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Alemães, judeus e turcos sob o mesmo teto

Christine Harjes (sm)5 de setembro de 2003

O projeto habitacional “Gartenstadt Atlantic”, em Wedding, bairro proletário de Berlim, chega perto da utopia de uma sociedade multicultural. Pelo menos em teoria.

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Projeto de reforma da "Gartenstadt Atlantic"Foto: s.t.e.r.n.

Berlim, Wedding: muitos desempregados, ruas desoladas, cortiços. O bairro não é dos mais bem cotados da capital alemã. Um ambicioso projeto pretende mudar isso: “Gartenstadt Atlantic” resulta da reforma do conjunto de edifícios operários construídos em 1928 pelo arquiteto judeu-alemão Rudolf Fränkel. Na época, os apartamentos eram destinados a famílias de classe baixa. O aspecto social do projeto permaneceu. Agora a meta é criar uma área de convivência entre alemães, judeus e turcos.

“Gartenstadt Atlantic” compreende 500 apartamentos, dos quais aproximadamente 250 já passaram pelas reformas necessárias. A segunda metade será saneada nos próximos meses. Mas a renovação não deverá afetar apenas a fachada dos edifícios. Os proprietários sonham com uma convivência harmônica entre alemães e estrangeiros. Trinta por cento dos moradores não têm passaporte alemão. Um projeto ambicioso.

Sociedades paralelas?

As diferenças culturais são evidentes. Às oito da noite, crianças turcas ainda estão brincando no playground, esperando as mães chamarem, enquanto as alemãs já estão de pijama na cama. Apenas uma entre tantas diferenças culturais. Apesar de todos os comunicados e avisos serem escritos em alemão e turco, a barreira lingüística não é a única.

Embora muitos turcos vivam na Alemanha há mais de 30 anos, grande parte tem muito pouco contato com vizinhos ou colegas de trabalho alemães. Uma infra-estrutura própria, com lojas, médicos e cafés turcos, facilita a vida num microcosmo. Políticos, sociólogos e urbanistas advertem contra o surgimento de sociedades paralelas.

Iniciativa judaica

Mas o projeto “Gartenstadt Atlantic” não deverá colocar apenar alemães e turcos sob o mesmo teto. A cultura judaica também terá seu espaço. Os proprietários são uma família de judeus alemães que teve seus bens confiscados pelos nazistas e conseguiu comprar de volta as ações do conjunto habitacional no início dos anos 60. No início do ano, o jornal judaico-alemão Aufbau, publicado em Nova York, instalou sua primeira redação local no edifício.

Irene Armbruster, redatora-chefe da sucursal de Berlim, comenta que convivência desperta a curiosidade, fazendo com que as pessoas se aproximem pouco a pouco. Mas a meta dos administradores do conjunto é mais ousada: eles planejam um verdadeiro centro de convivência multicultural, com cursos de alemão para moradores estrangeiros, bolsas de estudo para artistas jovens e eventos culturais regulares.