguros de exposição humana para esses desfechos toxicológicos.
A decisão de permitir a descontinuação do uso do carbendazim ao longo de 12 meses foi tomada com aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que considerou que o esgotamento dos estoques seria a opção de menor impacto ambiental.
"O carbendazim é classificado como altamente tóxico para organismos aquáticos (microcrustáceos e peixes) e altamente persistente no meio ambiente, e, na perspectiva do impacto ambiental, a incineração é geralmente mais preocupante do que o esgotamento do estoque dos produtos", justificou a agência.
bl/av (ots)