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Alta do petróleo reacende debate sobre fim das reservas

Michael Knigge (sm)3 de agosto de 2004

O preço recorde do petróleo traz à tona novamente a antiga questão de quanto tempo ainda vão durar as reservas da matéria-prima. Especialistas se pronunciam sobre o assunto.

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Preço do barril ultrapassa 44 dólaresFoto: AP

Após mais uma alta recorde do preço do petróleo nesta terça-feira (03/08), a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) declarou que uma estabilização do preço e do mercado não estaria ao seu alcance. O preço do barril aumentou 41% nos Estados Unidos, sendo cotado em 44,23 euros. Trata-se da maior marca desde 1983.

A alta do petróleo reacende novamente a antiga discussão em torno da durabilidade das reservas de petróleo. Em se tratando deste tema, existe pelo menos um ponto consensual: as reservas naturais são finitas. Todas as conclusões tiradas deste fato não passam de especulações. E uma das questões centrais neste sentido, levantada desde o início do século 20, é por quanto tempo ainda vão durar as reservas.

Uma das conclusões mais freqüentes se baseia na premissa de que as reservas de petróleo estão se reduzindo, em função do aumento da extração e do consumo nas últimas décadas. Mas o que está acontecendo é justamente o inverso, afirma Dennis Nacken, analista de petróleo da Helaba Trust, remetendo-se a um estudo do conglomerado de energia BP, divulgado em junho: "As reservas de petróleo aumentaram 60% nos últimos 20 anos."

Alta provém de temores político-econômicos

Este valor se refere às chamadas reservas comprovadas (proved reserves). A categoria principal das reservas comprovadas se divide em reservas desenvolvidas e reservas subdesenvolvidas. Enquanto o desenvolvimento das reservas comprovadas pode ser demonstrado com facilidade, a outra categoria principal, de reservas não comprovadas — subdividida em reservas prováveis e possíveis — é difícil de ser demonstrada cientificamente.

"Desde que eu era pequeno, sempre houve um certo rumor em torno da previsão de escassez de petróleo, mas mesmo assim a produção dos anos seguintes aumentou ainda mais que antes", já dizia J. Howard Pew, presidente da Sun Oil, em 1925. A advertência de uma ameaça de escassez de petróleo sempre volta a ser feita desde então — principalmente quando o preço do petróleo alcança marcas recordes, como agora. Fato é que o aumento do preço do petróleo nunca foi motivado pela diminuição das fontes e sim por temores políticos e econômicos.

O que está acontecendo hoje é a mesma coisa. O alto preço do petróleo nunca foi e não é causado pela escassez de matéria-prima, mas sim por causa de métodos ultrapassados de extração e insuficientes capacidades de armazenagem, pela insegurança no Iraque e na Arábia Saudita, pela greve na indústria petrolífera da Nigéria, pela imprevisibilidade do presidente venezuelano, bem como pelo medo de uma possível suspensão da produção da Yukos.

Tecnologia amplia possibilidades de extração

"A era do petróleo está longe de acabar", reitera Rainer Wiek, do Serviço de Informação sobre Energia de Hamburgo. É evidente que as firmas estão se preparando intensamente para uma época sem combustíveis derivados do petróleo. Mas esta época ainda não chegou. "Quem diz que dentro de 50 anos não haverá mais nenhuma reserva de petróleo não sabe o que está dizendo. Tudo isso não passa de um grande jogo matemático e pode ser muito bem que daqui a 50 anos tenhamos reservas reasseguradas por mais 50 anos", afirma Wiek.

Os especialistas partem do pressuposto de que os recursos comprovados durem pelo menos meio século. No entanto, é praticamente impossível fazer prognósticos sérios. "Nas últimas décadas, houve um salto tecnológico. Antigamente era impossível extrair petróleo a três ou quatro mil metros abaixo do fundo do mar, mas agora as reservas da costa oeste da África, por exemplo, podem ser exploradas sem nenhum problema", explica o analista da Helaba Trust.

Rainer Wiek, do Serviço de Informação sobre Energia, elucida o rápido desenvolvimento através de um exemplo numérico: "Antigamente, apenas uma em dez perfurações tinha êxito, hoje são oito em dez". Além disso, ainda existe um outro potencial de desenvolvimento: de acordo com os especialistas, nem todas as regiões do globo foram investigadas em função da existência de possíveis jazidas de petróleo.