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Antimodernismo de França e Itália marca a final da Copa

Gabriel Fortes6 de julho de 2006

Sem inovar ou revelar novos talentos, finalistas do Mundial apresentam em Berlim, neste domingo, duas gerações velhas que deram a volta por cima apostando em sistemas defensivos.

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Zidane, esperança de bom futebol em BerlimFoto: AP

França e Itália abriram mão do modernismo no futebol e apostaram na experiência de suas gerações velhas para chegarem à final deste domingo (09/07), em Berlim.

Enquanto a Alemanha, em campo, acreditou em um time de base jovem e mentalidade ofensiva, e fora dele apresentou alta tecnologia em termos organizacionais, os finalistas do Mundial não pegaram carona na esteira do futebol moderno. O Brasil tinha boas promessas, a Argentina era basicamente formada por jovens craques, a Holanda idem, e Portugal também.

Suas ligas nacionais estão entre as mais avançadas e as mais ricas do mundo, os dois países finalistas contam com atletas que rendem e recebem milhões de euros provenientes das ações de marketing, são ídolos e tidos como heróis, mas nesta Copa França e Itália são dois fracassos para a torcida que gosta do futebol veloz, envolvente, emocionante e, principalmente, de gols.

Sistemas retranqueiros
WM 2006 Viertelfinale Italien Ukraine Spielszene
Totti, o pilar criativo da ItáliaFoto: AP

Com base em sistemas defensivos extremamente sólidos e a preocupação inicial de defender ao invés de buscar o gol adversário, ambas as equipes estão armadas no retranqueiro 4-5-1 e têm um único "astro". Zidane de um lado, e Totti de outro, salvam a pequena parcela de "futebol-arte" que terá a decisão do Mundial.

Franceses e italianos, por exemplo, fazem a final de Copa menos vazada da história. O que aponta o Mundial de 2006 como o "torneio da retranca". Juntas, levaram apenas três gols. A França tomou dois na fase de grupos e a Itália foi mais efetiva ainda na defesa: levou apenas um gol contra do beque Zaccardo, no duelo com os Estados Unidos.

As voltas por cima dos "velhinhos" de França e Itália representam outro ponto em comum na final. Os campeões de 1998 chegaram em 2002 com o status de favoritos e voltaram para casa na primeira fase e sem marcar um único gol. A Itália avançou, mas caiu nas oitavas e ficou com o 15º lugar geral.

Na Eurocopa, dois anos mais tarde, os franceses deram adeus nas quartas com uma derrota para a Grécia, e italianos ficaram pelo caminho ainda na fase de grupos. Mais. Na lista de 23 convocados de Raymond Domenech para a Copa de 2006, 11 estiveram no fiasco de 2002. A seleção tem a terceira mais alta média de idade do torneio, com 28,4 anos. Na de Marcelo Lippi, são nove atletas que estiveram na Copa da Ásia.

Zidane, do lado francês, já avisou: "Estamos lutando por aqueles que sempre acreditaram nesta equipe". Totti, também: "Já demos respostas. Agora, só falta o título".

Ribéry, a exceção

O jovem francês de 23 anos, que atua no Olympique Marseille, destoa no meio de dois sistemas que privilegiam a marcação. A Itália tem em Totti o correspondente ao que Zidane representa para a França, mas não conta com um diferencial que pode dar velocidade e criar algo imprevisto dentro de campo.

A surpresa, tão importante e cada vez mais valorizada no futebol moderno, é desta vez trunfo exclusivo dos franceses. Ribéry pode ser meia de criação ao lado de seu mestre Zidane, ou formar com Henry uma perigosa dupla de atacantes.

Ele compõe bem a marcação do meio de campo, busca a bola na linha dos volantes de marcação e faz o jogo francês girar. O jovem ganhou a condição de titular durante a Copa, ainda na fase de grupos, e já é apontado como o craque revelação na Alemanha, desbancando os badalados Cristiano Ronaldo, Robinho, Wayne Rooney e outros.