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Alemanha se arma contra o terrorismo

Peter Hille (ca)27 de novembro de 2015

Após recentes atentados em Paris, Berlim reage com mais policiamento e vagas em órgãos de segurança. Número de indícios sobre possíveis atentados e de cidadãos considerados "perigosos" vem aumentando, dizem autoridades.

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Foto: picture-alliance/dpa/F. Gambarini

Trinta ovelhas soltas sobre trilhos de trem perto de Kassel – a polícia federal alemã tem que lidar até mesmo com essa "interferência perigosa no transporte ferroviário", diz em nota. As autoridades estão investigando. Mas eles e seus colegas da polícia e dos serviços de inteligência estão mais preocupados com os chamados "perigosos", ou seja, pessoas que poderiam estar dispostas a praticar um ataque terrorista. No que se refere a esses "perigosos", as autoridades estão bem menos disponíveis a prestar informações do que no caso de ovelhas e semelhantes animais inofensivos.

O máximo que Holger Münch, presidente do Departamento Federal de Investigações da Alemanha (BKA), deixa vazar é que o número de "perigosos" aumentou muito, particularmente por meio do fortalecimento do "Estado Islâmico" (EI). "Desde a proclamação do chamado califado, vemos isso num volume bem maior", informou Münch à emissora pública alemã ARD. "Temos classificado dessa forma [como "perigosos"] um número muito maior de repatriados que voltaram da Síria [...] Esse é um fado enorme, sem dúvidas."

Muitas autoridades, muitas pistas

As autoridades estão sobrecarregadas com isso? Não, disse o chefe do BKA, pois mesmo os "perigosos" não podem e não devem ser controlados 24 horas por dia, contanto que eles não estejam pondo em prática nenhum plano de atentado. Há mais de 40 diferentes órgãos de segurança na Alemanha, sendo a cooperação e a troca de informações entre eles decisivas na defesa contra ataques terroristas.

Por exemplo, o Departamento Estadual de Investigações do estado do Sarre sabe quando o BKA recebe indícios de que um islamita violento poderia deixar a França? Isso é tarefa do "Centro Conjunto de Combate ao Terrorismo". Desde 2004, o centro garante que funcionários da polícia e dos serviços secretos federais e estaduais se reúnam em Berlim. Um porta-voz do Ministério do Interior disse à DW que, atualmente, os trabalhos ali seriam "muito intensos" e que "o número de indícios" seria muito alto, ou seja, ultimamente o centro tem recebido uma grande quantidade de pistas sobre possíveis atentados.

Innenminister de Maizière und BKA-Chef Münch bei der BKA-Jahrestagung
Ministro do Interior, Thomas de Maizière, e chefe do BKA, Holger MünchFoto: picture-alliance/dpa

Falta de colaboração

No entanto, o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, não está satisfeito, até agora, com o intercâmbio de informações através das fronteiras nacionais europeias. Milhares de "viajantes jihadistas" do "Estado Islâmico" poderiam planejar atentados na Europa, declarou De Maizière no encontro de ministros europeus do Interior e da Justiça, na semana passada. "E, por esse motivo, precisamos saber quem voa para a Europa, quem volta para o continente. Para que possamos reagir."

Até agora, somente cinco dos 28 países-membros da União Europeia (UE) alimentam um banco de dados conjunto com informações sobre os chamados "combatentes estrangeiros". "Então, não seria de se admirar se a troca de informações não funcionar", reclamou De Mazière. Futuramente, controles nas fronteiras externas da UE deverão conter os combatentes repatriados provenientes da Síria. Até o fim do ano, a Comissão Europeia deverá apresentar uma proposta para a respectiva alteração no código das fronteiras do espaço Schengen.

Segurança reforçada

Do ponto de vista dos alemães, uma coisa mudou particularmente desde os atentados de Paris no último dia 13 de novembro: nos aeroportos, nas estações ferroviárias e em frente aos estádios de futebol veem-se policiais com metralhadora na mão. Normalmente, eles carregam somente pistolas visíveis no cinto. "Nível de alerta de terrorismo" verde, amarelo ou vermelho, como nos Estados Unidos, não existe na Alemanha. Segundo os responsáveis, isso aumentaria ainda mais o medo das pessoas. No entanto, mais policiais nas ruas e praças, equipados com armas automáticas, é um sinal claro de que as autoridades partem do princípio de uma forte ameaça.

Spezialeinheit GSG 9 Bundespolizei Wiesbaden NSU
Treinamento do grupo especial de proteção de fronteiras GSG 9Foto: picture-alliance/dpa

"Além das medidas técnicas, a presença [de policiais] é um dos instrumentos mais fáceis para aumentar a segurança", afirmou Frank Friedrich, especialista em segurança, em entrevista à DW. "Tanto em termos da percepção da segurança, como também de forma mais objetiva." O governo alemão também aposta nisso: o ministro do Interior De Maizière prometeu abrir 4 mil vagas para os órgãos de segurança do país em 2016.

Somente 15 tiros

No entanto, raramente policiais alemães estão equipados para enfrentar terroristas que sabem lidar com kalashnikovs e rifles automáticos. As viaturas não são blindadas, e geralmente eles não usam coletes à prova de balas ou capacetes. Além disso, a falta de munição por si só torna difícil um longo tiroteio. Os policiais federais alemães não carregam consigo cartuchos de substituição – 15 tiros de pistola devem ser suficientes.

No entanto, as unidades estaduais de polícia também dispõem de alguns comandos fortemente armados em ação. Além disso, em nível federal, há o "grupo de proteção de fronteiras" ou GSG 9, que atua contra atentados terroristas e tomada de reféns. Mas se vários atentados ocorressem ao mesmo tempo, essa unidade especial também não conseguiria chegar a tempo a todos os locais de crime.

Por esse motivo, o governo em Berlim pretende criar cinco novas unidades policiais em nível federal até o fim de 2016. Elas deverão ser mais bem armadas e equipadas do que as polícias de choque regulares. De acordo com o Ministério alemão do Interior, dentro de um mês, uma tropa antiterror composta de 50 homens será estacionada em Blumberg, nos arredores de Berlim.