1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Economia

24 de março de 2009

Abu Dhabi e Kuwait detêm agora 16% das ações da montadora alemã Daimler. Analistas alemães consideram positiva a participação árabe na empresa, que deverá protegê-la de investidores indesejados.

https://p.dw.com/p/HIdP
Al Qubaisi e Zetsche anunciam parceria em StuttgartFoto: AP

A montadora alemã Daimler anunciou, nesta segunda-feira (23/03), a venda de 9,1% de suas ações ao fundo de investimentos de Aabar, controlado pelo governo de Abu Dhabi. Cerca de dois bilhões de euros pagos pelo fundo dos Emirados Árabes já estão no caixa da empresa do sul da Alemanha.

O dinheiro deverá ajudar a Daimler a enfrentar a crise na indústria automobilística. Embora a participação do fundo árabe não solucione todos os problemas urgentes, também não deixa de ser uma luz no fim do túnel.

Finalmente, a Daimler encontrou um investidor-chave com interesses de longo prazo. Assim, apesar da crise, a montadora poderá investir intensamente em tecnologias do futuro, explicou o presidente da empresa, Dieter Zetsche.

Novo acionista não impede parcerias

Para o especialista em indústria automobilística Ferdinand Dudenhöffer, a Daimler teria encontrado um "investidor estratégico que, da mesma forma que uma família Piëch ou outra família, é capaz de manter uma fidelidade duradoura à empresa".

Para Willi Diez, outro especialista do ramo, a montadora deve investir na otimização dos motores a combustão até o carro elétrico. Zetsche já anunciou que dará continuidade ao desenvolvimento do carro elétrico, seu projeto predileto – uma frota deverá ser testada em breve na região do Golfo.

Daimler AG legt Bilanz vor
Abu Dhabi já tinha há muito preferência pela DaimlerFoto: AP

Para Diez, o ingresso do novo acionista não impede a Daimler de cooperar com a montadora concorrente de Munique, a BMW. Principalmente no sistema de transmissão, que inclui os componentes mais dispendiosos de um carro, uma cooperação poderia reduzir os custos, explicou o especialista. Zetsche, por sua vez, também admitiu que seria possível trabalhar com um terceiro parceiro, caso isso condiga com a estratégia.

Contribuição tecnológica árabe

Por outro lado, o chefe da empresa alemã deverá se preparar para o caso de os xeques quererem exercer, no futuro, seu direito de voz. O diretor da Aabar, Khadem al Qubaisi, quer se encontrar mensalmente ou a cada três meses com a diretoria da empresa, para discutir projetos e planos.

Uma primeira contribuição tecnológica dos árabes poderia ocorrer no desenvolvimento de compósitos leves. Os materiais leves de base petroquímica deverão substituir pouco a pouco o pesado aço de hoje, a fim de que se economize combustível e, mais tarde, energia.

O diretor da Aabar afirmou, no entanto, que não quer se intrometer: "Não pretendemos mostrar como se constrói um carro", afirmou.

Juntamente com o Kuwait, o novo grande acionista detém uma cota de 16% da montadora. Para a Daimler, isso significa também proteção contra incorporações hostis. Diez afirmou que a entrada do Estado do Golfo como investidor diminui o risco de fundos de hedge ingressarem na empresa como grandes acionistas.

Preferência pela Mercedes

A Daimler – montadora com as ações mais desvalorizadas, conforme lembra Diez – já chegou a valer menos do que 20 bilhões de euros na bolsa de valores.

Em decorrência disso, a montadora foi considerada durante meses uma candidata à incorporação. Surgiram boatos sobre uma possível entrada da empresa sueca de investimentos Cevian Capital. Especialistas da indústria automobilística mencionaram várias vezes o Kuwait como potencial investidor.

Khadem al Qubaisi afirmou que o fundo estatal de Abu Dhabi avaliou durante muito tempo as opções e acabou se decidindo pela Daimler. "Eu gosto da Mercedes", afirmou o empresário. E parece que os árabes apreciam mesmo a marca, pois pensam em aumentar sua participação no futuro. Mas "no momento, estamos contentes com 9,1%", declarou Al Qubaisi.

CA/SM/dpa