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Anistia de Moscou beneficia ex-magnata do petróleo, Greenpeace e Pussy Riot

19 de dezembro de 2013

Perdão amplo, recém-aprovado pelo Parlamento, deve pôr em liberdade condenados famosos da Justiça russa, em casos que geraram protesto internacional. Entre os contemplados, a ativista brasileira Ana Paula Maciel.

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Foto: Reuters

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta quinta-feira (19/12) que anistiará o oposicionista Mikhail Khodorkovsky, preso há dez anos, que apresentara um pedido de clemência. "Acredito que podemos tomar a decisão, e assinar em breve o decreto de perdão", declarou o chefe de Estado à agência estatal de notícias Itar-Tass.

Segundo a agência, Khodorkovsky pediu clemência pela primeira vez apelando para o estado de saúde de sua mãe. No Ocidente e entre a oposição russa, a condenação do ex-magnata do petróleo, por sonegação de impostos e fraude, foi interpretada como politicamente motivada.

Na véspera, em coletiva à imprensa internacional, Putin comunicou que os 28 ambientalistas do Greenpeace e dois jornalistas detidos desde 19 de setembro terão permissão para deixar o país. A decisão teve como base a lei de anistia ampla recém aprovada pelo Parlamento.

O grupo foi preso durante uma ação de protesto na plataforma petrolífera polar Prirazlomnaya, da empresa russa Gazprom. Acusados de vandalismo, os manifestantes estariam sujeitos a penas de até 15 anos de prisão. Entre os anistiados encontra-se a brasileira Ana Paula Maciel, libertada há um mês sob fiança de 2 milhões de rublos (cerca de 140 mil reais), e sob a condição de permanecer no país.

Putin informou aos 1.300 jornalistas presentes em Moscou que também serão agraciadas Nadejda Tolokonnikova e Maria Alyokhina, integrantes da banda punk Pussy Riot. Antes mesmo do início da coletiva, a advogada das ativistas de, respectivamente, 24 e 25 anos de idade, anunciara para breve a libertação de ambas. Sua condenação a dois anos de detenção, devido a uma ação anti-Kremlin numa igreja, despertara protestos internacionais contra o sistema judiciário russo.

Defesa da política para a Ucrânia

Na ocasião, Putin defendeu a política do Kremlin em relação à Ucrânia. Ele assegurou que a compra de 15 bilhões de dólares em títulos da dívida pública ucraniana não é uma reação às negociações de parceria de Kiev com a União Europeia. Haveria, antes, motivos de natureza pragmática para Moscou cuidar da Ucrânia e reduzir o preço do fornecimento de gás natural.

Segundo o chefe de Estado, a ex-república soviética se encontra numa crise econômica, social e política e precisa do apoio de Moscou: "Devemos nos comportar como parentes próximos e apoiar o povo ucraniano nesta situação difícil."

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Situação de Mikhail Khodorkovsky parecia sem esperançaFoto: Alexey Sazonov/AFP/Getty Images

Desde os tempos soviéticos, prosseguiu, o país é um importante parceiro econômico da Rússia. Ele alegou não ter qualquer objeção contra um acordo entre a Ucrânia e a UE, contanto que os interesses da economia russa não sejam afetados. Analistas econômicos, no entanto, interpretam a compra dos títulos ucranianos como uma manobra tática contra o bloco europeu.

Recentemente e de maneira surpreendente, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovytch, rejeitou um acordo de associação e livre comércio com a UE. Em seguida, Moscou aprovou ajudas financeiras bilionárias para o país e descontos sobre o preço do fornecimento de gás.

Durante a entrevista coletiva em Moscou, Putin também declarou que ainda não serão estacionados mísseis nucleares em Kaliningrado, enclave russo no Mar Báltico, entre a Polônia e a Lituânia. No entanto, enfatizou o presidente russo, a opção permanece em aberto, como possível reação ao escudo antimísseis dos Estados Unidos na Europa Central.

AV/rtr/ap/dpa/afp